Histórico de actividades 2018
- 15-12-2018 - Natal 2018
- 26-10-2018 - Homenagem a Álvaro do Céu Oliveira
- 20 e 21-10-2018 - Programa Educativo GEA – Terra Mãe
- 13 e 14-10-2018 - 6ª Encontro Nacional dos Centros e Clubes UNESCO
- 29-09-2018 - Sabrosa na peugada de Miguel Torga
- 22-09-2018 - A Mulher da Maia da periferia à urbe portuense
- 09-07-2018 - Os artistas da Maia no Porto do Séc. XVIII
- 30-06-2018 - Brandas e Inverneiras - A vida ao compasso do clima
- 09-06-2018 - Conferência sobre António Ventura de Azevedo e Sousa
- 17-05-2018 - Abolição da Pena de Morte
- 21-04-2018 - 8º Aniversário do Clube UNESCO da Maia
- 13-04-2018 - Tertúlia sobre Eugénio de Andrade
- 24-03-2018 - À descoberta do Património Arquitectónico da Misericórdia do Porto
- 24-02-2018 - O clube UNESCO da Maia e as superstições
- 10-02-2018 - Quando a Cultura anda de mãos dadas à recreação
- 20-01-2018 - O Éthos do Direito
- 17-01-2018 - Visita de D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto
- 13-01-2018 - Conferência sobre O Dia Mundial da Paz
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15-12-2018 - Natal 2018
No dia 15 de Dezembro fizemos o 9º almoço de Natal do clube Unesco da Maia. Estiveram presentes muitos os associados e amigos.
Iniciámos o convívio com uma mensagem de Natal proferida pelo associado Padre Joaquim Moreira dos Santos que salientou o Natal como a festa do nascimento de Cristo. Considerou ainda os seguintes pontos:
Natal do latim natalis significa nascimento. Está na origem de numerosas palavras, como natalidade, natura, natalício, nato (nado),nascer, nascimento, renascimento, nascituro e outras.
Natalis era uma festa romana (natalis solis - nascimento do Sol) que se celebrava no solstício de inverno (dia24 de dezembro) Tinha grande simbolismo, pois era o início do crescimento dos dias, ou seja, da luz e consequente diminuição da noite, das trevas. Festa perfeitamente adaptável ao nascimento de Cristo que a Igreja sabiamente soube fazer.
No almoço de Natal a alegria que se sente e vê contagia-nos a todos. É o espírito de Natal.
Depois do almoço, passamos ao Momento Cultural.
Teve este momento o objectivo de evocar o Natal através da poesia. Desta vez, apelámos à veia poética dos associados que, através de jogos lúdicos, criaram poemas de um beleza surpreendente. Houve dois tipos de poemas:
Poemas de autores conhecidos e poemas da autoria dos associados. Estes últimos mereceram-nos especial atenção, por serem inéditos e, particularmente, de uma beleza que a todos surpreendeu, pelo que fizemos questão de os partilhar convosco,colocando-os nas mesas.
Seguiu-se um dos pontos mais altos desta festa natalícia: a admissão de novos associados. Foram admitidos oito novos associados.
Nomes dos associados: Alcindo Ferreira dos Reis, Maria La Salete Dias Pereira, Antonieta Maia Ramos, Otávio José Bento Gonçalves, Cassilda da Conceição Gonçalves, Hélder Quintas Oliveira, Elza Albuquerque Ramos
Nome dos proponentes padrinhos: Adalberto Costa, Família Lima, Lourdes Graça, Raul da Cunha e Silva
Este momento foi orientado pelas associadas Liliana Aguiar e Ana Almeida que teceram como entrada os seguintes pontos:
Sendo a UNESCO uma organização que tem como principal missão contribuir para a paz e o desenvolvimento humano através da educação, da ciência, da cultura e da comunicação, é imperativo que, a cada ano que passa, os valores que esta família defende, cresçam a partir dos núcleos locais como a CUMA.
Assim, foi com muita satisfação, alegria e orgulho que no dia 15 de dezembro, no almoço convívio de Natal, acolhemos os novos membros que se identificam com estes valores e princípios adotados pela UNESCO e, estamos certos, os difundirão.
Sejam bem-vindos e, tal como Ricardo Reis referiu:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.Cada proponente entregou o currículo e o livro mais recente que o Clube publicou: “A mulher da Maia – da periferia à urbe portuense”.
Do momento do Presidente do Clube salientámos:
A todos os nossos associados e amigos deseja o presidente do clube que o espírito de Natal lhes ilumine os caminhos da vida para o seu bem pessoal,da sua família e dos seus amigos.
Gostaria de pôr em evidência a luz de Natal,a origem da festa e as encruzilhadas da vida,ou seja, 3 realidades:sol,luz,natal.
