Histórico de actividades 2012
- 08-12-2012 - Festa de Natal 2012
- 27-10-2012 - Prémios escolares 2012
- 28-09-2012 - Notáveis da Maia - Luís de Magalhães
- 22-09-2012 - Visita cultural a Amarante
- 08-09-2012 - Visita a Guimarães - Capital Europeia da Cultura
- 09-07-2012 - Notáveis da Maia - Gonçalo Mendes da Maia
- 07-07-2012 - Visita cultural à Foz de Raúl Brandão
- 30-06-2012 - Notáveis da Maia - Ghilhermina Suggia e Eurico Thomaz de Lima
- 11-06-2012 - Através de moinhos e açúdes
- 9 e 10-06-2012 - Viagem a Ribadavia e Orense
- 26-05-2012 - Notáveis da Maia - Augusto Martins
- 19-05-2012 - Ano Europeu do Envelhecimento Activo
- 27-04-2012 - Notáveis da Maia - Fernando Silva Campos
- 21-04-2012 - 2º aniversário do Clube UNESCO da Maia
- 18-04-2012 - Dia Internacional dos Monumentos e Sítios
- 14-04-2012 - Caminhos de Santiago nas terras da Maia
- 31-03-2012 - Visita cultural a Braga
- 24-03-2012 - Dia Mundial da Água
- 21-03-2012 - Dia Mundial da Poesia
- 25-02-2012 - Visita cultural a Vila do Conde
- 17-02-2012 - Notáveis da Maia - Joaquim de Vasconcelos e Carolina Michaelis
- 27-01-2012 - Notáveis da Maia - Visconde de Barreiros
- 21-01-2012 - Visita ao Museu Soares dos Reis e à Fundação Serralves
- 13-01-2012 - Dia Mundial da Paz
-
08-12-2012 - Festa de Natal 2012
Um dos eventos mais festivos do clube, o almoço de Natal 2012
70 associados e simpatizantes do clube participaram no almoço de natal em convívio a todos os títulos memorável.
O evento iniciou-se com uma comunicação do dr Óscar Bártolo, vice presidente do clube que dissertou sobre os Direitos do Homem pondo em evidência os 4 itens seguintes:
- DE QUE FALAMOS, QUANDO FALAMOS DE DIREITOS HUMANOS?
- OS DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA.
- MEIOS DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS, NO ORDENAMENTO JURÍDICO PORTUGUÊS.
- CASOS DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.Leitura musicada de alguns dos artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem pelos associados Dra Lurdes Bártolo, Engº Normando Faria ; musicados pelo Dr Domingos Mateus.
O presidente do clube referiu que a atmosfera do almoço de Natal são os direitos do homem, uma das várias prioridades da Unesco para os próximos 4 anos.
Devemos ter em consideração que em boa parte esses direitos são epifenómenos da doutrina que hoje aqui recordamos.
A mensagem de Natal é dirigida a todos os homens: de boa e má vontade.
Se todos filhos de Deus, todos irmãos com igualdade de direitos e deveres
O dia 25 era uma grande festa no tempo dos romanos: o solstício de Inverno que marcava o triunfo da luz sobre as trevas.
Este quadro recorda abundantemente o paradigma dos direitos do homem, da criança nos artigos mais importantes.
Alguns exemplos: liberdade, justiça e a paz (Preâmbulo da Declaração).
Todos são iguais perante a lei.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Todo o indivíduo tem deveres para com a comunidade.
Ninguém sofrerá intromissões na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio.
Da declaração universal dos direitos da criança registemos o artigo 6º Os estados partes reconhecem à criança o direito inerente à vida.
Nos direitos do homem há a diversidade cultural, nos postulados do natal há a diversidade religiosa.
Paradigma em tudo semelhante, embora com fundamentação diversa (religiosa de um lado, filosófico-política do outro).
Cruzar o Natal com estes princípios
Em Roma dies natalis lucis ou natale solis invicti no dia 25 de Dezembro. Era o nascimento da luz ou do sol. Cristianização de uma festa pagã… (Pelo século 4º)
Por fim, apresentação, pelo Teatro Art ´Imagem, de alguns quadros do espetáculo: “As veias abertas da Humanidade de amor e guerra”, textos de Eduardo Galiano; encenação de José Leitão.
Raul da Cunha e Silva
-
27-10-2012 - Prémios escolares 2012
O Clube UNESCO da Maia entrega prémios na Escola Secundária da Maia
No dia 27 de Outubro procedeu-se em sessão solene à entrega de prémios aos alunos que quer em pintura, quer em composição literária ,foram contemplados pela qualidade dos trabalhos apresentados segundo os critérios definidos no início do ano lectivo.
3 foram os prémios para pintura e 3 para texto na importância respectivamente de 150 euros, 100 e 50 para o primeiro, segundo e 3º de cada uma das áreas contempladas.
Entrega de prémios
Texto escrito:
1º prémio entregue por Prof. Dr. Raul da Cunha e Silva
2º prémio por Dtr.ª Olga Castro
3º prémio entregue por Dr Jorge Oliveira (Presidente da Federação Portuguesa das Associações de Clubes Unesco)Pintura:
1º prémio entregue por Dtr.ª Helena
2º prémio por Arqº Artur
3º prémio não foi entregue.Aos restantes participantes foi entregue um livro de "Moinhos do Leça" e um diploma de participação.
Houve várias intervenções alusivas ao momento das quais gostaria de relevar a do presidente do clube.
“Em 21 de outubro do ano findo neste espaço em cerimónia simples mas carregada de sentido procedemos à atribuição de prémios monetários a 3 alunos que se dispuseram a trabalhar com o clube Unesco da Maia.
Na oportunidade referimos o significado do acrónimo Unesco. Tínhamos em mente a coincidência simbólica entre duas realidades bem distintas:
Uma organização mundial e uma local. A universal que tem como meta a cultura, a educação e a ciência; a local que ex officio procura a arte de ensinar, de educar e de produzir cultura.
Estamos a falar do clube Unesco da Maia e da escola secundária da Maia ou para sermos mais exatos do agrupamento escolar da Maia. Ambos locais maiatos mas com objetivos que ultrapassam o seu espaço físico.
Aqui semeia-se, lá fora e mais tarde colhe-se.
A Ciência está para a vida como o fermento para o pão!..Sem massa, sem moinhos, sem padeiros não há pão, sem pão não há vida . Também sem ensino não há cultura nem ciência. A escola é o moinho. Os professores são os moleiros e os padeiros: os alunos, o cereal e a massa, o fermento, o ensino, a ciência, o pão da vida.
Metáfora poderosa que coloca no mesmo paradigma o moinho-fonte de vida e a escola fonte de cultura que é vida.
Acabámos de atribuir prémios em cheques Fnac com os seguintes objetivos:
- Aproximar cada vez mais estas duas entidades(Clube e escola)
- Entusiasmar professores e alunos pelo valor inestimável da educação.
- Investigar o património imaterial e material da Maia.”Raul da Cunha e Silva
-
28-09-2012 - Notáveis da Maia - Luís de Magalhães
O clube UNESCO da Maia, em colaboração com a junta da freguesia de Moreira e da Biblioteca municipal, bem como do museu arqueológico do Castelo organizaram uma tarde cultural em memória do conselheiro Luís de Magalhães que teve essencialmente três grandes momentos:
- Visita ao Convento de Moreira onde a Dra. Liliana, do museu arqueológico do Castelo, proferiu uma intervenção explicativa do mesmo.
- A Quinta do Mosteiro vista por Eça de Queiroz. Texto do Prof. Doutor Esteves Rei.
- Luís de Magalhães (Dados biobibliográficos – síntese).Comunicação muito esclarecida da mestre Dra. Lurdes da Cunha e Silva proferida no salão nobre da Junta da freguesia da Maia.
A concluir a sessão o presidente do clube prof. Dr Raul da Cunha e Silva relevou a acção de Luís de Magalhães a favor da cultura e do debate, enalteceu a qualidade dos intervenientes, como, dr.a Liliana, o prof dr. Esteves Rei e a Mestre Lurdes da Cunha e Silva.
Recordou também todos quantos como verdadeiras FORMIGAS TRABALHAM IN CESSANTEMENTE para a realização do evento e dignificação do clube.
Há que não esquecer que a Unesco, tem como seus grandes objetivos a educação, a ciência a cultura para construir a paz.
Por isso o Clube Unesco da Maia continua a semear cultura num quadro de socialização entre sócios e amigos com acções culturais em que se inserem os Notáveis da Maia.
