Histórico de actividades 2014
- 20-12-2014 - Notáveis da Maia - Mestre Albino José Moreira
- 13-12-2014 - Convívio de Natal 2014
- 05-12-2014 - Apresentação do 2º volume de "Memórias de Tempos Idos"
- 14-11-2014 - S. Martinho, castanhas e vinho
- 25-10-2014 - Maria Peregrina de Sousa
- 18-10-2014 - Visita cultural a Arouca
- 20 e 21-09-2014 - Visita cultural a Montalegre e Boticas
- 03-09-2014 - Tomada de Posse dos Corpos Sociais para o biénio 2014-2016
- 15-07-2014 - Memória dos Tempos Idos - P.e Joaquim Antunes de Azevedo
Notáveis da Maia - D. Paio Mendes da Maia - 20-06-2014 - Notáveis da Maia - Abílio Augusto Monteiro
- 17-06-2014 - Dia Mundial do combate à desertificação
- 14-06-2014 - Visita cultural a Esposende
- 31-05-2014 - Tertúlia sobre o pão
- 17-05-2014 - Visita cultural à Praia da Granja
- 10-05-2014 - Dia Mundial da Saúde
- 12-04-2014 - 4º aniversário do Clube UNESCO da Maia
- 29-03-2014 - Visita cultural a Celorico de Basto - Rota do Românico
- 21-03-2014 - Dia Mundial da Floresta e da Poesia
- 08-03-2014 - Dia Mundial da Mulher
- 28-02-2014 - Visita cultural ao Porto de Nasoni
- 21-02-2014 - Dia Internacional da Lingua Materna
- 25-01-2014 - Visita cultural a Coimbra
- 10-01-2014 - Os Reis Magos e as Janeiras
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20-12-2014 - Notáveis da Maia - Mestre Albino José Moreira
Sessão na biblioteca municipal da Maia no dia 20 de dezembro de 2014, fruto da colaboração entre o clube Unesco da Maia e a biblioteca municipal da Maia.
Constou de uma exposição de cerca de 30 pinturas do Mestre Albino que se manteve até ao dia 3 de janeiro e de uma palestra feita pelo associado professor Artur Batista cuja súmula é a seguinte:
“Inserida no ciclo "Notáveis da Maia" decidiu o Clube Unesco da Maia rememorar o pintor Albino José Moreira, Mestre Albino, verdadeiro símbolo da expressão pictórica de raiz popular. Para o fazer desafiou-me a levar a cabo o que pudesse ser adequado à sua evocação e afirmação de perenidade, no 20.º aniversário da sua morte e em véspera dos 120 anos que teria em 2015 se fosse vivo.
Neste sentido, preparei uma comunicação sob o título “Albino José Moreira – A Arte e o Artista” em que se relevam as características da sua linguagem pictórica e se reflecte sobre essa sua arte como parte da Cultura Popular em que se insere e se exprime. Esta iniciativa viria a permitir o debate sobre conceitos vectores da Unesco como, Educação, Ciência, Arte, Cultura e Património, que enriqueceria a nossa intervenção colectiva.
Mais do que isto e, como a melhor homenagem que se pode fazer a um artista é expor a sua obra, foi possível a sinergia de interesses e esforços do Clube Unesco e da Câmara Municipal para a realização de uma Exposição – Homenagem.
Do conjunto destas actividades foi possível realçar as qualidades de Mestre como artista e como cidadão.”
No período aberto a questões a professora Lurdes Graça referiu que o clube já recordou um grupo grande de notáveis da Maia entre os quais distinguiu: Visconde Barreiros, Guilhermina Suggia, Augusto Martins, Luís de Magalhães, Augusto Simões, Abílio Augusto Monteiro, Joaquim de Vasconcelos, Joaquim Antunes de Azevedo, Maria Peregrina de Sousa, Gonçalo Mendes da Maia, Soeiro Mendes da Maia, Paio Mendes da Maia e finalmente Mestre Albino José Moreira.
A finalizar o presidente do clube, Doutor Raul da Cunha e Silva, enalteceu a abertura da conferência proferida pelo Dr. Rui Rodrigues em representação do presidente da Câmara Municipal da Maia, a eloquência do orador prof. Artur Batista, a colaboração activa da biblioteca municipal e de todos quantos intervieram na conferência.
Recordou que a cultura é um dos grandes paradigmas do clube, acrescentando que no próximo ano, a UNESCO fará 70 anos para cujos eventos a realizar temos de estar preparados.
Raul da Cunha e Silva
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13-12-2014 - Convívio de Natal 2014
Festa muito animada com a presença de muitos associados.
Logo de início, a voz do protocolo anunciou: ”No princípio era o Verbo, o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. (Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilhou nas trevas mas as trevas não a receberam.” Sjoão 1.1-5).
Ficou, desde o início, traçado o paradigma do nosso Natal, ou seja, a correlação entre os tempos primordiais, a luta entre as trevas e a luz e a sua ligação com o solstício de inverno.
O dr. Joaquim Moreira dos Santos estabeleceu uma relação entre a festa do Solis Invicti dos romanos e o Natal do cristianismo, recordando que no centro desta festa está o nascimento de Cristo, a sua doutrina, para além de tudo quanto a sociedade e suas organizações têm criado.
Houve leituras de textos muito pertinentes que traziam à mente o espírito de solidariedade prório do tempo.
A concluir o presidente do clube prof. Raul da Cunha e Silva, considerou muito sumariamente o Natal na sua dimensão de convívio espiritual, famliar, social e até comercial.
Quatro dimensões fundamentais para manter sentido, valor e signficado a uma realidade que tende a reduzir-se progressivamente aos mercados de publicidade.
Tudo para um grande dia do clube.
Raul da Cunha e Silva
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05-12-2014 - Apresentação do 2º volume de "Memórias de Tempos Idos"
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje
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14-11-2014 - S. Martinho, castanhas e vinho
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje
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25-10-2014 - Maria Peregrina de Sousa
Maria Peregrina de Sousa é o tema de uma conferência promovida pelo Clube Unesco da Maia em colaboração com a Biblioteca da Maia, no dia 25 de Outubro de 2014.
Foi oradora a associada do clube Dra. Manuela Baptista que dissertou sobre o tema:
Maria Peregrina de Sousa, uma portuense com raízes maiatas.
Nasceu a 13 de Fevereiro de 1809 e faleceu a 16 de Novembro de 1894, no Porto. Moreira foi o seu retiro.
Na Etnografia Portuguesa, Leite de Vasconcelos diz a certo passo que Maria Peregrina de Sousa usou os pseudónimos de Mariposa e Uma Obscura Portuense e escreveu” notícias, cartas folclóricas em que dava ao público informações de superstições minhotas, ensalmos, costumes festas, danças, desafios, cartas que constituem uma novidade na nossa literatura etnográfica”
O título ”Uma Obscura Portuense” justifica-se por uma razão:” é que não sou totalmente desconhecida: é por serem raras, entre nós, senhoras que escrevam bem ou mal”.