Seja em 1º lugar a luz que ilumina o caminho numa bela pintura do nosso associado Artur Baptista.
A luz que ilumina os caminhos da vida. É histórico que cada um de nós encontra ao longo da sua vida muitos caminhos que se cruzam,que fazem encruzilhadas.Seguir uma é umas vezes acertar outras errar.. .
Os romanos celebravam no solstício de inverno o dies natalis lucis ou solis invicti (24de dezembro)
Tinha terminado o crescimento da noite e começava o do dia, ou seja, a luz venceu as trevas.A igreja aproveitou a data para introduzir o nascimento de Cristo.
O clube Unesco da Maia faz todos os anos a sua festa de Natal.
Antes,porém, de relevar o evento, gostaria de repetir o que muitas vezes tenho dito:
Toda a filosofia da Unesco aponta para a iluminação da mente humana pela concretização dos grandes objetivos “Se é na mente dos homens que nascem as guerras,é na mente.que devem ser educadas as defess da paz (Ato constitutivo da Unesco) .
Tendo em consideração que o “tempus fugit”,é altura de trazer à colação algumas grandes verdades.
Em primeiro lugar, o clube é de todos os associados desde os que o começaram até àqueles que hoje entraram.E relativamente aos que o começaram, eu queria distinguir a comissão instaladora:Augusto Seara,José Oliveira e este vosso humilde servidor.E também todos aqueles que deram de si para o bem de todos.
Todos trabalharam e lutaram para fazer crescer esta grande edifífio.
Construiram o seu espaço cujo telhado é o ceu,o soalho a mãe terra ,as paredes ficam para os vindouros.
A todos quantos trabalharam para este grande dia (Conceição,Edite Lourdes e todos os outros) a luz do Sol.
Raul da Cunha e Silva
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26-10-2018 - Homenagem a Álvaro do Céu Oliveira
No dia 26 de outubro, o Clube UNESCO da Maia, em parceria com a Biblioteca Municipal tratou o tema: “Álvaro do Céu Oliveira – vida e obra.”
Álvaro do Céu, ao centro – foto cedida por Mário Silva Foi o 14º notável da Maia que o clube UNESCO da Maia estudou. Foi um encontro quase familiar, assim o programámos, e sublinhamos com muito carinho a presença dos descendentes do autor: filhas, genros e netos e a esposa: Senhora Dona Maria Helena Gramaxo.
A conferência teve três palestrantes: Manuela Baptista, Jaime Gonçalves e Adalberto Costa.
Foi um momento alto para a cultura da Maia, pois relembrar um ilustre Maiato, com o perfil de Álvaro do Céu Oliveira é um ato de glória e de gratidão.
Foi moderadora da sessão Natércia Cardeano.
“Também a nível local há quem se preste a anotar nos anais do tempo os feitos das pessoas que por isto ou por aquilo se vieram a destacar na sociedade onde viveram inseridos deixando o nome bem visível no livro do tempo lido por todos os interessados.
Foi o que se passou com o nosso póstumo homenageado, Álvaro Do Céu Oliveira.
Pessoa arguta que se apercebeu que certos factos, narrações, acontecimentos ou pessoas deveriam subir ao pedestal da imortalidade vindo a servir de exemplo aos vindouros.
O desfilar perante os nossos olhos da visita da rainha Dª Maria a Terras da Maia com toda a pompa e circunstância onde se deliciou pela primeira vez com lampreia até aos confrontos de ideias entre os “velhos” absolutistas e os defensores do liberalismo, convulsões que desembocarão no regicídio em 1908… As lutas intestinas pela transferência do município do Castelo param Barreiros/picoto/Maia… O anticlericalismo…Uma pessoa que prendeu a atenção do autor foi o Visconde de Barreiros.
Numa época em que o país mais aposta na “exportação” de mão de obra dadas as grandes dificuldades que as famílias portuguesas atravessavam a segunda metade do séc. XIX fo ipródigo nesse movimento migratório.
O Brasil era apontado como o lugar de enriquecimento fácil, daqui essa atração. Claro que a maior porte só não conseguiu os seus intentos como mais se endividou e morreu na miséria-
Alguns, porém alcançavam grande poder, sobretudo económico. Eis O Visconde de Barreiros e a notoriedade pela disponibilidade demonstrada com os investimentos públicos sobretudo a instrução e as escolas.
Conheci o Sr. Álvaro do Céu Oliveira era ele já “balzaquiano”, quando nos cruzámos casualmente no escritório do Prof. Vieira de Carvalho ao tempo Presidente do Município. E trocámos impressões, algumas pois o tempo urgia´, e deu para entender a pessoa interessada que era nas questões da sua terra e na vontade de as levar à estampa para que se não perdessem e pudessem atender aos mais jovens.