Recordá-los é recordar a história. Manter viva a memoria daqueles que por ações generosas foram moldando a alma desta terraRaul da Cunha e Silva
-
22-09-2012 - Visita cultural a Amarante
O Clube UNESCO da Maia realizou no dia 22 de Setembro uma visita cultural a Amarante para conhecer as consequências das invasões francesas nessa cidade, bem como a pintura, escultura e literatura amarantinas dos séculos XIX e XX.
Apraz-nos trazer à colação que a “ Princesa do Tâmega” é uma cidade belíssima situada entre o rio Tâmega e o Marão, que faz evocar as divindades fluviais (como as do Nilo e as do Norte da Europa) e as da montanha, lugar por excelência da hierofania.
Há por isso um certo ar de misticismo religioso em terras de Amarante que aliado ao seu riquíssimo património românico e à fertilidade exuberante da natureza confere à cidade uma beleza surpreendente.
Durante a viagem fez-se uma breve resenha da relação da Cidade com a paisagem envolvente, recorrendo à leitura de textos adequados.
Guiados por uma funcionária da Câmara Municipal de Amarante visitámos:
a) O museu Amadeo de Souza- Cardozo que reúne materiais respeitantes à história local e recorda artistas e escritores nascidos em Amarante como Amadeo de Souza-Cardoso,, António Carneiro, António Cândido, Teixeira de Pascoais, entre outros. Para além da contemplação da pintura e escultura expostas no magnífico museu municipal, podemos apreciar os Diabos de Amarante, duas figuras (uma masculina, outra feminina) negras , de aspeto pagão que foram queimadas por Loison em 1809, posteriormente replicadas e agora expostas no museu .
b) Visitámos ,seguidamente, a sacristia da Igreja de S. Gonçalo onde podemos observar telas danificadas pelas baionetas dos franceses que procuravam ouro escondido. Aliás, Amarante tem sinais indeléveis da selvajaria das tropas do general Loison. Basta ver o solar dos Magalhães incendiado do qual só restam as paredes .
c) O monumental convento de S. Gonçalo que começou por ser uma igreja fundada por S. Gonçalo de Amarante, nos fins do século XII, transformada no seculo XVI num grande mosteiro com a construção do convento de S. Gonçalo atesta a grande importância do santo no desenvolvimento de Amarante, mas a existência desta cidade, segundo as Inquirições, é anterior.
d) No largo de S. Gonçalo, casamenteiro das velhas , o presidente do clube fez uma breve exposição sobre António Cândido, a águia do Marão, referindo os seus dotes de grande orador sacro e parlamentar, de político, deputado, ministro, par do reino. Referiu um discurso que ele fez em 1909, aquando da visita de D. Manuel a Amarante para celebrar o 1º centenário da batalha da ponte de S. Gonçalo, focando os 14 longos dias de heroica resistência aos ataques do maneta Loison, findos os quais a ponte foi para o maneta.
e) Falou-se de Artur Carlos de Barros Basto participante ativo na implantação da República em Portugal. Foi ele que hasteou a bandeira da República, na cidade do Porto, fundou o instituto teológico israelita e a comunidade judaica nessa cidade.
Barros Basto foi expulso do exército por participar nas cerimónias de circuncisão dos alunos do instituto teológico israelita do Porto.
50 anos após a sua morte, o nome do Capitão Artur Carlos de Barros Basto haveria de ser formalmente reabilitado.
Fizemos posteriormente uma visita pedonal ao centro histórico, observando as casas brasonadas, a casa onde nasceu Teixeira de Pascoaes, a igreja de S. Pedro, a Misericórdia, o solar incendiado dos Magalhães de que restam apenas as paredes como memória das atrocidades das tropas de Loison.
Visitámos o solar de Pascoais sendo recebidos por familiares do escritor. A Dr.a Ana Alice apresentou a biografia de Teixeira de Pascoaes, o seu percurso biográfico, considerando-o um caso à parte na história da poesia portuguesa pela sua dimensão místico-metafísica e pelo subjetivismo e idealismo crítico. Abordou o seu pensamento como filósofo, cofundador da revista Águia reconhecendo a Saudade como marca caracterizadora do génio lusitano. Percorremos o Terreiro Grande, a Fonte do Silêncio, a Fonte dos Golfinhos. Aqui, mais uma vez, se fez referência ao carácter de Teixeira de Pascoaes, ao seu pensamento, à sua visão do mundo visto pela sua obra e por textos lidos por associados.Raúl Cunha e Silva
-
08-09-2012 - Visita a Guimarães - Capital Europeia da Cultura
No dia 8 de Setembro de 2012 o Clube Unesco da Maia visitou Guimarães, a Capital Europeia da Cultura.
Na cidade –berço pudemos admirar o imponente castelo de Guimarães bem como o Paço dos Duques de Bragança.
O que resta do castelo causa admiração, como monumento ao granito, à nossa história e às origens de Portugal.
O paço dos duques de Bragança construído por Dom Afonso em 1422 viveu, ao longo da história, várias vicissitudes e o que dele resta hoje é digno de admiração. Grosso modo, Integra um conjunto de monumentos representativos de que podemos destacar o castelo, a igreja de S. Miguel (onde terá sido batizado dom Afonso Henriques), as muralhas, a estátua do rei D. Afonso Henriques.
O paço ducal com as suas 39 imponentes chaminés é residência oficial do Presidente da República, aquando das suas visitas ao Norte do País.
Seguidamente a nossa guia levou-nos a visitar:
A Praça de Santiago, o Largo da Oliveira, a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira edificada por D. João Primeiro, Domus municipalis (século XIV obra de D. Manuel) e o Padrão do Salado erguido no século XIV por iniciativa de D. Afonso IV para comemorar a vitória do Salado em 1340, verdadeiras maravilhas de Guimarães medieval e quinhentista.
Espaços muito animados em termos de cultura, restauração e turismo.
Da parte de tarde passámos no Toural. Sinceramente eu que o conhecia de longa data não admirei minimamente a transformação de belíssimos jardins no hino ao granito como vem acontecendo noutras cidades de Portugal. De registar a frente manuelina com as muralhas da cidade, a igreja de S. Francisco.
A visita ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães foi outro grande momento deste dia.
Sob o tema: PARA ALÉM DA HISTÓRIA podemos admirar:
Alfabeto africano
Arte tribal
As Máscaras
Arte Pré-colombiana
Arte Chinesa antigaA terminar a viagem, o palácio de Vila Flor onde tivemos o privilégio de contemplar espaços de pintura, a fotografia, as relações entre pintura e fotografia, pinturas célebres de Michael Borremans, Angela de la Cruz e outros.
Tanto a exposição como o próprio palácio de Vila Flor causaram-nos grande admiração.
Como conclusão podemos dizer que o clube Unesco da Maia passou uma tarde cultural extremamente relevante.
Raúl Cunha e Silva
-
09-07-2012 - Notáveis da Maia - Gonçalo Mendes da Maia
Professor Luís Carlos Amaral destaca contributo dos Mendes da Maia para a formação de Portugal
Na noite de 9 de Julho, dia de Nossa Senhora do Bom despacho e feriado municipal, cerca de cem maiatos assistiram a mais uma conferência sobre os Notáveis da Maia organizada pelo Clube Unesco da Maia, em colaboração com a Biblioteca Municipal, no Auditório da Feira do Livro.
Desta feita o notável da Maia foi Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador e o orador convidado o professor Luís Carlos Amaral, especialista em História da Alta Idade Média da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que foi apresentado pelo professor Jorge Alves.
O orador reconheceu a raridade de fontes historiográficas sobre Gonçalo Men-des da Maia, mas destacou o importante papel desempenhado pela linhagem dos Mendes da Maia na afirmação da identidade nacional. Esta linhagem (família), assim como as dos Sousa, Braganções, Baião e Ribadouro, enriquecida nas campanhas da reconquista cristã e fortemente ligada à sua terra não aceitou de bom grado a aliança de D. Teresa com os nobres galegos para ganhar peso político face ao reino de Leão e Castela onde se integrava o Condado Portucalense e apoiaram o jovem Afonso Hen-riques na Batalha de São Mamede.
O desejo desta família, da pequena nobreza local, de engrandecer os seus domínios e autonomizar-se quer em relação a Leão e Castela, quer em relação à Gali-za, em conjunto com outras já referidas, que usam o nome das suas terras para se identificarem, foi decisivo no processo que conduziu à independência de Portugal.
Luís Amaral destacou a ação de Soeiro Mendes da Maia e do seu neto Paio Mendes, irmão de Gonçalo e arcebispo de Braga, no jogo político-militar de promoção da identidade portucalense e de Afonso Henriques contra galegos e castelhanos.
Tratou-se de mais um excelente serão, na linha de tantos outros já promovidos pelo CUMA e pela Biblioteca Municipal, que muito têm contribuído para a formação cívica e cultural dos maiatos.