Ficou conhecida pelas “Superstições do Minho” que José Leite de Vasconcelos compilou e publicou na “Revista Lusitana”, com o título “Tradições Populares do Minho”.
De registar que no “Retalho do Mundo”, romance que contém 58 capítulos inicia cada um com um rifão, aforismo, adágio, provérbio, extraídos da sabedoria popular, como: A ladrão da casa nada se esconde.
Antes quebrar que torcer; Vale quanto pesa, etc.
Colaborou activamente em múltiplas revistas e jornais, como:
Arquivo Popular, Restauração da Carta, Almanach de Lembranças, Revista Universal Lisbonense, Aurora, Pirata, Miscelânea Poética e Iris do Rio de Janeiro.
António Feliciano de Castilho nas suas Telas Literárias faz a apologia de Peregrina de Sousa e redigiu pormenorizada biografia da mesma.
Camilo, porém, nas Folhas Caídas, Apanhadas na Lama é muito pouco lisonjeiro para com Peregrina.
Também o Tripeiro diz que ela devia ter apurado mais o seu estilo, corrigindo alguns defeitos que tornam monótonos os capítulos mais interessantes dos seus escritos.
Fica clara a sua história de romancista, de poetisa e de folclorista.
Maria Peregrina de Sousa é mais que escritora. Os seus escritos revelam um grande espírito, durante toda a sua vida, mesmo nos momentos menos favoráveis.
Ler, escrever e trabalhar pode ser eleito como o seu lema de vida.
Raul da Cunha e Silva
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18-10-2014 - Visita cultural a Arouca
No dia 18 de Outubro o Clube Unesco da Maia realizou uma visita cultural a Arouca.
Foram 52associados e amigos que conheceram o Museu Municipal (Museu da ruralidade), o Mosteiro e Museu de Arte Sacra e as pedras parideiras no Geopark (Serra da Freita).
De uma maneira geral, podemos afirmar a exuberância da riqueza cultural (património edificado) e a beleza natural que encanta.
No museu municipal vimos expostos com mestria ferramentas agrícolas típicas das culturas locais de outrora, como a cultura do linho, da vinha, a cestaria e a tanoaria (associadas à produção do vinho), amostra de artigos da Feira das Colheitas e numa parte do espaço o Centro de Arqueologia de Arouca.
Nota-se que este museu pretende divulgar o património e a memória das culturas tradicionais locais bem patente nas explicações da funcionária que nos acompanhou.
Mosteiro e museu de arte sacra
A fundação do mosteiro remonta ao século X (provavelmente entre 915 e 925), mas foi sobretudo com Dona Mafalda, filha de Dom Sancho que em 1210 o recebe em testamento trazendo ao mosteiro o poder simbólico, real e espiritual de que veio a usufruir.
Fomos guiados por um jovem universitário bem documentado.
Podemos ver toda a grandeza do mosteiro, ouvir o órgão que tem 1352 tubos, sendo considerado um dos maiores de toda a península.
A estatuária religiosa, as alfaias litúrgicas, quadros, pinturas, enfim, um rico mundo de arte, de imponência e poder.
Geoparque de Arouca, Serra da Freita, Pedras parideiras da Castanheira, cascata da Misarela
Percorremos uma parte do parque de Arouca, ou seja, uma área do concelho na serra da Freita, com relevância geológica em vários geossítios de que podemos destacar as cascatas da Misarela, (na gravura deste texto) e as pedras parideiras da Castanheira.
Este conjunto que podemos observar bem como a imponência da serra da Freita com os seus rebanhos, a natureza simultaneamente árida e fértil bem como os seus geossítios justificam só por si uma visita.
Num filme a 3 dimensões foi-nos possível ver a explicação científica das parideiras, a grandeza de fenómenos da Serra da Freita.
Não nos vamos esquecer da Cascata da Misarela, uma das maiores da Europa com os seus 75 metros de altura.
Ficámos contentes por saber que estas maravilhas já foram reconhecidas pela Rede Europeia e Global de Geoparks e também pela Unesco.
Já de regresso a penates recordámos os que estiveram na linha da frente desta viagem, ou seja, o sr. Ramos e a Ana Alice.
Raul da Cunha e Silva
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20 e 21-09-2014 - Visita cultural a Montalegre e Boticas
Nos dias 20 e 21 de Setembro um numeroso grupo de associados do Clube Unesco da Maia visitou uma das regiões mais belas de Portugal: Barroso.
Era do nosso conhecimento o investimento no património natural, edificado e imaterial que regiões, de forte grau de insularidade geográfica e histórica, conservam e promovem.
Mas não foi apenas a ânsia de ver as maravilhas da natureza, as superstições, nem a rota dos contrabandistas dos tempos heróicos ou práticas centenárias que nos levaram às terras de Barroso.
Iniciámos o percurso pelos Pisões, barragem lindíssima e gigantesca. É a maior de Portugal a seguir ao Alqueva.
Debita água a jusante para outras barragens e recupera-a a montante, quando for necessário num movimento a todos os títulos interessante.
Para além da sua grande beleza e dos milhares de pescadores que procuram encher os seus sacos, nós podemos ver o que há nas profundezas de Neptuno descendo a 200 metros abaixo do seu leito.
Depois de reconfortarmos no Sol e Chuva as energias que iam escasseando, visitámos o ecomuseu de Montalegre.
Recebidos com pompa, ofertámos às autoridades municipais dois exemplares dos moinhos e recebemos também literatura específica.
No ecomuseu de Barroso podemos observar dados da história, ou seja, vestígios de antas castros e dólmens da pré-história que o tempo não destruiu. o bezerro de ouro, o forno do povo, o vinho dos mortos, a chega de bois, noite das bruxas e muito mais.
À noite a experiência das experiências.
Jantar em Mourilhe com o padre Fontes num convívio que só por si valeu a viagem. Terminado o feitiço das bruxas e seus rituais, regressámos a penates ou seja ao hotel.
No dia seguinte Boticas e regresso a casa.
Visita guiada ao Centro Nadir Afonso, (Nadir Afonso Rodrigues, arquitecto, pintor e pensador nasceu em Chaves em 1920,foi aluno da Escola Superior de Belas Artes do Porto e faleceu em 2013 em Cascais), ao Parque Boticas Natureza e Biodiversidade e à loja de artesanato.
Tempo passado alegremente com a simpatia das instituições, a beleza de uma terra de encantos mil e os pulmões bem oxigenados.
Regresso por Ribeira de Pena, para visita à Ponte Pênsil, feita em arame
Raul da Cunha e Silva
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03-09-2014 - Tomada de Posse dos Corpos Sociais para o biénio 2014-2016
No dia 3 de Setembro do corrente ano de dois mil e catorze e perante grande assistência de associados e amigos, tomaram posse os corpos sociais eleitos por unanimidade, em assembleia geral realizada no dia 23 de Junho.
Após a assinatura e antes do jantar festivo, o presidente do clube proferiu a seguinte comunicação:
Desde os tempos primordiais que os seres vivos se preocupam com a conservação da sua espécie.