Para os seus escritos sempre contou, segundo dizia, com os conselhos do Presidente e do P, Duarte à altura pároco de S. Miguel de Barreiros,, (…)”
Jaime Gonçalves
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20 e 21-10-2018 - Acção de Formação “Programa Educativo GEA – Terra Mãe
e os objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas”Eram dez horas do sábado, 20 do corrente mês de outubro, quando, no auditório da Escola Secundária da Maia, começaram os trabalhos sob o tema GEA /TERRA- MÃE e os objectivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. A iniciativa partiu da CUMA. (Clube Unesco da Maia).
A mesa constituída pelo Presidente do Clube Prof. Dr. Raul da Cunha e Silva e Artur Sá da U.T.A.D
O. primeiro orador da manhã dissertou sobre o assunto de forma esclarecedora e inteligível. Seguiram-se outros oradores que, da mesma forma, atacaram o” status” tendo como palavra de ordem salvar o planeta do abismo para onde estamos a caminhar; a necessidade de transmitir esta preocupação aos vindouros bem como acções que corrijam os atropelos
Gea-Terra Mãe foi o tema do seguinte orador. Afirmou que é um projecto educativo cujos objetivos são o desenvolvimento sustentável do planeta Terra.
A Terra tem uma importância transcendental. Os mitos genesíacos consideram-na como a fonte da vida, seja no mar, seja na terra, no fogo ou, incluindo todos os 4 elementos de Empédocles, no ar.
As relações sistémicas entre estes elementos trouxeram ao longo de milhares de milhões de anos (quatro mil milhões?) a vida que, sofrendo os vários processos da evolução, chegou triunfante até aos nossos dias. Acontece, porém, que ao longo do tempo as coisas mudaram.
O ambiente, o clima, a atmosfera, a água e os mares têm sofrido profundas alterações que começam a pôr em perigo a vida e a habitabilidade da própria Terra.
Foi para combater tal possibilidade que a ONU em 2015 propôs a” Agenda 2030” que inclui 17 grandes medidas de Erradicação da Pobreza e Desenvolvimento Sustentável centrados no planeta, nas pessoas e no desenvolvimento económico-social e ambiental numa dimensão universal ( Professor Raul)
Sobre o clube Unesco da Maia a professora Ana fez uma síntese cujos pontos essenciais são os seguintes :Clube muito activo com reuniões versando a vida de outros tempos; Conferências / encontros comemorações temáticas .Edição de livros da autoria dos associados.
Seguidamente a Elisabeth Silva (Substituída pelo professor Artur Sá) reconhecendo a importância dos 17 ODS e da suas 169 metas e respectivos indicadores, o Programa GEA-Terra Mãe procura agora ajustar os seus objectivos específicos, visando contribuir para a promoção e implementação dos mesmos É neste enquadramento que módulo irá focar-se nos 17 ODS e sua relação com as Ciências da Terra e o seu impacto para uma sociedade mais desenvolvida, resiliente, esclarecida e participativa.
A Dr.a Maria José Roxo afirma que não é possível negar o efeito que as mudanças no clima verificadas a nível global estão a ter nos ecossistemas e sobra as sociedades Serão alvo de reflexão os seguintes objevos:13-Ação Climática e 15-Proteger a vida terrestre, tendo por base a realidade do nosso país.
O Dr Artur Sá refere-se às alterações climáticas e aos sérios problemas que colocam à biodiversidade e ao ser humano. Estar-se-á numa boa altura para contemplarmos uma mudança de paradigma tendo presente que o passado é a chave do futuro.
A concluir os trabalhos do primeiro dia dissertaram ainda o doutor Carlos Meireles e Artur Sá.
Ambos dirigiram os trabalhos de campo do dia 21, como veremos na segunda parte deste resumo.
O progresso tecnológico da humanidade sempre dependeu da exploração dos recursos geológicos do planeta. Os conhecimentos geológicos são aplicados em diversas áreas como, por exemplo, na exploração dos minérios e produtos energéticos.
A ciência virada para a natureza, a cartografia geológica, a sua importância na economia, são investimentos de grande alcance.
A importância dos geoparques, com a proclamação internacional de Geociências e Geoparques da Unesco em novembro de 2015 foi reforçado o trabalho conjunto com o Programa Internacional de Geociências.
Tem contribuído em colaboração com outras instâncias para em ambiente de educação formal e informal aumentar os conhecimentos no domínio das Geociências contribuindo para a sua relevância de “geociências ao serviço da Sociedade”.
Conclusões e propostas
1º O clube Unesco da Maia-Cuma tem como objectivos os ideais da Unesco, ou seja, a Ciência, a Educação, a Cultura e a Comunicação.
Neste sentido, é racional a promoção da actual acção formativa Gea-Terra Mãe cujos objectivos são o desenvolvimento sustentável do planeta Terra.