A terminar a sessão, usaram ainda da palavra o vereador Paulo Ramalho e o Presidente do CUMA, Raul Cunha e Silva que sublinharam o mérito desta iniciativa e enalteceram a erudição e qualidades oratórias de Luís Carlos Amaral.
Paulo Melo
-
07-07-2012 - Visita cultural à Foz de Raúl Brandão
No dia 7 do mês de Julho, o Clube UNESCO da Maia realizou uma visita cultural com o objectivo de conhecer a Foz Velha, ambiente da infância de Raúl Brandão, tendo presente a evolução histórica e social da freguesia.
"Na Cantareira, num cantinho, adormece a fonte de granito doirado", diz Raúl Brandão. Por aí começámos a visita e fomos apreciando alguns locais da Cantareira como a capela-farol de S. Miguel-o-Anjo, não deixando de realçar a importância de D. Miguel da Silva para prestígio de Portugal e benefício da Foz do Douro.
A História desta freguesia foi sendo contada, relacionando-a com os locais observados, acompanhando com a leitura de textos apropriados.
Passando pela Capela da S.ra da Lapa e pelos interessantes imóveis da R. do Passeio Alegre, subimos a calçada de Serrúbia, não sem referir a figura de Eugénio de Andrade e parámos na casa de Raúl Brandão, onde foi lido um texto deste autor. Em seguida, visitámos a magnifica igreja matriz de S. João da Foz do Douro, preciosidade artística.
Referenciando outros lugares de interesse associados a Raúl Brandão e a outros nomes da nossa literatura, visitámos ainda o Forte de S. João da Foz do Douro tendo apreciado a sua imponência e valor arquitectónico, bem como as ruínas renascentistas do tempo de D. Miguel da Silva. Prosseguimos a nossa visita até à R. P.e Luís Cabral, sempre anotando os pontos de interesse.
Após o almoço-convívio seguimos pela beira-mar, atentando nos molhes e em toda a envolvente do Jardim do Passeio Alegre. Junto do Monumento a Raúl Brandão foram lidos os seguintes textos:
"A Foz é para mim a Corguinha, o Castelo e o Monte com o rio da vila a atravessá-lo, e a Rua da Cerca até ao Farol. O que está para lá não existe..Só me interessa a vila de pescadores e marítimos que cresceu naturalmente como um ser, adaptando-se pouco e pouco à vida do mar largo. E ainda essa Foz se reduz cada vez mais na minha alma a um cantinho - a meia dúzia de casas e de tipos que conheci em pequeno, e que retenho na memória com raízes cada vez mais fundas na saudade, e mais vivas à medida que me entranho na morte."
Abril - 1920
Raúl Brandão - Os Pescadores"E é da gente ignorada que levo as maiores impressões da existência. Foram os pobres que me obrigaram a pensar - foi a série de figuras toscas que encontrei na estrada, duma realidade tão grande que nunca consegui afastá-las da minha alma. Ainda hoje desfilam diante de mimos mortos e os vivos..Não posso esquecê-los: parece que todos eles esperam alguma coisa de mim."
Raúl Brandão
Memórias/ Vol. I (Tomo III)De seguida, percorremos o jardim procurando relevar a forma como foi construído, a sua vegetação e os elementos que lhe servem de ornamento.
Chegados aos "obeliscos da Prelada" demos por terminada visita que decorreu num ambiente de agradável convívio.
Este evento foi orientado pela associada Manuela Baptista e teve a colaboração dos associados Ana Alice e Artur Baptista.
-
30-06-2012 - Notáveis da Maia - Ghilhermina Suggia e Eurico Thomaz de Lima
Artigo publicado no Jornal Primeira Mão a 03.07.2012
Numa iniciativa do Clube UNESCO da Maia, realizou-se na passada sexta-feira, no auditório da Feira do Livro da Maia, organizada pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal, evento integrado na programação oficial das Festas do Concelho em Honra de Nossa Senhora do Bom Despacho, uma conferência proferida por Victor Dias, crítico musical, programador artístico e Maestro dos Pequenos Cantores da Maia.
Na apresentação do conferencista, o presidente do Clube, Raul Cunha e Silva, salientou as qualidades artísticas do orador, dando particular relevo à sua capacidade de comunicação e ao seu poder de análise crítica, facto que lhe valeu ter sido convidado pelo Maestro António Victorino de Almeida, para escrever as notas destinadas ao "booklet" que acompanha o seu mais recente CD, com obras inéditas e originais, editado com o alto patrocínio da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República.
Guilhermina Suggia
Victor Dias começou por aludir ao ambiente familiar em que Guilhermina Suggia nasceu, estabelecendo algumas relações de nexo de causalidade, com vários exemplos de grandes vultos da História da Música, para cujo sucesso foi determinante a vivência cultural, artística e musical com que foram acolhidos desde o berço, citando expressamente o caso de Wolfgang Amadeus Mozart. Tal como o pai do génio de Salzburg, também o pai de Guilhermina, Augusto Suggia era músico e professor, tendo sido o seu primeiro mestre, acrescentou Victor Dias.
Após este primeiro enquadramento familiar, houve uma abordagem relativamente consistente sobre o meio cultural e sobre a vida artística e musical do Porto da primeira metade do século XX, com referências à família Moreira de Sá, concretamente ao grande músico e dinamizador artístico da capital nortenha que foi, Bernardo Valentim Moreira de Sá, também ele Mestre e amigo da violoncelista.
Por fim, o conferencista apresentou um trabalho de pesquisa de críticas musicais publicadas nos mais prestigiados jornais de referência das grandes capitais culturais por onde a artista pisou palcos, seleccionando os textos que melhor descreveram o estrondoso êxito de que se revestiram sempre os seus concertos em toda a Europa.
Eurico Thomaz de Lima
A grande surpresa foi a audição de um CD com gravações históricas de Guilhermina Suggia, editado em Londres, dando aos presentes que lotavam o auditório, a possibilidade de partilharem a audição de uma interpretação magistral do Concerto de Haydn, em Ré Maior, para violoncelo e orquestra, momento que foi calorosamente aplaudido pelo público, um público visivelmente emocionado com essa experiência rara.
A segunda parte foi inteiramente dedicada ao pianista, pedagogo e compositor Eurico Thomaz de Lima, de quem o palestrante juntou as pontas que o ligavam a Suggia.
Desde logo começou por sublinhar os aspectos comuns num e noutro caso, realçando o facto do pianista também ter nascido num ambiente familiar de muita Música, em virtude do seu pai, António Thomaz de Lima, ser professor de violino no Conservatório Nacional.
Outros fios condutores que ligavam os dois artistas radicam na personalidade de Viana da Motta, professor de Eurico, que o levou ao mais alto nível que se pode obter nos exames do Conservatório, aprovação com Distinção e Louvor, classificação com que saiu do seu exame final do curso de Piano. Viana da Motta foi também amigo de Guilhermina Suggia, com quem tocou por diversas vezes, encontro artístico que sucedeu igualmente com o então jovem pianista.
Do seu discípulo, Eurico Thomaz de Lima, disse José Viana da Motta: "[...] Possui qualidades artísticas excepcionais, fina musicalidade que lhe permite penetrar inteligentemente o sentido das obras que executa, perfeição técnica, excelente sonoridade, maleabilidade de interpretação e a maior probidade artística [...]".
Tal como fizera com Guilhermina, Victor Dias, invocou as qualidades humanas, musicais e artísticas de Eurico Thomaz de Lima, também ele um virtuoso, senhor de uma técnica pianística muito apurada que punha ao serviço da interpretação, numa rigorosa fidelidade ao texto originalmente escrito pelos compositores.
A vida na antiga Vila da Maia que tantos artistas atraiu, pela ruralidade do seu ambiente humano e social, servido por uma paisagem, nesses tempos, ainda pouco urbanizada, foi outro aspecto tratado na conferência, na perspectiva de que os artistas encontravam por estas paragens, a quietude e tranquilidade que contrastava com o bulício da urbe portuense.
A sessão terminou com a audição de várias obras do compositor Eurico Thomaz de Lima, extraídas do primeiro CD editado pela Câmara Municipal da Maia, na comemoração do Centenário do seu nascimento, em 2008 e do mais recente, gravado pela Antena 2.
É de assinalar a presença na primeira fila, do filho do compositor, Eurico Adolfo Thomaz de Lima.
No final da conferência foram muitos os presentes que quiseram cumprimentar e felicitar pessoalmente o orador, pela forma como conduziu o evento.
-
11-06-2012 - Através de moinhos e açúdes, pelo rio Leça adentro...