Com as devidas alterações, podemos estabelecer um paralelo entre os seres vivos e as organizações sociais, ou seja, entre o mundo biológico e o social.
São os isomorfismos fundamentais para a compreensão da unidade da ciência universal.
A tomada de posse dos corpos sociais deve ser vista como um imperativo da racionalidade, da eficácia e da vida.
Se é verdade que é o conjunto de todos que forma a essência do organismo, então temos de afirmar que são os associados, amigos e os corpos sociais que formam um clube.
Esta é a 3ª direcção que assume a responsabilidade de prosseguir o trabalho bem árduo e profícuo das anteriores e sobre os seus ombros pesa a tarefa de levar a bom porto a metafísica do clube Unesco da Maia.
Podemos organizar o pensamento em 3 grandes áreas programáticas:
Informação. Aqui relevar as actividades, os projectos, as intervenções da Unesco e das outras organizações da ONU.
Os dias mundiais, como o dia da Paz, da Alfabetização, da Saúde, da Água e de muitos outros.
A recolha do património cultural imaterial, como os provérbios, a cultura popular, as práticas das fontes, lavadouros, moinhos, lendas, a história local não escrita e muito mais.
Formação através de sessões culturais, tertúlias, visitas de estudo, convívios.
Na próxima quarta feira, pelas 17 na nossa sede iremos tomar decisões importantes em termos da programação para 2015 que esperamos ver aprovadas em Dezembro.
A terminar queria relevar dois dados importantes:
Parabéns aos que vieram e continuam, parabéns aos que por circunstâncias das circunstâncias não estiveram disponíveis para continuar (Salva de palmas para eles).
Parabéns à audácia do clube que em 4 anos editou 3 estudos importantíssimos para a cultura maiata.
Daqui a 4 meses aparece o quarto e depois o quinto.
A todos, obrigado.
Raul da Cunha e Silva
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15-07-2014 - Memória dos Tempos Idos - P.e Joaquim Antunes de Azevedo
Notáveis da Maia - D. Paio Mendes da MaiaArtigo publicado no Jornal Maia Hoje
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20-06-2014 - Notáveis da Maia - Abílio Augusto Monteiro
Artigo publicado no Jornal Maia Hoje
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17-06-2014 - Dia Mundial do combate à desertificação
O dia mundial do combate à desertificação e à seca, proclamado pelas Nações Unidas em 1995,é celebrado anualmente no dia 17 de junho. Visa promover a cooperação internacional no combate à desertificação e à seca.
É um imperativo vital na medida em que há zonas do mundo em que a desertificação e a seca avançam . Muitas destas situações são fruto da incúria e da ignorância dos homens..
Não precisamos de trazer á colação a existência dos desertos ,alguns geograficamente bem próximos de nós ..Temos exemplos verdadeiramente dramáticos cá dentro..Há aldeias sem habitantes no nordeste e no centro do país.
Há freguesias em que morre gente e não nasce ninguém..Há um grande património edificado que está a ser paulatinamente destruído.Há grandes parcelas do país completamente abandonadas. Fogem as pessoas e avança a floresta .
E entretanto, as terras produzem, mas não há quem recolha ,quem consuma esses produtos Fica mais cómodo comprar ao estrangeiro. Assim pensam o capital e o centralismo nacional.
Todos vêem estes factos, menos quem manda ou finge mandar no país.
O centralismo exacerbado, com a consequente macrocefalia, venda os olhos dos políticos para estas realidades.
O que fica longe não se vê e por isso ,seguindo a prática da avestruz, não existe .
A Associação Nacional de Municípios Portugueses tem defendido a "descentralização de competências" como forma de esbater a desertificação, reclama "uma conjugação de políticas, com meios financeiros nacionais e comunitários, de incidência regional para inverter" esta tendência, lamenta que os sucessivos governos "nada tenham feito para contrariar o despovoamento do interior e a desertificação acelerada que estamos a assistir
"Mais de metade do País pode transformar-se em solo árido se nada for feito, com consequências tão graves como o aumento das assimetrias entre as regiões, criando perdas demográficas, pobreza, abandono e desemprego.
Também a Liga para a Proteção da Natureza reclama a implementação, rápida, de medidas para inverter a desertificação acelerada que estamos a assistir". Sustenta que "a chave do problema são as pessoas, mas para isso é preciso criar instrumentos que as ajudem a fixar-se. Sem pessoas as terras vão ficando menos aráveis, engolidas pela vegetação.
Raul da Cunha e Silva
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14-06-2014 - Visita cultural a Esposende
No dia 14 do corrente mês de junho o clube Unesco da Maia fez uma viagem cultural a Esposende, seguindo um programa,em grande medida ,delineado pelos serviços culturais da Câmara de Esposende,dentro do tempo por nós solicitado.
O evento compreendia uma visita ao castro de S. Lourenço ,ao Museu Municipal e ao Museu Marítimo.
O castro de S.Lourenço cuja visita foi antecedida pelo Centro Interpretativo insere-se nos castros construídos no primeiro milénio antes de Cristo.
Aqui podemos observar a evolução dos po vos primitivos –os galéticos, o seu quotidiano ,a evolução que sofreram com os romanos e por fim o abandono que bem se pode observar.
Museu Municipal:
Foi uma viagem pelos tempos idos de Esposende que muito nos agradou.
A diretora fez uma narrativa desse período de Esposende ilustrando-o com a exposição de quadros do museu. Definiu a população piscatória como gente analfabeta num conjunto de meia dúzia de famílias ricas
Esclareceu que o museu teve funções múltiplas ao serviço da comunidade
Museu marítimo:
Em certa medida é um paralelo da vida árdua na terra com a muito dura e perigosa no mar. Quadros na maioria trágicos onde se vêem esforços titânicos para salvar vidas e bens muitas vezes em vão
Terminámos a visita com um convívio muito agradável na casa da associada Adorinda.
Raul da Cunha e Silva
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31-05-2014 - Tertúlia sobre o pão
Pelos moinhos Maia
Ao longo do Rio Leça, desfrutando do rico património molinológico que o tempo e a tradição souberam conjugar, realizou-se no dia 31 de maio do corrente ano o pedipaper pelos moinhos da Maia.
Numa realização conjunta dos Serviços de Turismo da Maia e o Clube Unesco da Maia – CUMA, esta ação teve como objetivos a fruição cultural, paisagística e turística.
Ao longo dos cerca de três quilómetros do percurso iniciados no moinho do Gericota, imperou a boa disposição, o convívio e a acalorada participação dos cerca de trinta elementos que aderiram a esta iniciativa. Do percurso previamente definido, constou a visita ao interior do moinho do Gericota, onde foi possível observar o moinho em funcionamento, onde se lembraram tempos e ditos antigos.
A temperatura primaveril ajudou a marcha tranquila. O grupo sem evidenciar qualquer necessidade competitiva que não fosse a de desfrutar de uma agradável iniciativa, aproveitando de forma participativa para conhecer um pouco mais do património moageiro da terra da Maia.