2 A Terra tem uma longa história de 4000 milhões de anos, durante os quais sofreu alterações substanciais e profundas que importa conhecer.
É que sem o passado não há futuro.
3 As alterações climáticas que ocorreram recentemente fazem parte da história da Terra cujo passado está escrito nas rochas.
4 Ao referir as rochas, assume importância relevante a Geologia que deve estar ao serviço da sociedade.
5 As Geociências, as Cartas geológicas são importantes para o futuro do mundo e devem estar ao serviço da Vida e da Terra.
Proposta: Reduplicação de acções de formação em ambiente de educação formal e informal nas escolas, clubes, municípios. É urgente conhecer as ameaças à vida e à saúde da terra e combatê-las. Raul da Cunha e Silva.
Trabalho de campo.Dia 21
Esta ação de formação realizada pela CUMA teve o apoio da Câmara Municipal da Maia, do
Centro de Formação de Professores Maia- Trofa, da Comissão Nacional da UNESCO, do Comité Nacional para o Programa Internacional de Geociências (PIGC-UNESCO), do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e da Escola Secundária da Maia.
Com esta ação, vocacionada fundamentalmente para os professores do ensino secundário e do básico (3º ciclo) das escolas da Maia e concelhos limítrofes, e aberta a todos os sócios da CUMA, pretendia-se: 1) a divulgação do concurso escolar GEA-TERRA MÃE nas escolas da Maia. Este concurso escolar é da iniciativa do Comité Nacional para o Programa Internacional de Geociências da Comissão Nacional da UNESCO; 2) contribuir para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, das Nações Unidas, com enfase no ponto 4 “Educação de Qualidade”, com particular destaque para o ensino das Ciências da Terra e da geodiversidade; 3) contribuir para a formação científica dos professores e atualização dos seus conhecimentos no âmbito das Ciências da Terra.
Enquanto no 1ª dia (20 de Outubro), foi dedicado a palestras (ver programa), no 2ª dia (21 de Outubro) fez-se uma aula prática de Geologia de Campo dedicada ao tema “O Paleozóico dos setores de Valongo e da Serra de Rates”. Esta aula de campo foi orientada pelo Prof. Artur Sá (UTAD; PIGC-UNESCO) e pelo Doutor Carlos Meireles (LNEG; PIGC-UNESCO; CUMA). Foi produzido um guia desta excursão para complemento da informação e da formação (edição: Carlos Meireles e Ana Almeida, CUMA)
A Geologia conta a História da Terra, desde a sua formação, há mais de 4600 mil milhões de anos até ao tempo presente. A escala do tempo geológico, isto é, as linhas de tempo que os geólogos usam e que se baseiam nos grandes eventos geológicos que marcam a história do nosso planeta, é subdividida em várias unidades de tempo (Éon, a maior unidade de tempo, mil milhões de anos, que se subdivide em Eras; as Eras em Períodos; estes em Épocas e por sua vez, as Épocas em Idades). Para o geólogo realizar tal empreitada (reconstituição desta história do planeta), baseia-se nos estudos que faz sobre as rochas e sobre os fósseis que, por vezes, estas contêm, ou na falta destes, fazendo uso dos meios analíticos que quantificam os processos físicos do decaimento radioactivo dos elementos químicos, constituintes de certos minerais .
Nesta saída de campo foram visitadas rochas do Paleozóico (Era que se estende desde cerca dos 542 Ma até aos 252 Ma) que ocorrem em Valongo e na Serra de Rates.
Em Valongo, recuamos no tempo até às antigas praias e sedimentos marinhos depositados entre os 477-470 Ma (milhões de anos) nas plataformas costeiras de um dos grandes continentes que terão existido nesses tempos, designado, pelos geólogos, de Gondwana. Foi possível observar, gravados nas rochas, os vestígios da presença de seres vivos marinhos, os icnofósseis (do grego ichnós, marca, traço, pista), desde as marcas de locomoção das trilobites (longínquos antepassados do atual bicho de conta), as Cruziana, aos vários tipos de marcas deixadas pelos Vermes que viviam nessas águas (Daedalus, Skolithos). Demos depois um salto no tempo geológico (para os 445-443 Ma), embora atualmente à distância de escassos quilómetros, para observar vestígios da glaciação que afetou o continente Gondwana, que ocupava nesses tempos o Pólo Sul, como hoje está a Antártida. Depois, um salto ainda maior no tempo, para o Período Carbónico, neste caso em rochas com idades entre os 307 – 300 Ma, onde já havia vida no continente, como atestam os inúmeros fósseis de plantas (diferentes tipos de fetos, as primeiras árvores).
Depois de recuperar energias, no parque de merendas do Santuário de Santa Eufémia, com um farto farnel repleto de iguarias e viandas primorosamente preparado pela Ana Almeida, lá seguimos, abençoados pela Santa, para outras paragens.