Onde se falou de Carolina michaelis
Artigo publicado no blog Crescer da Escola Secundária de Águas Santas
No âmbito dos Dias do Departamento de Ciências Sociais e Humanas teve lugar no Auditório da nossa Escola um interessante colóquio, cujo tema central foi o rio Leça por terras de Águas Santas através dos seus moinhos, açudes, levadas e caneiros existentes nas suas margens.
Promovido pelo Grupo Disciplinar de Geografia, o referido evento contou com as presenças de três membros do Centro UNESCO da Maia, professoras Lurdes Graça, Fátima Carvalho e Ana Alice que falaram sobre a importância da preservação do património natural local em toda a bacia do rio Leça.
O Leça é um rio português que nasce junto ao Monte Córdova, em Santo Tirso. A bacia do rio Leça tem uma área de 189,9 km² e apenas 44,8 quilómetros de comprimento para o curso de água principal, passa pelas freguesias de Refojos de Riba de Ave, Lamelas, Reguenga, Água Longa (Santo Tirso), Alfena, Ermesinde e Águas Santas, indo desaguar no porto de Leixões, em Matosinhos. Uma significativa parte do seu estuário atravessa a freguesia de Águas Santas.
Junto às margens do rio Leça, na freguesia de Águas Santas, existia uma casa de campo pertencente à família de Joaquim Vasconcelos, marido de Carolina Michaelis considerada como a mais importante das filólogas da língua portuguesa. Após o seu casamento com Joaquim António da Fonseca Vasconcelos, musicólogo e historiador de arte, Carolina Michaelis, na sua casa de campo, em Águas Santas, promoveu encontros literários com alguns dos mais relevantes vultos da literatura portuguesa da segunda metade do século XIX, designadamente Antero de Quental, José Leite de Vasconcelos, Trindade Coelho, Sousa Viterbo e Conde de Sabugosa.
-
9 e 10-06-2012 - Viagem a Ribadavia e Orense
De 9 a10 de Junho o Clube Unesco da Maia visitou Ribadavia, Ourense e Celanova,na Galiza,
Numa viagem muito agradável e de forte convívio foi-nos possível apreciar as ruínas do castelo dos condes de Ribadavia, fazer uma visita panorâmica a esta vila medieval que chegou a ser a capital da Galiza, observar suas funções. e ver uma feira galega dos sábados bem semelhante às nossa feiras nortenhas. ,a rota dos judeus sefardins, com a sua judiaria e sinagoga E com estávamos na zona vitícola mais famosa e antiga da Galiza não poderíamos passar sem visitar a adega dos vinhos Ribeiro onde degustámos o precioso líquido.
De tarde prosseguimos a viagem para Ourense, a 3ª maior cidade galega. Fizemos uma breve visita panorâmica à cidade do ouro com a instalação no hotel, jantar e dormida.
No dia seguinte, dia do Corpus Christi foi-nos possível admirar uma procissão muito típica, a Sé, "as Burgas"fontes termais de água quente à temperatura de setenta graus (antigamente iam lá depenar os frangos...),a Praça Maior (as cidades espanholas tem uma praça maior), a Capela do Santo Cristo com as sibilas de Miguel Ângelo entre as quais a da Cuma, o centro histórico.
No regresso visitámos o convento beneditino de Celanova (impressionante pela sua grandeza), fundado por s. Rosendo, natural de Santo Tirso.
As portas do convento e da sua maravilhosa igreja foram abertas pela presidente da Câmara.
Por Lindoso regressámos a penates com o espírito reconfortado.
Raúl Cunha e Silva
-
26-05-2012 - Notáveis da Maia - Augusto Martins
O Clube UNESCO da Maia no âmbito da sua programação levou a efeito no passado dia 26 de maio e em parceria com a Biblioteca Municipal Doutor José Vieira de Carvalho, a conferência "Notáveis da Maia: "Augusto Martins - vida e obra", proferida pela Dra. Fernanda Faria e pelo Eng.º Normando Faria. Esta conferência insere-se num ciclo de atividades promovidas por aquele clube, as quais pretendem destacar figuras relevantes, que de algum modo, marcaram o desenvolvimento e a identidade da Maia.
Dr. Augusto Martins nasceu a 31 de maio de 1885,na freguesia de Nogueira do concelho da Maia. Depois de frequentar a instrução primária e o ensino liceal no Liceu Nacional Central do Porto, ingressou na Academia Politécnica, tendo concluído o Curso de Habilitação para o Magistério Secundário deMatemáticas, Ciências Físico-Químicas e Histórico-Naturais e Desenho,em 23 de junho de 1910, perante um júri constituído por Adolfo Coelho, Queiroz Veloso e Silva Cordeiro.
Iniciou a atividade docente no ano lectivo de 1910-1911 no Liceu Rodrigues de Freitas (Porto), onde voltou a lecionar em 1912-1913. Em 24 de maio de 1913, é nomeado professor efetivo do 5.º Grupo (Matemática) no Liceu Nacional Central de Camilo Castelo Branco em Vila Real. No ano letivo de 1915-1916, por decreto de 9 de Outubro de 1915,foi transferido para o Liceu Feminino do Porto, onde se manteve até ao ano letivo de 1925-1926. Por decreto de 4 de agosto de 1926, em virtude do governo da Ditadura Nacional ter determinado que o ensino dos liceus femininos seria administrado exclusivamente por professoras, foi transferido, a seu pedido, para o Liceu Rodrigues de Freitas.
Entretanto, já em 1919, por decreto de 23 de abril,fora nomeado para o corpo docente do Instituto Superior de Comércio do Porto, como professor ordinário da 1ª cadeira de Elementos de Álgebra Superior e Geometria Analítica. Por decreto de 18 de novembro de 1927, foi colocado como professor catedrático desse Instituto da 1ª cadeira de Matemáticas Superiores, Álgebra, Princípios de Análise Infinitesimal e Geometria Analítica.
Foi relevante a sua ação no Liceu Feminino do Porto (posteriormente denominado de Carolina Michaelis), onde, para além de ensinar, foi bibliotecário nos anos de 1915 a 1918 e desempenhou o cargo de reitor interino desde 7 de outubro de 1916 até 18 de março de 1919. Desde esta data até ao final do ano letivo de 1925-1926, foi eleito sucessivamente reitor efetivo. Para além de revelar as suas caraterísticas de pedagogo, fomentou a criação de uma associação de alunas, a Solidária, que teve como principal função a assistência escolar a alunas pobres, a quem oferecia os livros e pagava as propinas. A Solidária promovia anualmente a festa das alunas finalistas da 7ª classe, eventos que chegaram a atingir notoriedade na cidade com espetáculos realizados no teatro de S. João.
Quando ainda estudante, integrou o grupo denominado Amigos do ABC, formado por volta de 1908, no Porto, e que se propunha contribuir para a melhoria do estado educacional do país.
Em 1912, juntamente com Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, Leonardo Coimbra e outros, fundou a Renascença Portuguesa, movimento cultural portuguêscriado com o propósito de "dar conteúdo renovador e fecundo à revolução republicana". Para além de 2 publicações (A Águia e A Vida Portuguesa), este movimento criou Universidades Populares, tendo Augusto Martins sido o principal impulsionador da criação da Universidade Popular de Vila Real, em 1913.
Augusto Martins exerceu o cargo de vereador da Instrução, Biblioteca, Colégio dos Órfãos, Conservatório e Internato na Comissão Executiva da Câmara Municipal do Porto, de 1923 a 1925, tendo desenvolvido um trabalho digno de registo nos campos da assistência, da educação e das artes.
Desenvolveu atividade no âmbito editorial tendo organizado a Empresa Industrial Gráfica do Porto e criado as Edições Marânus.
Em 1928, com Pedro Vitorino e Cláudio Basto, fundou a revista Portvcale, revista ilustrada de cultura literária, científica e artística.
Augusto da Silva Martins faleceu no Porto, em 24 de Março de 1932, no Hospital Geral de Santo António, deixando uma obra pedagógica valiosa que inclui, para além de diversos manuais escolares, um conjunto de artigos que se encontra espalhado pelas publicações periódicas em que colaborou regularmente (A Águia, AVidaPortuguesa, ATribuna, Portvcale e Jornal Português, do Rio de Janeiro).
Os conferencistas: Dra. Fernanda e Dr. Normando, associados do Clube UNESCO da Maia
-
19-05-2012 - Ano Europeu do Envelhecimento Activo
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje a 13.07.2012
No ano europeu do Envelhecimento Activo o Clube UNESCO da Maia promoveu seminário sobre o tema
O núcleo de saúde do clube Unesco da Maia promoveu um seminário no dia 19 de Maio no Salão Nobre da junta da freguesia da Maia sobre "Envelhecimento".