Como nos diz a sabedoria popular nem só do pão vive o Homem, e esta iniciativa não ficaria completa se não fosse enriquecida com a presença de vultos da literatura portuguesa cujo caminho apesar de desfasado no tempo acabamos por trilhar. Relembrar Guerra Junqueiro, ou as raízes familiares que ligam Carolina Michäelis e a terra da Maia. De moinho em moinho até ao ponto final da nossa caminhada, fomos ainda recebidos com cortesia pelo proprietário do moinho do Pisão (Dr. João Ribeiro), local aprazível e perfeitamente enquadrado no epítrito desta iniciativa, que serviu na perfeição para conjugarmos a tertúlia sobre a atividade com o aconchego gastronómico de uma tradicional merenda de moleiro acrescida de aletria confecionada seguindo a receita de Carolina Michäelis.
Da partilha de conhecimento e da vontade de relembrar este património que sendo da Maia a todos pertence, esta pequena contribuição conjunta serviu para enriquecer culturalmente todos os participantes e também como forma de sensibilização para a necessidade de uma intervenção ativa para a preservação e conservação da atividade moageira.
Mário Aguiar
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17-05-2014 - Visita cultural à Praia da Granja
A praia da Granja (Revisitar espaços emblemáticos nos finais do século XIX)
O objetivo fundamental desta visita foi conhecer espaços que contribuíram para a importância da Granja, nos finais do século XIX, no campo político ou no ambiente social, relembrar “ilustres pensadores” que passaram à história como ”A geração de 70.”
Revisitar estes espaços e acompanhar toda a dinâmica política que deu lugar ao célebre “Pacto da Granja”, compreender toda a transformação paisagística, face às novas necessidades pela conjuntura política, foram aspetos fundamentais na motivação para esta visita.
De facto, a Granja sofreu modificações paisagísticas profundas, pois tornou-se local de encontro da mais alta fidalguia do Porto e de “pensadores” de todo o país, nos finais do século XIX.
A este propósito, deixo alguns dados de “ O Diário da Manhã”, de 1865, numa crónica de Cunha Viana:
Em 1865, como por encanto, brotaram aqui edifícios elegantes, risonhos, primorosos.
Chamava à granja: Concha mimosa como a pétala de uma camélia…Ninho feito de púrpuras e perfumes, a limpeza, o asseio, o cuidado nestes pequeninos boulevards tão cheios de gosto artístico, de fina elegância. Convidava o visitante a subir os degraus da Assembleia, inscrever-se no livro dos visitantes, entrar no gabinete de leitura, onde havia revistas e jornais franceses e ingleses, ir à sala de jogos. E o salão amplo, livre desafogado e iluminado por 18 candelabros.
“O Pacto da Granja” teve lugar na “Assembleia”, em 1876. O partido histórico e o reformista uniram-se e, pela junção de ambos, formou-se o partido progressista. Propunham-se fazer oposição ao fontismo, descentralizar a administração, reformular a Carta Constitucional. De salientar a eloquência do discurso de António Cândido, presente na famosa reunião de 1876, a que o tripeiro se refere, nestes termos: “ Maravilhoso foi o António Cândido, conhecido por Águia do Marão nunca vi nada assim! Extraordinário! É um orador perfeitamente moderno. Instruído solidamente e sem a mínima centelha de retórica.”
Sublinhe-se que António Cândido, no parlamento de 17 de Setembro de 1880, demonstrou o seu descontentamento, quando afirmou que o programa da Granja não tinha sido posto em prática.
A praia da granja impôs-se também pelo veraneio de uma certa elite do Porto.
“Dizem-me que o Porto está deserto (…) Parece que as senhoras de Santo Ovídeo se acham numa dessas praias políticas de que se fala em artigos de fundo”, diz O Tripeiro. Referência clara à praia da Granja.
Ao longo da nossa investigação muitas são as referências à presença de Luís de Magalhães, seja na correspondência entre o Conselheiro, Eça, Maria Emília, António Feijó e muitos outros. Eram frequentes as estadias na Costa Nova, no“Palheiro José Estêvão”, pai de Luís de Magalhães.
Na nossa visita, relevou-se a brilhante comunicação do Senhor Doutor Gonçalves Guimarães, diretor do Solar dos Condes de Resende que, numa brilhante comunicação, traçou o percurso de vida de Eça, não esquecendo de enfatizar os amores com Maria Emília que começaram na praia da Granja.
Tivemos ainda a presença amiga do senhor António Almeida que conhece a história da Granja, como ninguém. Anote-se também a presença do senhor presidente da Junta de freguesia, senhor que falava das dificuldades em manter a história pela degradação de muitos dos edifícios emblemáticos.
Após um percurso pedonal, sentimentos antagónicos: reconfortados por conhecermos espaços que a história não poderá esquecer; deleitados pela beleza do mar que tanto inspirou Sofia de Melo Breyner; preocupados pelo abandono a que este lugar tem sido votado.
Não será desajustado relembrar Sousa Viterbo quando diz: Antes que tudo se perca irremediavelmente, salvemos pela descrição e pela estampa o que ainda nos resta.
A Granja faz parte da história. As intervenções devem ser urgentes para que nada se perca para sempre.
Lourdes Graça
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10-05-2014 - Dia Mundial da Saúde
Resumo das comunicações do Dia Mundial da Saúde no salão nobre da ex junta da freguesia da Maia.
Foram intervenientes:
Enfermeira Olívia Ribeiro, Edite Lima, Sebastião Sousa, eng. Laura Mora e dr. Luís Mariano.A enfermeira Olívia falou do tema proposto pela OMS (doenças transmitidas por vetores).
Pequena picada grande ameaça ,foi a frase escolhida pela OMS.
Mais de metade da população está em risco.Abordou a maneira como nos devemos proteger e evitar que esta pequena picada nos transmita alguma doença.
A enfermeira Edite desenvolveu o tema ligado à poluição do ar e da água.
Falou das doenças respiratórias provocadas pela poluição do ar e de como nos protegermos.
Deu exemplos de cidades altamente poluídas como Pequim e saudáveis como Viana do Castelo.
O enfermeiro Sebastião falou sobre as vantagens da prática do exercício físico, afirmando que é um bem físico e social que devemos praticar com alguma frequência.
A engª Laura dissertou sobre a utilização da água relevando as vantagens e desvantagens da utilização da água da companhia, destacando a sua economia usando dipositivos que o mercado nos oferece.
Dr.Luís Mariano apresentou um estudo sobre doenças ligadas ao aparelho digestivo.
Abordou as doenças mais frequentes ligadas a este aparelho e a melhor maneira de as evitar.Foram recitados poemas no princípio e no fim das comunicações havendo ainda um espaço para perguntas e respostas que foram sabiamente respondidas.
A fechar a sessão o presidente do clube louvou o empenho e a competência do grupo Saúde do clube que, ano após ano, vai comunicando muita da sua sabedoria e competência aos associados e comunidade maiata.
Raúl Cunha e Silva
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12-04-2014 - 4º aniversário do Clube UNESCO da Maia
Foi no dia 12 de abril, que festejamos o 4º aniversário do Clube Unesco da Maia.