Na Serra de Rates, relevo gerado pelas forças custais da Terra e moldado pela ação erosiva dos agentes da sua dinâmica externa, particularmente a água, que inexoravelmente e pacientemente vão moldando a morfologia da superfície do planeta, foi-nos dado a constatar como as forças tectónicas do nosso planeta podem tornar mais complexa a geologia ao “baralharem” a normal sequência estratigráfica (do latim stratum, camada, e do grego graphia), colocando em contacto rochas do Carbónico (aproximadamente à 300 Ma), com rochas do Devónico Inferior (419-393 Ma), e destas, com rochas do Ordovícico Médio (470-460 Ma). Mais uma vez se observaram fósseis de animais marinhos destes Períodos (conchas, equinodermes primitivos, “antepassados” afastados dos ouriços-do-mar). Foi possível constatar, in loco, que a investigação geológica nunca termina, há sempre coisas novas a descobrir, pois só assim, a Ciência e o conhecimento avançam.
A visita terminou no Monte de S. Féliz de Laúndos, no mesmo tipo de rochas onde tínhamos começado, em Valongo, a mais de 30 km de distância: nos antigos sedimentos de 477 Ma, depositados na plataforma marinha do Gondwana.
A paisagem atual, que se vislumbra do Monte de S. Félix de Laúndos, com uma extensa planície costeira que, da arriba orográfica da Serra de Rates se espraia até ao mar, com vestígios de antigas praias, é testemunho do último recuo do mar e/ou do soerguimento tectónico da serra, já no Período Quaternário, assim designado o tempo geológico presente, em que vivemos.
Raul da Cunha e Silva
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13 e 14-10-2018 -Participação do Clube UNESCO da Maia no 6º Encontro Nacional dos Centros e Clubes UNESCO – Vila Nova de Foz Côa
O encontro iniciou-se às 14horas do dia 13 de Outubro de 2018, realizando-se o evento no Museu do Côa em Vila Nova de Foz Côa.
A sessão de abertura foi presidida pelo Presidente da Fundação do Côa e contou com as intervenções da Secretária Geral da Comissão Nacional da Unesco e da Sra. Presidente do Clube Unesco Entre Gerações com sede em Vila Nova de Foz Côa, clube anfitrião.
Por seu lado, a Comissão Nacional da Unesco, após a sessão de abertura e através da sua Secretária Geral e da Dra. Ana Ormeche, expuseram a actividade da Comissão na área dos centros e clubes Unesco nacionais, dando conta de que no próximo ano entrará em vigor um novo Regulamento/Guia para os centros e clubes elaborado e aprovado pela Unesco.
De seguida foi proposta a criação de entre os presentes Clubes e Centros Unesco – 26 – de dois grupos de trabalho com vista à apresentação de propostas relativamente à organização, modo e acções de trabalho para o próximo ano.
No dia 14 de Outubro, os grupos de trabalho formados, continuaram com a sua apreciação do proposto tendo sido apresentadas as conclusões no período anterior à sessão de encerramento do encontro. Assim, das conclusões retiradas foram apontadas as seguintes propostas com vista a que a Comissão Nacional as aprecie e ponha em acção:
1ª A criação de uma Plataforma informática para que os Clubes e os Centros Unesco possam dialogar entre si, bem como para que possam trocar ideias e colaboração mútuas nas acções que cada um tenha em plano de actividades;
2ª Adesão a um princípio de rejuvenescimento dos associados, de modo a fazer interessar e motivar os mais jovens para os princípios da Unesco e acções dos clubes e dos centros;
3ª Constatação da necessidade de haver mais intercâmbio entre os clubes e os centros;
4ª Necessidade de maior intervenção dos clubes e dos centros na sociedade civil, privilegiando p.ex. as Escolas;
5ª Necessidade de descentralização dos Encontros Unesco, propondo os presentes a realização do próximo Encontro Nacional nos Açores, na Ilha de S. Miguel.
A sessão de encerramento foi presidida pelo Embaixador e Presidente da Comissão Nacional da Unesco que se pronunciou sobre a acção da Comissão Nacional da Unesco e sobre o trabalho dos clubes e centros, como sendo importante para a valorização e desenvolvimento dos princípios da Unesco.
Todos os participantes no encontro tiveram refeições no Museu do Côa, jantar do dia 13 de Outubro e almoço do dia 14, tendo sido realizada visita nocturna ao Parque de gravuras, visita guiada ao museu e participação em oficina arqueológica em local próprio do museu.
Adalberto Costa
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29-09-2018 - A Mulher da Maia da periferia à urbe portuense
(final do século XIX - início século XX)No dia 22 do corrente mês de setembro, o clube Unesco da Maia apresentou no Salão Nobre da Junta da freguesia da Cidade da Maia, o estudo “A Mulher da Maia da periferia à urbe portuense”.