A taxa do envelhecimento deve-se ao decréscimo de natalidade, e ao aumento da esperança média de vida que no nosso país é de 81 anos para as mulheres e 75 para os homens.
Ou seja, há 129 idosos por cada 100 jovens e um milhão e duzentos que vivem sós. Por isso, o Clube Unesco presta atenção a este problema e lutar por um envelhecimento activo que passe por uma alimentação saudável e exercício tanto físico como mental.
Nem toda a gente envelhece da mesma maneira, há muitas diferenças sob o ponto de vista biológico, psicológico e social.
A primeira apresentação teve como tema principal a alimentação. A alimentação dos idosos sem sérios problemas de saúde deve ser completa, equilibrada e variada, composta de alimentos fáceis de mastigar e engolir, privilegiando os frutos e vegetais e limitando a ingestão de gorduras saturadas para uma melhor saúde cardio vascular. Comer fibras para evitar a obstipação e beber bastantes líquidos.
Comer diariamente 4 doses de hidratos de carbono (arroz, batatas, pão) cinco ou mais doses de frutos e legumes, leite e produtos lácteos três vezes por dia (sem esquecer o leite gordo) e proteínas duas vezes por dia (carne e peixe mas também ovos ou feijão).
Terminados os conselhos alimentares, o tema do seminário centrou-se no exercício físico e mental. A palestrante lembrou que aos 20 anos o organismo humano está cheio de energia mas entre os 40 e 50 anos começa a ficar cansado e há redução de memória, perda de massa muscular e tendência para engordar. Há toda a vantagem numa actividade física regular. O Tai Chi e o Chi Kung são actividades aconselhadas para os mais velhos e na Maia há a vantagem de poderem ser praticadas gratuitamente uma vez que são financiadas pelo município.
Seguiu-se a intervenção de um pediatra, que abordou o apoio domiciliário, dizendo-se preocupado com a maneira como grande parte desse apoio funciona em Portugal. No seu entender, os técnicos envolvidos não podem estar apenas interessados em ganhar dinheiro, mas devem ser capazes de dar carinho e compreensão «porque o idoso precisa de falar e ser ouvido não pode ser tratado de qualquer maneira».
Ana Miguei Vieira de Carvalho, vereadora da Câmara Municipal da Maia, disse existir na Câmara um "Conselho local de acção social" que é um fórum que trabalha de forma articulada e onde são pensadas as políticas sociais que englobam a preocupação com o envelhecimento activo, o desporto, a acção social e a cultura. Falou ainda do projecto "Vencer o tempo nas sete cidades" financiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que incentiva os jovens a serem amigos dos idosos.
Concluiu a sessão o Presidente do Clube, Raul da Cunha e Silva, que referiu os passos dados pela OMS para a organização da saúde, o combate à poliomielite e a outras grandes epidemias, os objectivos para este ano ao propor o envelhecimento activo.
Celebrando o segundo aniversário do clube, o presidente do UNESCO, Raul da Cunha e Silva, tomou como referente das suas considerações o ideal olímpico, como foi escrito por Pierre de Coubertain: "Longius, altius, fortius, citius". A intervenção alicerçou-se nestes pilares, justificando a existência do clube assumida nesta filosofia.
Longius - mais além, um universo mais amplo de associados admitidos.
Altius - aumento da qualidade da acção. Sem querer imitar os habitantes da Babilónia, que queriam construir uma torre que chegasse ao céu forçando o Senhor a confundir-lhes as línguas. O Clube, embora esteja vocacionado para subir mais alto dentro do seu próprio paradigma que é o ensino, a educação, a cultura e a paz não pretende confundir certas mentes.
Citius - mais depressa e com mais energia. Quem poderá deixar de reconhecer como foi exequível em dois anos nascer, crescer e produzir?
Fortius - Navegar com ventos favoráveis tem muito impacto mas pouco esforço. O fortius permitiu romper inércias, avançar num quadro a todos os títulos assinalável.
Por obra e graça de todos os associados, da direcção que diariamente trabalha em regime de voluntariado puro e duro, sem qualquer recompensa que a recompensa da sua consciência e a dos seus amigos de direcção, associados e simpatizantes e muitos autarcas.
O paradigma está instalado e vai continuar.
Como que em resposta, Paulo Ramalho referiu ainda a importância do Clube e do trabalho que vem acompanhando de perto, desejando êxito aos associados, à direcção, não podendo deixar de destacar a forma única e especial como o presidente do Clube tem liderado e a quem, segundo a sua opinião, a cultura da Maia muito deve.
João Brito
-
27-04-2012 - Notáveis da Maia - Fernando Silva Campos
No dia 27 de Abril, O Clube UNESCO da Maia, CUMA, Associação Maiata para Cultura da Paz, cumprindo o seu plano anual de actividades, em parceria com a Biblioteca Municipal da Maia, levou a efeito uma Conferência sobre o escritor Fernando da Silva Campos e a sua obra-prima, "A Casa do Pó", proferida pelo Prof. Doutor José Esteves Rei da UTAD. Entre a numerosa assistência, contavam-se muitos dos seus sócios, familiares e população maiata.
O tema foi desenvolvido seguindo os três pontos seguintes: o autor e a obra; a função social do escritor e a comunicação literária; e abordagem global da sua obra, "A Casa do Pó".
No primeiro ponto, foi dada notícia de uma conversa tida com o autor - de boa saúde e a trabalhar em pleno em novos projectos literários. Ai ele destacou a sua ligação a Águas Santas, onde nasceu a 23 de Abril de 1924. Contou que uma tia lhe dissera ter vindo, nesse dia, a pé, de Santa Cristina de Malta e que "Era quarta-feira e chovia.". Guardou tal expressão que decidiu atribuir como título a um conto sobre o seu nascimento, aparecido no "Volume I de Poesia e Conto" do Departamento de Letras da UTAD. A sessão terminaria com a leitura desse conto em voz alta e em coro pelos presentes, o que causou forte emoção.
A sua vida profissional levou-o, ainda, até Chaves e Porto, vindo a fixar-se em Lisboa, onde reside. A sua obra literária, se não é vasta, é de uma elevada perfeição, desde o primeiro romance, lembrando a Agustina com "A Sibila". Recorda, ainda, Garrett que começo a escrever poemas de amor aos cinquenta anos, tendo Campos começado a escrever romances a partir dos sessenta. Antes, havia sido mestre da arte de escrever, com a obra "A Redacção", pela qual muitos alunos de liceus e escolas comerciais e industriais acederam ao domínio das formas escritas da língua portuguesa.
O segundo ponto tratou da missão do escritor nas sociedades modernas, após a revolução francesa: orientar as massas, função psicagógica, iniciada por Victor Hugo em França e Almeida Garrett em Portugal. É que a origem do poder havia sido deslocada de Deus, antes, para a legitimação pelo voto, depois. Entre esses dois espaços sociais, emergiu o escritor que, durante todo o século XIX, alimentava os leitores através do folhetim do jornal, dando depois origem à obra, em formato completo.
Subjacente a essa função / missão do escritor estava uma nova realidade, chamada "comunicação literária", entre autor / leitor, com base num texto, o literário, de natureza mágica, pelo modo como prendia os seus agentes: dirigia-se aos afectos e não à razão, como acontece na linguagem do dia-a-dia. Nascia, assim, a comunicação literária, que hoje anima toda uma indústria que vai das editoras às livrarias, passando por revistas, prémios, clubes e círculos de leitores.
O último ponto desenvolveu a leitura e análise da obra, "A Casa do Pó". Num primeiro momento, perspectivou-se a linguagem, apresentada como original - quanto ao vocabulário, à sintaxe e à diversidade de frases - e a escrita, apontada como equilibrada e clássica na expressão de um pensamento singular. A obra, pelos ambientes que caracteriza e pela época histórica que tão pormenorizadamente explana, poderá ser vista como uma "epopeia pícara" ou uma corporização do V Império de Vieira.
Poderá, assim, assemelhar-se à "Peregrinação", de Fernão Mendes pinto, a "O Malhadinhas" de Aquilino Ribeiro ou ao "Memorial do Convento" de José Saramago, pela grandiosidade dos protagonistas e o seu casamento destes com o meio envolvente. Todavia, o que mais poderá surpreender é a sua homologação com "Os Lusíadas", no que respeita aos protagonistas: Frei Pantaleão de Aveiro e o Gama ou, em ambos, o Povo Português.