Conforme o programado, iniciámos os trabalhos que tiveram dois momentos essenciais:
Da parte da manhã, no hotel Premium e após o almoço na biblioteca municipal da Maia.
Pelas onze e trinta minutos Receção da Comissão Nacional da UNESCO, na pessoa da Dra. Anna Paula Ormeche, técnica superior de comunicação. A Câmara Municipal da Maia fez-se representar pelo vereador Paulo Ramalho.
Admissão de duas novas associadas: Dra. Natércia Cardeano e Maria Aida Araújo, seguindo um ritual já habitual nestas circunstâncias.
A vida do Clube nos anos 2012-2014 Powerpoint muito bem conseguido pelo secretário do clube Augusto Seabra do Amaral.
Comunicações:
O presidente do clube teceu as seguintes considerações:
Na máquina do tempo, sobretudo nos modelos do antanho, lê-se muitas vezes: tempus fugit, ou seja , o tempo foge.
Mas no percurso do tempo que foge, há sempre sinais que resistem, que permanecem como testemunho dos tempos idos. É aquilo a que Cícero chama de testis temporis (testemunha dos tempos).
Há 4 anos com muitas das pessoas aqui presentes relevando a CNU na pessoa da Dra. Anna Paula Ormeche nascia o clube Unesco da Maia com objetivos bem precisos: colaborar na preservação do património que a região recebeu como herança, seja da natureza, seja da civilização para a transmitir às gerações futuras.
Oferecer aos seus associados, simpatizantes, amigos e aos outros a possibilidade de conhecer e de compreender a herança cultural recebida, os valores do mundo e as relações fraternas entre todos os povos do planeta.
Entretanto, o que fizemos?
- Estudos e edições de:
Moinhos,
Memória dos tempos idos.- Conferências
- Animação cultural
- Visitas de estudo
A Dra. Anna Paula na sua intervenção relembrou o nosso passado, a relevância do clube que pelo seu dinamismo é uma referência que gosta de transmitir nas situações das suas visitas. Sente-se muito bem no meio do clube que trabalha claramente segundo os parâmetros da Unesco. Conta com o clube para colaboração dos projetos da Comissão. Achou original a maneira como damos posse aos novos associados. Considerou digno de louvor como em 4 anos o clube tenha editado 3 livros.
O dr Paulo Ramalho referiu o seu papel de representante do presidente da Câmara em serviço oficial e teceu louvores ao papel desempenhado pelo clube Unesco na promoção da cultura e dos valores do concelho.
Seguiu-se o almoço comemorativo, momento de alegre convívio entre todos os comensais.
Da parte de tarde fez-se a apresentação da obra: ”Memórias de tempos idos”, de Joaquim Antunes de Azevedo, na sala de exposições do Forum que foi o momento cultural mais significativo.
Fez-se a teatralização de dois passos relevantes da memória dos tempos idos.
O padre Quim bom conhecedor dos locais e familiares referiu o seu trabalho na descodificação do texto.
O prof. Doutor Jorge Alves fez a apresentação do trabalho com uma análise doutoral do texto referindo elementos de história muito importantes.
Intervenção da professora Lourdes Graça sobre a importância e trabalhos tidos na edição da “memória dos tempos idos “e diligências junto dos seus familiares.
Leitura de vários textos do livro editado.
O presidente do clube congratulou-se com o trabalho feito que foi obra de muitos associados e amigos e que no próximo ano continuaremos a editar a memória dos tempos idos.
Raúl Cunha e Silva
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29-03-2014 - Visita cultural a Celorico de Basto - Rota do Românico
No dia 29 de Março, o Clube UNESCO da Maia visitou o concelho de Celorico de Basto, motivado pelo valor patrimonial que o caracteriza e pela hospitalidade das suas gentes.
Das referências do românico releva-se o Castelo de Arnoia e a Igreja de Veade, inseridos na rota do românico.
O primeiro, exemplar “sui generis” de arquitetura militar, remonta aos princípios da nacionalidade, com funções de defesa. As populações, no interior da “fortaleza” poderiam sobreviver aos ataques externos, tão frequentes ao tempo, acauteladas pela reserva de água que a cisterna recolhia no tempo das chuvas. (De um passado não mui longínquo vem-me à memória a existência de pequenos pedaços de muralha que nesta visita não reconheci).
Este castelo foi classificado monumento nacional em 1946.
A Igreja de Veade surpreendeu pela volumetria, pela conservação de múltiplos elementos do estilo românico, apesar das alterações que sofreu, como acontece sempre nos monumentos de culto. Veade, no século XVIII, era reitoria e o memorialista diz que existia a relíquia do Santo Lenho. (A relíquia do Santo Lenho é um pequeno pedaço de madeira que se crê ter pertencido à Cruz de Cristo. Para que uma igreja pudesse possuir essa relíquia, era necessário que o edifício tivesse dignidade física e autorização episcopal). Pertencia à Sagrada Religião de Malta. Registe-se também o elevado número de capelas, algumas das quais privadas, o que nos leva a crer na sua grandiosidade a diversos níveis.
O que muito nos surpreendeu foi o elevado número de casas brasonadas, com o brasão convenientemente encimado na testeira da parede principal do edifício. Nos jardins que as circundam inúmeras e variadas camélias; caneleiras raras e tão discretas aparecem e surpreendem pelo perfume suave, nobre e distinto das demais, mais ao fim da tarde. Também outras flores miudinhas, anónimas, mas que têm o seu papel no colorido dos jardins.
A Biblioteca Professor Marcelo Rebelo de Sousa, onde o presidente do Clube, Professor Doutor Raúl da Cunha e Silva, um ilustre celoricense, pela sua formação académica e postura humanista, fez uma curta alusão a João Pinto Ribeiro, destacada figura na Restauração da Independência de Portugal.
Este espaço surpreendeu-nos pela organização e pelo espólio documental de exemplares raros.
Dos pontos altos por terra de Basto foi a receção que tivemos nos Passos do Concelho, pelo Presidente da Câmara, Dr Joaquim Monteiro da Mota e Silva que, numa breve comunicação, nos falou das dificuldades da autarquia, dos esforços que um autarca do interior tem de fazer, dos projetos para o concelho. Não deixou de referir a recente festa das camélias que ainda tivemos o prazer de contemplar vestígios em muitas sacadas e janelas.
E, num gesto elegante, convidou-nos para uma fotografia, numa das varandas da casa, com azulejos lindíssimos e com vista para os jardins.
Desta terra, durante tantos anos isolada, sem meios de comunicação, poucos de nós lhe tinham conhecido a beleza. Ficámos com a sensação de que o tempo havia sido pouco e ficou-nos uma vontade enorme de voltar.
De sublinhar o empenhamento da autarquia na preparação e acompanhamento da visita.
Lourdes Graça
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21-03-2014 - Dia Mundial da Floresta e da Poesia
A 21 de Março de 2014, a Biblioteca Municipal da Maia (BMM), em parceria com o Clube UNESCO da Maia (CUMA), comemorou o Dia Mundial da Poesia e da floresta, no Fórum da Maia com a realização de um colóquio de homenagem a António Ramos Rosa, intitulado «Não posso adiar o coração», que contou com a presença de setenta e cinco participantes.