Estiveram presentes cerca de cem associados e amigos, além do grupo de cavaquinhos de Paranhos.
A Dra. Olga, Presidente da junta de freguesia da cidade da Maia, e a Dra. Emília Santos, vereadora da Câmara Municipal, referiram elogiosamente o trabalho e o estudo do clube.
A sessão foi aberta por Mário Jorge, ilustre membro do executivo maiato, que referiu o contentamento pela acção e relevância do clube UNESCO.
Sucessivamente os diversos autores foram apresentando uma súmula do assunto que trataram que, para além do movimento conferiu muito interesse à sessão e colorido à apresentação.
Foram assinaladas:
A lavadeira e as pedras de lavar, a leiteira, a peneireira e outras actividades como a galinheira, a carreteira, a carquejeira, a vassoureira e outras.
A Dra Lourdes Graça coordenadora da edição fez-me lembrar um mui célebre passo da Eneida” post tot tantosque labores) Ou seja: depois de tantos e tão grandes trabalhos a obra chegou ao fim.
O laborioso sucesso da Mulher da Maia é mérito dos seus autores e da coordenadora que muito honram o clube.
No seu momento, o presidente do clube, Raul da Cunha e Silva, agradeceu a todos os que trabalharam no livro ora apresentado recordando que este é o 6º volume que em oito anos de existência publicou o clube. Recordou a presença de tantos associados e amigos que sempre nos têm acompanhado e a colaboração amiga da junta da freguesia da cidade da Maia.
É um imperativo categórico do clube trazer à colação o património imaterial destas terras, porque numa época de globalização a história de cada povo é fundamental.
Contudo, não nos limitámos à investigação do património imaterial pois registamos 202 eventos que constituem um portfólio muito interessante.
Seguiu-se uma sessão de cavaquinho que muito alegrou o ambiente já de si muito alegre.
A culminar, um substancial Porto d’Honra foi ouro sobre um azul muito azulado de mais uma sessão do clube
Raul da Cunha e Silva
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09-07-2018 - Os artistas da Maia no Porto do Séc. XVIII
Seguindo a tradição, Clube UNESCO da Maia em parceria com a Biblioteca Municipal da Maia concretizou no passado dia 9 de Julho no espaço da Feira do Livro da Maia uma conferência subordinada ao tema “Os artistas da Maia no Porto do Séc. XVIII”.
A conferencia foi proferida pelo Sr. Prof. Doutor José Manuel Alves Tedim que dissertou com saber sobre o tema dando mostra de que as grandes obras da cidade do Porto edificadas no Séc. XVIII tiveram mestres oriundos da Maia, melhor dizendo e nas palavras do Professor «idos das Terras da Maia». Citando nomes e identificando obras e edifícios da cidade do Porto, não se esqueceu porém o conferencista de se referir à Igreja (velha) da Maia, como tendo um “risco” de um mestre maiato.
Com esta conferência sabiamente realizada, conseguiu o conferencista captar a atenção dos presentes, fazendo-os viajar pelas ruas do Porto e assim criar uma visualização dos edifícios e obras que referia e que contaram com o labor de alguns mestres maiatos na sua construção, permitindo assim uma melhor experiência para quem assistia. Por estas e outras razões, o público presente que ocupou a quase totalidade do espaço da Feira do Livro da Maia, respondeu ao conferencista com questões e dúvidas que foram esclarecidas e respondidas num ambiente de perfeita harmonia com o objetivo traçado pelo Clube UNESCO da Maia em ordem à prossecução dos ideias da UNESCO, mas também em ordem ao prosseguimento dos ideais do Clube na concretização das suas realizações e na motivação dos seus associados, mas também do público em geral presente no evento.
Da conferência resta dizer que o Prof. Tedim nos deu uma lição da sua especialidade, a história da arte, que também passa pelas localidades e colhe elementos das regiões de todo o território, incluindo o das Terras da Maia.
Encerrou a sessão o Presidente do Clube Professor Dr Raul da Cunha e Silva que louvou todos os participantes no evento, recordando que era a oitava conferência que na oportunidade fazia o clube. Todas com elevado nível científico, quer dos conferencistas, quer da abordagem do tema em análise.
Adalberto Costa
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30-06-2018 - Brandas e Inverneiras - A vida ao compasso do clima
Quando os frios apertavam quase aos limites da resistência humana a comunidade habitante nos contrafortes da Peneda/Suajo seguindo ao ritmo do clima ora vivia, trabalhava, pastoreava nas zonas abrigadas, ora se mudava com armas e bagagens para casas/abrigo onde esperavam que as intempéries acabassem a fim de prosseguir com os trabalhos inerentes à atividade agrícola e ao pastoreio.