As semelhanças conteudísticas centram-se: na diáspora, à procura de "tratar da vidinha"; na fuga de si mesmos à procura da identidade; nas ameaças permanentes, sem os actores disso se darem conta, mas, felizmente para eles, sob protecção e vigilância, humanas ou divinas; no conhecimento global do mundo, como desiderato ou destino; na função de demiurgos, unindo e "dominando" o mundo; na superação dos códigos amorosos, entre o frade e a judia e entre os marinheiros e as ninfas; na indigência dos seus protagonistas - que, de regresso das suas viagens, se conhecem em Lisboa; no mesmo beneplácito régio: D. João II, avô do frade e vontade presa ao leme, na expressão pessoana do "Mostrengo".
Também a forma e a estrutura oferecem aproximações: o início, "in media res", com inicia da história no meio da narrativa ou da "vida"; o final, trágico, em ambas; o meio da obra, com um "relato revelado" do passado em analepse em Fernando Campos e do futuro em prolepse profética, em Camões; a narração, na(s) primeira(s) pessoas, do singular, em Frei Pantaleão, e do plural, no Gama; o silêncio, envolvendo as existências dos protagonistas, em grande parte delas.
Na leitura / análise, fez-se o registo e ilustração de três técnicas narrativas, usadas na obra com elevada perfeição e exemplificadas com passagens concretas: desenvolvimento de conceitos, descrição e narração. O primeiro ponto materializa-se na grandeza dos ideais, mobilização de sentimentos, força de raciocínios, arrebatamento de paixões, dignidade de gestos, elevação de espíritos, ideia de pessoa, comunidade e povo. A descrição, definida como "pintura com palavras, releva-se em motivos exteriores e interiores à pessoa humana, cores de sentimentos e pensamentos, aspectos da realidade - individual e social, política e religiosa. Da narração, destaca-se a surpresa dos passos seguintes do enredo, os sumários de acções relevantes, o mistério que envolve personagens e acontecimentos, a eliminação do espaço pela presença das personagens em lugares distantes do Ocidente e do Oriente, e, particularmente, o movimento social, em interiores e no exterior, do povo e restantes classes, nobreza, clero e burguesia.
De novo, se sublinha a relevância do projecto, "Notáveis da Maia", e o interesse que desperta em associados da CUMA, Clube UNESCO da Maia, como na população, em geral. É que corresponde a princípios estruturantes de comunidades e grupos como o que lhe subjaz: quem não conhece "os seus" não pode participar da sua riqueza, dos seus valores, da sua idiossincrasia, em síntese, exclui-se da comunidade ou do grupo.
CUMA
-
21-04-2012 - 2º aniversário do Clube UNESCO da Maia
A comemoração do 2º aniversário começou com a abertura da exposição de " Os africanos em Portugal, História e Memória - séculos XV - XXI, de Isabel de Castro Henriques", Comite Português do Projecto Unesco: " A rota dos escravos".
A quinta do Mosteiro foi o local escolhido para o jantar convívio.
Na abertura, a associada Lurdes Bártolo declamou o poema ode à paz de Natália Correia.
Um ponto alto deste evento foi a admissão de 10 novos associados. Neste momento a associada Celeste declamou um poema da sua autoria, intitulado: " Bordar a vida"; a concluir, a associada Laura Mora declamou o poema: "Eu também quero ser gente".
Das intervenções de momento, salientamos a do presidente do clube, Raul da Cunha e Silva que tomou com referente das suas considerações o ideal olímpico como foi escrito por Pierre de Coubertain:
Longius, altius. fortius, citius O Clube UNESCO da Maia ao longo destes dois anos da sua existência tem assumido esta filosofia.
Longius, mais associados. Universo mais amplo Mais associados admitidos hoje.
Entrada na escola secundária da Maia no dia 18. 80 alunos ouviram-nos.
Longius. Mais além. Este é o nosso caminho.
Altius Aumento da qualidade da acção: Os moinhos , a investigação em todo o concelho, as figuras de relevo da Maia.
Sem querer imitar os habitantes da Babilónia que queriam construir uma torre que chegasse ao céu forçando o Senhor a confundir-lhes as línguas nós, embora estejamos vocacionados para subir mais alto dentro do paradigma da UNESCO que é o ensino a educação a cultura e a paz não queremos confundir certas mentes.
Citius, mais depressa. E com mais energia. Quem poderá deixar de reconhecer como foi exequível em dois anos nascer, crescer e produzir? O nosso histórico é clarificador.
Fortius. Navegar com ventos favoráveis tem muito impacto mas pouco esforço. O fortius permitiu romper inércias, avançar num quadro a todos os títulos assinalável.
Pelo empenho de todos os associados, da direcção que diariamente trabalha em regime de voluntariado e a dos seus amigos de direcção, associados, simpatizantes e muitos autarcas.
O paradigma está instalado e vai continuar. Longius.
Como que em resposta o Dr. Paulo Ramalho, em representação no evento do Presidente da Câmara, referiu a importância do Clube; o seu trabalho que ele vem acompanhando de perto. Desejou êxito aos associados, à direcção, destacando de forma especial o seu presidente a quem (segundo o seu pensamento) a cultura da Maia muito deve.
Breve síntese da exposição
Os africanos em Portugal História e Memória - séculos XV - XXI
Isabel Castro HenriquesA escravatura existiu desde tempos remotos e era aceite como normal tanto do ponto de vista económico como do ponto de vista moral.
Era tradição entre os povos germânicos. Desenvolveu-se com portugueses e espanhóis, mas depois foram os outros povos que seguiram a suas pisadas.
A cronista Gomes Eanes de Zurara, deixou-nos dados importantes na " Crónica da guiné". Apresenta o infante D. Henrique cruzado piedoso, ardente de fervor religioso e indómito na luta contra os infiéis, declara-o como um dos mais avançados arautos da cristandade e um dos homens que melhor compreendeu o sentido ecuménico da Igreja. Os primeiros cativos negros chegaram à metrópole cerca de 1441. Gomes Eanes de Zurara, refere à chegada dos escravos e à sua partilha: "E vos outros que trabalhais desta partilha esguardai com piedade sobre tanta miséria" Retrata a separação dos elementos da família e a sua separação em lotes, designados por "peças". Muitos pensadores. Nicolau Clenardo, António Vieira, Giovani Venturino, Fernando e outros que, apesar das imposições da Inquisição, discordavam da forma como se produziam cristãos novos.
A partir de certa altura, passou-se à procriação de escravos, tal como se fazia para a reprodução de animais. As propriedades reais de Vila Viçosa tornaram-se locais de multiplicação de escravos. Clenardo chega a afirmar que "me parece que os criam como pombas para vender".
Giovani Venturino, enviado do papa à corte portuguesa, em 1571, fala mesmo numa indústria:
Há em Vila Viçosa uma raça de escravos negros, alguns dos quais são reservados somente para emprenhadores de muitas mulheres, como garanhões, fazendo-se exatamente com eles como se faz com as raças dos cavalos em itália.
A riqueza e o poder dos portugueses de então,era também determinada pelo número de escravos que possuíam, justificada no aforismo tão português: Muito tens, muito vales, nada tens, nada vales. Os escravos em Lisboa foram imprescindíveis para a manutenção do espaço urbano. Eram de facto indispensáveis à realização das tarefas que permitiam a realização social, económica e comercial da cidade.
-
18-04-2012 - Dia Internacional dos Monumentos e Sítios
Livro Moinhos do Leça apresentado na Escola Secundária da Maia no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios
O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, no dia 18 de abril, foi este ano assinalado na Escola Secundária da Maia com a apresentação do livro Moinhos do Leça, escrito e editado por iniciativa do CUMA, Clube Unesco da Maia.
Os autores Raúl da Cunha e Silva, Lourdes Graça, Ana Alice Cunha e Adorinda de Fátima, assim como o antigo moleiro Sr. Porfírio, dirigiram-se a um auditório composto por cerca de 75 alunos de duas turmas do 8º ano e uma do 10º ano de escolaridade que os ouviram com atenção e interesse. Raul Cunha e Silva, Presidente do CUMA, recordou os objetivos da UNESCO: a promoção da paz, da alfabetização e da cultura.
A apresentação do livro, seus propósitos e organização esteve a cargo de Lourdes Graça, sublinhando a importância de preservar e estudar o património local. Solicitou o testemunho do Sr. Porfírio, antigo moleiro da Quinta de Calheiros, que recordou os tempos em que se pescava trutas no rio Leça que com a força das suas águas acionava vários moinhos. Explicou que, então, o pagamento do serviço do moleiro era habitualmente feito com uma parte do cereal moído, a maquia.
Ana Alice Cunha, antiga professora da nossa escola, evocou Carolina Michaëlis (1851-1925), uma notável mulher e académica portuguesa que habitou na propriedade com moinhos nas margens do rio Leça. Destacou o seu espírito humanista e moderno.