Este colóquio, para além de comemorar o Dia Mundial da Poesia, tinha como objetivos específicos: valorizar a poesia portuguesa; (re)descobrir a vida e obra de António Ramos Rosa; compreender o contexto económico e sociocultural da obra e do autor e adquirir ferramentas de mediação da poesia ramos-rosiana.
Após a sessão de abertura realizada pelo Dr. Rui Rodrigues, Chefe da Divisão de Cultura e Turismo, Professor Doutor Raúl Cunha e Silva, Presidente do CUMA e Dr. José Eduardo Azevedo em representação do Doutor Mário Nuno Neves, Vereador do Pelouro da Cultura.
Foram palestrantes: Professora Doutora Maria do Carmo Castelo Branco de Sequeira, Doutora em Ciências da Literatura – área de Literatura Portuguesa, pela U.M.; Professora Doutora Ana Paula Coutinho, Doutora em Literatura Comparada; Drª Lourdes Graça, Mestre em História Contemporânea, e o Poeta e Professor Universitário Albano Martins.
Maria do Carmo Castelo Branco sublinhou que para o entendimento da poesia ramos rosiana é necessário que «interroguemos algumas das linhas em que se move o poeta em demanda da Poesia como “Liberdade Livre”, isto é, em demanda de uma poiesis que se vai pressentindo apenas no caminho (ou no processo) de uma poética individual anunciada, fazendo desse caminho e desse processo a sua própria essência».
Ana Paula Coutinho, afirmou que «através da breve revisitação de alguns textos ramos-rosianos, procurou mostrar como esses ímpetos ora de recolhimento, ora de criação de ramificações, representaram um gesto poético ou uma praxis em prol de comunidade, muito presentes no autor de Estou Vivo e escrevo sol, constituindo por isso mesmo uma vertente fundamental do seu legado para a poesia portuguesa contemporânea».
Lourdes da Graça da Cunha e Silva caraterizou o Portugal dos anos 50, enquadramento necessário à compreensão da obra do Poeta.
O Poeta Albano Martins «tem como escopo, de um lado, situar, no contexto dos anos 50 do século passado, o homem e o poeta António Ramos Rosa e, do outro, evidenciar o papel do crítico e ensaísta que ele também foi, isto é, mostrar a sua ação enquanto "ideólogo" do grupo de poetas fundadores da revista "Árvore" e, concomitantemente, a importância do conceito de poesia nela corporizado, em confronto com outras conceções da mesma em vigor na época».
Entre as palestras ocorreram vários momentos de poesia pelas diseures Maria de Lurdes Bártolo, Conceição Lima e Celeste Pereira, com acompanhamento musical de José António Gonçalves.
Um dos momentos mais elevados do colóquio, pelo cariz emotivo e afetivo, foi a leitura de uma mensagem de Filipa Ramos Rosa, filha de Ramos Rosa, escrita para este momento de homenagem a seu pai, intitulada «O Homem Que Queria Ser Árvore», que passamos a citar:
“O meu pai ficaria muito feliz se vos pudesse ver aqui hoje, se pudesse conversar convosco, naquele modo próximo e afetuoso que era o dele.
E eu lamento não poder agradecer pessoalmente aos organizadores deste encontro, a todos os intervenientes — com um carinho especial aos queridos amigos Ana Paula Coutinho e Albano Martins —, e a todos os presentes o vosso interesse e amor pela poesia.
Guardo dos últimos quinze anos do meu pai uma imagem de serenidade e maravilhamento.
Foram anos de comunhão e partilha do seu mundo de afetos. Sempre que alguém o visitava, encontrava-o de livro na mão, livro lido e relido vezes sem conta. Ele ficava encantado por poder partilhar as suas leituras, os seus autores amados, por poder oferecer os seus desenhos. A palavra que mais vezes lhe ocorria para essa partilha era a palavra «extraordinário»: «— Senta-te e escuta esta passagem extraordinária!» «— Ah, não conheces este autor extraordinário?»
Esse é para mim o dom mais precioso. Como preservar o encantamento da infância e continuar a ver o mundo como se tudo fosse visto pela primeira vez? Não será essa a verdadeira dádiva da poesia?
Foram anos tranquilos, em que escreveu e desenhou muitas vezes, sentado a uma mesa, no belo jardim da Residência Faria Mantero, onde tinha o hábito de se esconder no meio do arvoredo denso, para respirar com as árvores.
Prefiro que escutem as suas palavras e por isso escolhi um poema de que gosto particularmente e que, ao falar sobre este desejo de tranquilidade e comunhão com a natureza, me faz lembrar as suas escapadelas no meio dos arbustos. É o poema «Encontro», do livro «Clareiras», de 1986.
O Colóquio encerrou com a visita à Exposição Biobibliográfica de que a BMM tem um espólio relevante.
Esta atividade, aberta à comunidade, deu a conhecer um dos maiores vultos da nossa cultura, concorrendo de forma decisiva para a concretização de um dos objetivos da UNESCO «imprimir um impulso à divulgação da cultura».
Lourdes Graça Cunha e Silva
Suzana de Sousa e Silva -
08-03-2014 - Dia Mundial da Mulher
Como vem já sendo habitual, festejámos o dia mundial da mulher, ou seja, o dia das Nações Unidas para os direitos da mulher (8 de março) num almoço convívio na Quinta da Pereira, em Favões.
Fizemos um percurso pedonal até ao rio Tâmega num panorama cheio de cor e de som, de rara beleza ambiental e espiritual.
Respiramos ar puro em são convívio e amizade.
Vivíamos o Dia Mundial da Mulher que refere os seus direitos a nível nacional e internacional.
Direitos já institucionalizados pela legislação, pelos costumes e comportamentos, em muitos países, enquanto noutros são ignorados, ou com muito difícil implementação.
De acordo com a ONU, são direitos das mulheres:
1. Direito à vida, à liberdade e segurança.
2. Direito à igualdade, à informação e educação.
3. Direito à privacidade, à saúde, à constituição de família, procriação e liberdade de reunião.Afinal este universo constitui a igualdade de género tão cantada e, segundo elas, pouco implantada.
Foi com este pensamento que associados e associadas, amigos e amigas do clube Unesco da Maia nos reunimos num são convívio.
Durante o opíparo almoço trocamos impressões sobre a relevância do momento. O presidente do clube referiu momentos significativos que a Unesco aproveita sempre para dignificar tudo quanto releva os valores culturais da humanidade.
Houve animação, muita animação.
Raul da Cunha e Silva
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28-02-2014 - Visita cultural ao Porto de Nasoni
No dia 28 de fevereiro, o Clube UNESCO da Maia foi visitar a Casa da Prelada, no coração do Porto.
É este um exemplar emblemático da cidade e que abriu as portas ao público, depois de remodelações necessárias à sua conservação.
É considerada a maior obra de arquitetura paisagística concebida pelo célebre arquiteto italiano Nicolau Nazoni.