Há certos animais que vimos na visita de estudo que a CUMA levou a efeito no próximo passado 30 de Junho deambulando em pequenos grupos liderados por um macho, que as gentes chamam de “burras” mas que se trata de cavalos ainda que de pequeno porte e que designamos de “garranos”.
A partida fez-se às oito da manhã para aproveitamento total do dia. Pequena paragem na área de serviço de Barcelos e prossecução da viagem até ao ponto do norte do território a fim de, no terreno confirmar o que em teoria havia sido focado – o viver das gentes alto-minhotas.
Aqui chegados, os deslumbramento foi total:
Montes que se sucediam com os seus socalcos tratados em alternância com outros mais elevados onde as “casas funcionavam como autênticos abrigos naturais (cavernas) do tempo imemorial do “troglodita”, todas feitas com grandes lajes de granito e que acompanhavam as paredes até aos telhados e pequenos jane lucos que mal permitiam “respirar”…
Não faltavam estruturas religiosas – Igreja de peregrinações e romarias onde a existência de anexos para os crentes passantes ou frequentadores dos festejos ou “turismo de habitação “para os visitantes.
Constatámos que hoje se procede ao repovoamento das zonas mais montanhoso/planálticas com animais de caça para sustento do lobo, da águia-real e equilíbrio ecológico .
O almoço, servido num restaurante local, satisfez até o mais exigente pois a carne que constituía o prato era de primeiríssima qualidade, bem como as sobremesas: queijo e marmelada, pudim e gelado…
O regresso aconteceu já a tarde caminhava mas ainda fizemos uma paragem em Monção para uma saltada à feira do “Alvarinho” com prova respectiva.
Chegámos ao ponto de partida – Maia – já passava das dezanove horas com a sensação de uma viagem de estudo interessante e muito proveitosa nos ensinamentos que recolhemos.
Parabéns à CUMA pela óptima organização na pessoa do Sr. Ramos, ao seu Presidente Prof. Raul da Cunha e Silva e demais “trabalhadores” que permitiram a concretização de tal iniciativa.
Jaime Gonçalves
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09-06-2018 - Conferência sobre António Ventura de Azevedo e Sousa
De familiar do Santo Ofício a Administrador do Concelho da MaiaNo dia 9 de Junho, no Salão Nobre da Junta de freguesia da Vila de Moreira da Maia, o clube Unesco da Maia promoveu uma conferência sobre o ilustre maiato, António de Azevedo e Sousa
Abriu a sessão o Presidente da Junta da freguesia da Vila de Moreira, Carlos Moreira, que uma vez mais mostrou satisfação pela presença do Clube, em atos culturais na sede da Junta. Foi substituído nos trabalhos pelo prof. Hélder Oliveira.
Moderou a sessão a Dra Natércia Cardeano e foi oradora a Dra. Manuela Baptista, associadas do clube Unesco.
Da brilhante comunicação, salientamos:
“A vida de António Ventura de Azevedo e Sousa foi conturbada tal como a época em que viveu.
Nasceu na Comarca da Maia, freguesia de Moreira, lugar do Sendal, a 2 de janeiro de 1784. Filho de proprietários abastados, ficou órfão de pai muito cedo.
Casou na Sé do Porto, em 1804.Nesta cidade exerceu a profissão do sogro que era sirgueiro. Antes de casar, habilitou-se a “Familiar do Santo Ofício”.
O processo das “Diligências de habilitação” para o cargo bem como as “Diligências para casar de Maria Margarida Sousa Neves”, sua prima direita, encontra-se na Torre do Tombo e foi uma das fontes para este trabalho.
Em 1809,estava a combater as tropas francesas que invadiram a cidade do Porto.
Foi promovido a alferes da Primeira Companhia do Regimento das Milícias da Maia em 1819.Querendo fugir às milícias, concorreu ao cargo de Sargento-mor das Ordenanças da Maia, cargo que acabou por conseguir.
Durante o Cerco do Porto, no agitado período das lutas liberais, foi preso pelos absolutistas.
Como os negócios estavam muito mal, deixou a Família na Maia e foi residir no Porto.
De volta à terra natal, veio a ser eleito Administrador do Concelho da Maia por várias vezes.
Foi também vogal da Junta Geral do Distrito pelos concelhos da Maia e de Bouças.
Era Administrador do Concelho da Maia, quando faleceu em 1856,no Porto”.
Durante a conferência, houve leitura de textos adrede escolhidos que em muito contribuíram para abrilhantar a conferência.
Seguiu-se um período de perguntas e respostas, muito pertinentes, que esclareceram alguns aspectos.
A encerrar a sessão o Presidente do clube, professor doutor Raul da Cunha e Silva, agradeceu à oradora o trabalho científico realizado que vai enriquecer o elenco dos ilustres maiatos que o clube Unesco da Maia tem vinda a estudar. Agradeceu aos associados e amigos a sua presença, pois também eles, estimulam o dinamismo da CUMA.