A explicação do funcionamento dos moinhos hidráulicos coube a Adorinda de Fátima que comentou fotografias de moinhos da Maia descrevendo o processo de moagem e as diferentes partes que compõem o mecanismo dos moinhos. Decorre ainda um concurso de textos e desenhos/pinturas que tem como tema os moinhos da Maia, patrocinado pelo CUMA.
Esta iniciativa da Biblioteca escolar, do Geoclube e do Departamento de Língua, em colaboração com o CUMA, contribuiu para sensibilizar alunos e professores da escola para o conhecimento e preservação do património da nossa terra e será complementada com uma visita aos moinhos que terá lugar no sábado, dia 28 de abril.
Paulo Melo, associado do clube e professor da escola.
-
14-04-2012 - Caminhos de Santiago nas terras da Maia
No dia 14 de Abril um grupo de associados fez um pequeno percurso dos caminhos de Santiago, em Terras do lidador.
Terminamos em Moreira, no mosteiro de S. Salvador, onde os nossos guias do Turismo da Maia nos mostraram detalhes de história deste emblemático mosteiro e, depois, na quinta do mosteiro, última habitação do conselheiro Luís de Magalhães, um bisneto seu deu-nos a conhecer recantos e encantos desta quinta que foi palco literário dos maiores vultos da geração de 70. -
31-03-2012 - Visita cultural a Braga
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje a 27.04.2012
Clube UNESCO da Maia realiza visitas culturais
No passado dia 31 de Março, o Clube Unesco da Maia realizou uma visita cultural a Braga que teve por objectivo estabelecer a ligação entre o passado e o presente desta cidade.
De manhã, teve lugar a visita ao moderno Estádio Municipal de Braga, ao túmulo de S. Martinho de Dume e à Capela de S. Frutuoso de Montélios, com o apoio de guias locais.
O almoço realizou-se no histórico Café Vianna, no centro da cidade de Braga.
De tarde e acompanhados por guias locais, o grupo rumou à Fonte do Ídolo, próximo da casa do Raio seguindo para o Museu de Antropologia D. Diogo de Sousa, que deu ao grupo uma ideia do que era Braga no tempo dos Romanos.
Houve ainda uma passagem pelas Frigideiras do Cantinho onde tiveram a possibilidade de ver a "domus" romana.
Durante a viagem de autocarro, foram dadas algumas informações sobre as personagens ligadas aos locais visitados e lidos alguns documentos.
Este roteiro foi organizado pelos associados Ana Alice, Manuela Baptista e António Ramos.
-
24-03-2012 - Dia Mundial da Água
A água como Fonte de Vida foi tema de um seminário no dia 24 de Março no Salão Nobre da Junta da freguesia da Maia.
Com a presença de muitos participantes com relevância para a Comissão Nacional da UNESCO representada pela Dra. Anna Paula Ormeche, da Dra. Maria João representando o Sr. Presidente da Câmara Municipal da Maia, associados, direcção, discutiram-se durante o dia temas muito relevantes sobre a água cujo resumo e conclusões se encontram em textos do seminário.
-
21-03-2012 - Dia Mundial da Poesia
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje a 13.04.2012
Clube UNESCO da Maia celebra Dia Mundial da Poesia
No dia 21 de Março, O Clube UNESCO da Maia, CUMA, Associação Maiata para Cultura da Paz, em parceria com a Biblioteca Municipal da Maia, levou a efeito um Recital de Poesia, em Sessão Pública, celebrando o Dia Mundial da Poesia. Entre a numerosa assistência, contavam-se muitos dos seus sócios, familiares e população maiata, elevando-se a umas seis a sete dezenas de participantes.
Sob o convite do Presidente da Câmara, Bragança Fernandes e do Presidente do Clube UNESCO da Maia, Raúl Cunha e Silva, os serviços da Biblioteca Municipal organizaram o evento. Um Sarau Cultural que fez jus à boa tradição maiata.
Ao abrir a sessão, o presidente do clube Raul da Cunha e Silva trouxe à discussão o Dia Mundial da Poesia, referindo que foi o próprio clube a eleger o dia da celebração. Os seus objectivos fundamentais baseavam-se na defesa da diversidade linguística, promovendo a poesia como arte milenar, de expressão oral presente na construção social .
Convidada especial foi a Associação Amigos de Murça, que apresentou uma das suas últimas publicações, "O Livro de Anacleto Pereira", um poeta analfabeto, animador sociocultural de quintas, vilas e aldeias da região de Murça e Régua, nos anos 40 do século XX. Se o Poeta Aleixo nos deixou excelentes quadras, o Senhor Cleto, como era conhecido, deixou no seu espólio uma vintena de canções na medida velha.
Trata-se de uma construção poética complexa, compreendendo um mote de quatro versos e uma glosa de quatro estrofes de dez versos, correspondendo os últimos aos versos do mote. No total, são oitocentos e oitenta versos que ele trazia memorizados na sua mente. Recitava-os, cativando o povo com sua mensagem humanista, das vindimas ao entrudo, das festas populares aos autos da Páscoa.
A Sessão teve ainda a colaboração de elementos da Escola Secundária da Maia: Paulo Melo, professor e dinamizador da Biblioteca, acompanhado pelas alunas, Mariana Pereira, que recitou um belo poema da sua autoria, e ainda Francisca Dores e Bárbara Magalhães. Esta presença foi apreciada por todos e revela a sensibilidade de uma instituição e seus membros que a comunidade muito estima.
Animaram ainda a Sessão vários associados do Clube UNESCO da Maia e da Associação Amigos de Murça, cuja primeira colaboração augura profícuas e dinâmicas realizações futuras.
João Brito
-
25-02-2012 - Visita cultural a Vila do Conde
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje a 27.04.2012
Clube UNESCO da Maia realiza visitas culturais
No dia 25 de Fevereiro, o Clube Unesco da Maia realizou uma visita cultural a Vila do Conde, procurando estabelecer uma relação entre a História, a Arte e a Literatura.
À chegada ao Posto de Turismo, local, foi feita uma chamada de atenção para o edifício do BPI, obra premiada de Siza Vieira.
Acompanhados pela guia que orientou o grupo nas visitas que se seguiram, visitaram a Casa Museu José Régio, e dali, passando pelo Mosteiro de Santa Clara, dirigindo-se ao Centro de Memória.
Percorrendo o centro histórico, tiveram oportunidade de ver as casas onde viveram Antero de Quental, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós e ainda as de traça manuelina.
Depois do almoço, visitaram a Igreja Matriz e o Museu de Arte Sacra. Continuando a percorrer o centro histórico, apreciaram as moradias e as capelas da Via Sacra até à Alfândega Régia e Museu de Construção Naval, que visitaram, tendo a oportunidade de ver ao pormenor a Nau Quinhentista.
Após visitar a capela do Socorro e Praça D. João II, seguiram, de autocarro, um trajecto pela costa que permitiu apreciar a ermida de Nossa Senhora da Guia e S. Julião, o Padrão de Desembarque e o Forte de S. João Baptista, continuando em direcção aos Terceiros de S. Francisco para admirar os andores da Procissão das Cinzas que iria ter lugar no dia seguinte.
Durante a viagem de autocarro foram lidos alguns textos literários a propósito da visita e dadas informações sobre a história e arte locais, saboreando mais um dia de cultura e de amizade.
-
17-02-2012 - Notáveis da Maia - Joaquim de Vasconcelos e Carolina Michaelis
Teve lugar no dia 17 de Fevereiro, na biblioteca municipal Dr. José Vieira de Carvalho, a segunda comunicação intitulada "Joaquim de Vasconcelos e Carolina Michaëlis - atrás de uma grande mulher, um grande homem, incluída no tema "Notáveis da Maia, série de conferências que o clube Unesco da Maia realizará em 2012.
Joaquim de Vasconcelos nasceu no Porto em 1849. Estudou em Berlim, cidade onde completou estudos universitários. Casou nesta cidade com Carolina Michaëlis, investigadora e filóloga, e a partir de então fixou residência na Rua de Cedofeita, no Porto.
Em 1871 surgem os seus primeiros estudos, pioneiros e renovadores, em áreas como: história da música, da arte, da pintura, da arquitectura, da etnografia, da arqueologia, da ourivesaria, das artes industriais, das indústrias caseiras e da pedagogia, que tratou com uma sólida formação científica e intuição crítica.
Atribuía um papel preponderante às "indústrias caseiras": cerâmica, ourivesaria, tecelagem, chamando a atenção para o seu necessário desenvolvimento e formação do artesão. Daí a sua crítica à estrutura do ensino artístico em Portugal, ao mesmo tempo que propunha e se batia pela criação da cadeira de desenho industrial e modelação e de museus industriais.