Situava-se na rota dos caminhos de Santiago. Era esta casa de Noronha e Menezes.
O memorialista Francisco Manuel Xavier de Castro, nas “Memórias paroquiais de Ramalde” refere-se-lhe deste modo:
“No lugar do Prelado há uma quinta que passa pela melhor destas províncias” passa depois a descrever a casa: as alamedas de árvores; espaços de lazer: duas meias laranjas de pedra lavradas com seus assentos(…) As cazas estão comessadas com o risco de Nazoni, pintor italiano que vive na cidade do Porto, a torre que faz vista para o páteo, enfim uma descrição pormenorizada que só se justifica pela importância que tinha, no contexto hurbanístico local.
A nossa visita foi um recuo ao passado, sabiamente esclarecido pelo Dr José António Gomes que não descurou pormenores do passado e a adaptação às novas necessidades, de hoje, com um salão, que, embora incorpore elementos modernistas, não fere a arquitetura de origem.
Percorremos o labirinto de buxo que é também referenciado pelo memorialista nestes termos: “Pegado ao segundo jardim há um labirinto de buxo que tem setenta e três pés e três quartos por lado”. As fontes, as camélias, os espaços verdes foram deleite para todos.
Foi uma visita em que se realçou a importância deste tipo de Património, sua conservação e a necessidade de preservar estes tesouros que fazem parte da identidade dos povos.
Raúl Cunha e Silva
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21-02-2014 - Dia Internacional da Lingua Materna
O Dia Internacional da Língua Materna proclamado pela UNESCO em 17 de novembro de 1999 foi reconhecido formalmente pela Assembleia Geral das Nações Unidas. É comemorado anualmente em 21 de fevereiro para promover a diversidade linguística e cultural.
A importância desta data releva dos valores da aprendizagem da língua como instrumento fundamental da construção do mundo e das suas representações.
Há, de facto, uma correlação fundamental entre a língua, a identidade do indivíduo, de uma comunidade, de um país.
Em primeiro lugar entre a linguagem, as representações e o pensamento. No fundo é uma correlação entre a aquisição e desenvolvimento da linguagem e o desenvolvimento intelectual, bem como a identidade com o meio sócio económico e cultural.
Daí que a aprendizagem da língua materna implique a aquisição dos valores e representações dos restantes falantes da mesma língua.
Isto forma e pressupõe uma comunidade que é fundamental para as situações políticas, quando a comunidade linguística não é um estado fundamental para a defesa do indivíduo e da comunidade a que pertence e do multiculturalismo.
Daí a necessidade de preservar as línguas na medida em que elas transportam valores culturais identitários de povos que eventualmente tenham desaparecido.
Segundo estudos da Unesco há muitas línguas que se perdem e outras que estão ameaçadas.
A Diretora-Geral da UNESCO, Irina Bokova, alertou que a diversidade linguística é um patrimônio frágil e corre risco de ser perdido. No Dia Internacional da Língua Materna, ela ressaltou que a língua é uma aliada-chave contra a discriminação, serve para proteger a herança cultural mundial e para a promoção da diversidade criativa.
“Diversidade linguística é nosso patrimônio comum. A perda das línguas empobrece a humanidade. Isso é um retrocesso na defesa do direito de qualquer um de poder ser escutado, de aprender e de comunicar”, disse Bokova. De acordo com ela, 50% de todas as línguas faladas no mundo – uma estimativa de 6.700 -, estão em perigo de desaparecer até o fim do século. “[As linguagens] são quem nós somos; ao protegê-las, nós protegemos a nós mesmos”. Bokova argumentou que permitir populações excluídas, como povos indígenas, a aprender línguas maternas em classes de aulas desde pequenos poderia promover a igualdade e a inclusão social.
O Dia da Língua Materna é celebrado desde 2000 para promover o multilinguismo e a diversidade cultural.
A língua materna é uma aliada fundamental contra a discriminação, serve para proteger a herança cultural mundial e para a promoção da diversidade criativa e multicultural.
Falantes de uma mesma língua apresentam diferenças nos seus modos de falar, de acordo com o lugar em que estão (variação diatópica), com a situação de fala ou registro (variação diafásica) ou, ainda, de acordo com o nível socioeconômico do falante (variação diastrática).
Uma língua pode-se dividir em inúmeras variedades dialetais, desde as mais abrangentes até às sub-variedades mais específicas -por exemplo do grupo dialetal transmontano-alto-minhoto, que se inclui nos dialetos portugueses setentrionais.
O Dia da Língua Materna é celebrado desde 2000 para promover o multilinguismo e a diversidade cultural. A diversidade cultural é tão importante quanto a diversidade biológica. A vitalidade de uma língua depende daqueles que falam e se agrupam ao redor dela para a proteger.
Nos tempos atuais há uma aceleração muito rápida relativamente ao futuro, em boa parte desconhecido, mas em que a globalização parece ser uma meta a atingir. Dentro da qual, além de áreas económicas também a linguística.
E se admitirmos que o mundo caminharia para uma língua oficial de comunicação, admitindo como língua o inglês, reconheceríamos que as restantes seriam em primeiro lugar secundarizadas, depois esquecidas e com elas o acerbo cultural mundial minimizado.
Em tempos idos este fenómeno aconteceu por exemplo com o latim no tempo do império romano do ocidente e com o grego no do oriente.
Com as línguas secundarizadas e desaparecidas também as culturas.
Não podemos admitir a hipótese nos tempos modernos que fenómeno semelhante possa ocorrer.
Para isso há que defender a nossa língua como instrumento de comunicação e de identidade cultural, mesmo que haja necessidade de falar outras línguas.
E quando se diz defender diz-se usar nos fóruns nacionais e internacionais a língua própria, mesmo que se saiba falar a dos outros.
Claro que a língua materna deve ser defendida em primeiro de ignorância, de anglicismos dispensáveis de certos falantes que têm o microfone sempre perto da boca.
É certo que há regionalismos que urge preservar como são o nortenho, o lisboeta, alentejano, madeirense ou açoriano desde que respeitem a gramática e não curem de se impor aos restantes. É que as variantes linguísticas revelam regiões dentro de um espaço nacional.
Esta realidade deve merecer profunda reflexão e defesa perante o globalismo se cada falante quiser conservar a sua identidade.
Uma língua pode-se dividir em inúmeras variedades dialetais, desde as mais abrangentes (e. g. português europeu e português brasileiro) até às sub-variedades mais específicas - a exemplo do grupo dialetal transmontano-alto-minhoto, que se inclui nos dialetos portugueses setentrionais.
Raul da Cunha e Silva
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25-01-2014 - Visita cultural a Coimbra
No passado dia 25 de Janeiro, o Clube UNESCO da Maia realizou uma visita cultural a Coimbra tendo como objetivo o Museu Nacional Machado de Castro e o Mosteiro de Santa Clara–a–Velha.
Durante a viagem para Coimbra, no autocarro, foi feita a síntese da sua história e das suas tradições, das origens à atualidade e ouviram-se fados de Coimbra interpretados por músicos e autores consagrados.
Parámos no Museu Nacional Machado de Castro, situado na Alta, junto da Universidade. Às 10 horas iniciámos a visita pelo monumental criptopórtico, talvez o mais notável do mundo romano, situado sob o Museu. Serviu de base à construção do fórum de Aeminium, futura Coimbra. Nele se podem ver achados arqueológicos do tempo do Império Romano.
Em seguida, visitámos o Museu Nacional Machado de Castro cujos tesouros no domínio da escultura, da pintura, da cerâmica, da ourivesaria e da tapeçaria que muito apreciámos, sempre orientados por um guia competente.
Este Museu, com cem anos, reaberto ao público após obras de beneficiação, bem merece a distinção que obteve, em 2013, de Melhor Museu Português do Ano.
Depois de um almoço muito agradável no restaurante do Museu, partimos para a visita ao Mosteiro de Santa Clara–a–Velha. Aqui chegados, entrámos no Centro Interpretativo, anexo ao Mosteiro, edifício de arquitetura contemporânea da autoria dos arquitetos Alexandre Alves Costa, Luís Urbano e Sérgio Fernandez.
No auditório deste Centro Interpretativo foi-nos apresentado um filme sobre a fundação do Mosteiro e a vida das Clarissas, após o que percorremos o espaço museológico do Centro que guarda e expõe as numerosas peças, encontradas nas escavações arqueológicas, que testemunham o quotidiano das freiras.
A visita ao Centro terminou com a visualização de um filme sobre a água que mostrava a vida junto do rio Mondego e os problemas causados ao Mosteiro de Santa Clara causados pela invasão das águas.
Fomos depois visitar as ruínas do Mosteiro, agora livres das águas, embora parte do complexo ainda esteja soterrado.
Apreciámos os vestígios dos espaços a céu aberto, como o claustro, parte da grandiosa obra da refundação de Santa Clara, iniciativa da Rainha Santa Isabel. Foi, contudo, a belíssima igreja de estilo gótico que mereceu uma atenção especial, tendo sido valorizado o modo como se recuperou e conseguiu o controlo das águas.
Também, na visita a Santa Clara–a–Velha, nos foi proporcionado um excelente guia.
Os elementos do grupo tiveram acesso a informação escrita sobre o Mosteiro fornecida pelo Clube UNESCO da Maia, pois, ao contrário do que aconteceu no Museu Nacional Machado de Castro, não nos foi fornecido nenhum texto escrito da iniciativa dos responsáveis do Centro Interpretativo.
A seguir ao lanche na cafetaria do Centro, regressámos à Maia.
Durante a viagem falou-se de literatura com referência a Luís de Camões, a Sá de Miranda, à “Questão Coimbrã” e a diversas personalidades que passaram por Coimbra, nos séculos XIX e XX, como Teófilo Braga, António Nobre, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Miguel Torga e Manuel Alegre.
Leram-se alguns versos de António Nobre e excertos do “Diário” de Torga.
O resto do percurso foi preenchido com a audição de fados de Coimbra.
No final da viagem, houve uma intervenção do Presidente do Clube UNESCO da Maia para agradecer aos organizadores e colaboradores, bem como a todos os que participaram nesta visita cultural que considerou ter sido muito interessante.
Manuela Batista
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10-01-2014 - Os Reis Magos e as Janeiras
Segundo S. Mateus (2.1-6) os magos vindos do Oriente, guiados por uma estrela foram à casa onde estava o menino, sua mãe e S. José, oferecendo-lhe ouro (realeza), incenso (divindade) e mirra (humanidade).
Algumas notas:
Só S. Mateus fala nos magos.
O seu evangelho foi escrito em aramaico e difundido em grego entre os anos 60 e 100 depois da morte de Cristo. Isto significa que já não eram vivos os apóstolos do tempo de Cristo.
Por que será que só S. Mateus fala dos magos vindos do Oriente e os outros evangelhos ignoram o facto?
Além disso, Mateus não diz se eram 3,4,2 12. Apetece-me dizer, nenhum.
Com efeito, não era possível vir do oriente (Média e Pérsia) sem gastar muito tempo, mesmo anos. O menino certamente já não estaria onde tinha nascido.
Mas quem eram os magos?
Magoi em grego eram sacerdotes que na Média e na Pérsia interpretavam os sonhos. Constituíam, segundo Heródoto, uma das seis tribos que formavam a Média.
A raiz de mago é mag que significa intermediário da divindade. Por isso os magos eram intermediários entre o céu e a terra auscultando atentamente as estrelas para ler as suas mensagens.
Da palavra mago deriva magia. Isto significa que os magos faziam magia. O exemplo do Êxodo (cap.8) na questão das 7 pragas do Egito é muito claro. Para cada praga vinham os magos fazer uma igual ou anulá-la. O faraó consultava os magos que tinham existência legal.
Mas podemos recuar aos tempos primordiais em que magia se confundia com feitiçaria:
Magia - mito - rito – religião.
Vivemos sob a cultura da luz: a luz do dia e a luz da noite. Preside ao dia a luz do sol; e preside à noite a luz, diferida, da lua, acompanhada de miríades de estrelas cravadas na infinidade dos espaços celestes.
O nascente aponta o sentido da plenitude; e o poente faz-nos entrar no mistério da noite. O nascente sempre foi – e sempre será – mensageiro da esperança.
No nascente arcádico e caldaico nasceu a cultura e o seu veículo mais consistente – a escrita. A escrita tornou-se um poder, e um poder perigoso.
Todas as revoluções se apressam em escrever as suas constituições, para cristalizar a própria revolução, para a conservar em documento inviolável.
Com o triunfo de uma revolução, o próprio revolucionário se converte num conservador radical.
Mas há um dia em que a luz do dia inverte o domínio da luz da noite. Nesse dia acontece o solstício do inverno.
Intervém nesse dia uma divindade que olha para trás e olha para a frente, ao mesmo tempo. Para olhar para trás e para a frente ao mesmo tempo, precisa de duas caras, já que os olhos humanos só podem ver para a frente. Por isso, a divindade, tendo duas caras, olha em duas frentes: o futuro e o passado. Esta entidade divina – romana – chama-se Jano.
Jano é o deus das portas, das entradas e das saídas, o deus de todos os começos, o deus de todas as esperanças.
Um povo, imbuído de todas as esperanças, exprime esse sentimento profundo e coletivo, cantando. É o cântico de Jano: são as janeiras.
Os cantares das janeiras expressam alegria. São sucedâneos dos cantares das festas saturnais dos romanos: «Haja alegria / hoje aqui neste lar / que já nasceu o Deus Menino / em Belém para nos salvar.»
Um novo sol, uma nova estrela brilha no oriente. À alegria cósmica dos anjos alia-se a alegria dos homens e todos os tempos, sempre carregados de todas as esperanças.
«Vamos cantar as janeiras…»
Na parte final houve um debate com questões muito interessantes dirigidas aos oradores.
Como experiência foi muito positiva.
Raul da Cunha e Silva