A sua acção crítica, incisiva no domínio da pedagogia, foi tema de conferências, exposições de artes industriais, na fundação do Centro Artístico Portuense e como director do Museu Comercial e Industrial do Porto
Em Portugal a sua actividade não foi fácil porque nunca lhe reconheceram o valor que efectivamente tinha. Não lhe atribuíram o lugar que merecia, uma cátedra universitária ou a direcção de um grande museu. Relegaram-no para o ensino liceal onde se sentia e estava deslocado.
Joaquim de Vasconcelos era proprietário de uma razoável área agrícola nas margens do rio Leça, de moinhos e de uma casa rústica e bela, rodeada por um enorme jardim, a Casa de Veia, na freguesia de Águas Santas, onde viveu longas temporadas com a mulher, Carolina Michaëlis, e onde foram recebidos familiarmente Teófilo Braga, Ricardo Jorge, Luise Ey, entre outos.
-
27-01-2012 - Notáveis da Maia - Visconde de Barreiros
Visconde de Barreiros, de nome José da silva Figueira, nasceu na freguesia de Barreiros (Maia), em 1838 e morreu no Porto, a 25 de Dezembro de 1892. Pelo decreto, publicado no dia11 de Março de 1882, é-lhe é atribuído o título de Visconde de Barreiros.
Atendendo aos merecimentos e qualidades que concorrem na pessoa de José da Silva Figueira, capitalista, residente na cidade do Porto, e querendo dar-lhe um público testemunho da minha real consideração: hei por bem fazer-lhe mercê do título de visconde de Barreiros, em sua vida.
O Ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino assim o tenha entendido e faça executar.
Paço da ajuda, em 9 de Março de 1882.
Rei Tomás António Ribeiro FerreiraPartiu para o Brasil, aos 14 anos, a exemplo de tantos outros, que procuravam angariar fortuna no Brasil. Dedicou-se, primeiramente, à actividade comercial e depois à actividade de empreiteiro de caminhos de ferro. E, nesse campo, arrojadamente, propôs-se levar a cabo a perfuração do túnel de Marmelos no caminho de ferro de D.Pedro II. Foi nesta obra que mostrou a sua capacidade de direcção e de empreendedorismo . A conclusão do caminho de ferro da Leopoldina veio coroar de êxito este maiato. Fundou um hospital para tratar, a expensas suas, todos os que a ele queriam recorrer atacados pela varíola, muito frequente na região.
Com prestígio e dinheiro regressou a Barreiros, depois de 28 anos de ausência no Brasil.
Foi grande benemérito para com a terra que o viu nascer. As escolas primárias, Escolas Maria Pia, para ambos os sexos, foram mandadas construir por si e dotadas de material pedagógico e didáctico: mapas, contadores mecânicos e outros, grandes inovações pedagógicas para a altura. Curiosa a inscrição, colocada no cimo da fachada da frente das Escolas:
Escolas Maria Pia, fundadas e oferecidas ao governo de S.M. por José da Silva Figueira,
inauguradas em 9 de Janeiro de MDCCCLXXII.A construção destes edifícios mereceram elogios de D. Luís e Dona Maria.
Estas escolas terão sido demolidas no tempo do Estado Novo, dentro do espírito do plano dos centenários.
Muitos outros benefícios recebeu Barreiros deste seu filho. Por isso, recordar Visconde de Barreiros, como um notável da Maia, é também um acto de reconhecimento, pois foi, sem dúvida, um homem que ajudou a construir a identidade desta terra milenar.
-
21-01-2012 - Visita ao Museu Soares dos Reis e à Fundação Serralves
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje a 10.02.2012
No passado dia 21 de janeiro o Clube Unesco da Maia visitou o Museu Nacional de Soares dos Reis, sucedâneo do Museu Portuense de Pinturas e Estampas ou Ateneu D. Pedro IV, este de iniciativa deste monarca, e que fora instalado no Convento de Santo António da Cidade, actual Biblioteca Pública Municipal do Porto.
O Clube Unesco da Maia teve com esta visita os objectivos de estabelecer a ligação entre o Museu e a cidade do Porto, de estabelecer a relação entre o edifício e as obras de arte (pintura, escultura, ourivesaria, cerâmica e música) e propiciar a formação dos associados do clube.
A guia do Museu procurou responder a estes objectivos e falou do edifício e da sua história, integrando-a na história da cidade. Também mostrou o que de mais importante estava exposto e no que diz respeito à pintura, focalizou-se no retrato, embora dando um panorama geral das outras obras. O CUMA visitou ainda as salas de escultura, cerâmica, ourivesaria e instrumentos musicais - sala de música.
Após o almoço na Fundação Serralves, o clube fez uma visita guiada às suas instalações. Aí receberam uma explicação pormenorizada da arquitectura do edifício do Museu, seguida de uma visita guiada às exposições "Da página ao espaço: Esculturas de papel publicadas", "Thomas Struth: fotografias 1978-2010" e "Outra Vez Não Eduardo batarda". Terminada a visita a estas exposições, visitaram os jardins e a Casa de Serralves, sede da Fundação, construída nos anos 30 do século passado, sempre acompanhados pela guia do Museu com as suas preciosas informações. De realçar que estas visitas contaram com uma presença significativa dos associados do CUMA.
Raquel Barrigana
-
13-01-2012 - Dia Mundial da Paz
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje
Dia Mundial da Paz
Ou o regresso do homem1. O "Dia da Paz" foi proposto pelo Papa Paulo VI, na sua mensagem de 8 de janeiro de 1967, nos termos seguintes:
"Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o Dia da Paz, em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1 de janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro".
O caminho havia sido desbravado pelo seu antecessor, João XXIII, com o seu texto fundador, "Pacem in terris" ("Paz na Terra"), uma Carta dirigida a todos os homens bons sobre a "Paz de todos os povos na base da verdade, justiça, caridade e liberdade". Foi publicada a 11 de Abril de 1963, dois meses antes da sua morte - nela se podendo ler um seu testamento de fé no homem do futuro - dois anos após a construção do muro de Berlim e alguns meses depois da crise dos mísseis em Cuba.
O homem do Vaticano II, um concílio de regresso às origens, justifica assim esses quatro ângulos: "a Paz entre os povos exige: a verdade como fundamento, a justiça como norma, o amor como motor, a liberdade como clima".2. Ora a paz foi o estado natural do homem. Uma sabedoria que o acompanha desde o fim dos tempos, colocando-o em equilíbrio consigo próprio, com os outros e com o cosmos. Poderemos entrever a alteração desse estado, no momento em que surge o primeiro discurso argumentativo registado por Cícero, na sua obra "Retórica -invenção", onde narra a "estória" da reunião na clareira.
Conta o príncipe dos oradores que, um dia, ao grito de um, todos os homens se reúnem numa clareira da floresta da qual procuravam arrancar a subsistência. Nesta investiam os seus instintos, sem qualquer conhecimento de valores, ideias ou padrões ético-morais. Todavia, à eloquência esclarecida desse orador todos abdicam dos instintos e paixões e seguem-no como hoje, em qualquer organização, se segue a indicação de um líder.
Desde que se atribui uma finalidade à organização e, por ela, aos seus membros, os homens deixam de se unir desde dentro para, forçados, se juntarem de fora. Passam de criativos, que partilham iniciativas, a obedientes, aceitando imposições.
E assim, desfeito o equilíbrio individual e colectivo, nunca mais eles se encontraram na igualdade da acção. Antes, se viram a recorrer à diplomacia, seguida pela guerra, seu complemento. Daí o permanente apelo à Paz interior de cujo reflexo surgirá a Paz comunitária exterior.
Diremos então que a paz não é a ausência da guerra, mas, antes, que esta corresponde a um vazio daquela.
3. É que a Paz nasce da sabedoria da vida, herdada do passado, individual e colectivo, Pois o homem sente-se o elo de uma cadeia que toma todo o tempo e todo o espaço, cuja experiência e cujo saber se constituem em Luz que o guia.
Será por acaso que as velhas civilizações como as modernas culturas se sentem desorientadas, ao perderem as suas referências, isto é, "os seus sabedores das coisas", a ensinar e a aprender?
Daí o lamento, no Antigo México: "Foram-se os sábios / embarcaram outra vez / levaram consigo as escrituras / os códices e as pinturas / levaram todas as artes / e a música das flautas".
E a interrogação, angustiante: "Brilhará de novo o Sol, amanhecerá? / Como permanecerá a terra, a cidade? / Como haverá estabilidade? / Qual será a nossa norma? / Qual será a nossa medida?" ("Los Antigos Mexicanos", M. León-Portilha, México, FCE, 2005:61-2).Esteves Rei
Professor Catedrático na UTAD
Secretário da A. G. Clube UNESCO da Maia