Recorda a simpatia do presidente da Junta Sr Carlos Moreira, sempre disponível para colaborar connosco.
E assim vai o clube rasgando o seu caminho para nele caminhar.
Raul da Cunha e Silva
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17-05-2018 - Abolição da Pena de Morte
As pessoas iam chegando e com elas se avolumando a expectativa de um pedaço de tarde e de cultura de reflexão e conhecimento.
Eram quinze e trinta horas quando se deu início à sessão previamente publicitada. A Profª. Neuza, enquanto responsável pela biblioteca da escola, deu as boas vindas aos presentes congratulando-se com as iniciativas do clube Unesco da Maia para os quais a Escola Secundária da Maia sempre está disponível; Sob a moderação do associado da CUMA, Jaime Gonçalves foi feita a apresentação dos conferencistas tendo a comunicação do Dr. Alberto Costa, advogado, assumido um carácter jurídico.
Ao falar-se em pena de morte em Portugal e sobretudo sobre a sua abolição da cultura jurídica e sociedade portuguesas, há que remontar ao séc. XIX, século das mudanças, das transformações e das novas luzes, onde a voz da humanidade e do sentimento fala alto e os ditames da ciência e as tendências da civilização influenciam a sociedade portuguesa e sobretudo a sociedade política e intelectual do tempo.
Com o Acto Adicional à Carta Constitucional de 1852, a pena de morte é abolida para os crimes políticos. Só em 1867 e pela Carta de Lei de 1 de Julho a pena de morte é abolida da ordem jurídica nacional. Mais tarde, em 1870 a abolição da pena de morte para os crimes comuns torna-se realidade para os territórios do ultramar. A pena de morte mantém-se contudo para os crimes militares, sanção que é abolida apenas com a Constituição de 1976.
A vida humana é inviolável. A sua preservação é lema para que todos, incluindo as organizações, pugnem para que a pena de morte enquanto sanção jurídico-penal desapareça, valorizando-se por isso os valores da vida e da sua prossecução no seio da sociedade humana.
O professor Pedro Pereira, dada a sua formação académica, dissertou sobre aspectos relativos ao homem enquanto ser vivente.
Ancorando-se numa perspetiva antropológica, abordou o fenómeno da pena de morte privilegiando a diversidade cultural, mas também convocando outros ângulos de observação e comparando-os a outras figuras da morte que possam permitir analisar criticamente a contemporaneidade e ir além da dicotomia contra ou a favor da pena de morte.
A um ritmo entusiasta a sessão decorreu com muita animação, interesse e curiosidade.
Algumas expressões chave:
- “ Se a morte fosse boa… Também os deuses a quereriam…” (mas preferem a imortalidade)!...
Perante uma formiga…
No Ocidente… diz o pai para o filho: “ MATA!...”
No Oriente… - Tem cuidado, meu filho, não a pises que pode ser a tua avó!...- O que é um ser humano?!
- O processo de KAFKA…(!)
- OUSA PENSAR!
- Embora próximo da morte
Ainda me resta algum humanismo…(!)E assim, de pergunta em resposta se chegou ao final da Conferência restando os agradecimentos a todos os que tornaram possível este muito bom momento cultural.
Ao Professor Raul coube este gesto que lhe é tão peculiar.
Jaime Gonçalves
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21-04-2018 - 8º Aniversário do Clube UNESCO da Maia
O anniversarius que vem, que chega, que volta, que se faz a cada ano.
O Clube Unesco da Maia resulta da existência da Associação Maiata Para a Cultura da Paz, instituição criada por acto público de constituição a dez de fevereiro de dois mil e dez, que assinou com a Comissão Nacional da Unesco, o Protocolo de Cooperação a quinze de abril de dois mil e dez, daqui nascendo o Clube Unesco da Maia, o nosso Clube que prossegue os ideais da Educação, da Cultura e da Ciência como meios de alcançar a Paz.
O ano de 2018 é o oitavo ano do Clube Unesco da Maia, que, a cada ano, conhece o vigor, a ambição e o labor por uma sociedade mais humana.
Porque o aniversário é sempre um momento de despertar para o futuro, os associados do Clube Unesco da Maia, mais uma vez, organizaram em 21 de Abril de 2018 uma festa de convívio que, além do habitual almoço incluiu uma parte cultural.
Estiveram presentes neste aniversário, representantes da Junta de Freguesia da cidade da Maia e do Clube Unesco da Cidade do Porto, Clube que apadrinhou o nascimento do nosso Clube.
Para que o evento fosse realizado em ambiente leve, alegre e de cultura, alguns dos presentes fizeram a recitação de poemas e a leitura de textos alusivas ao momento.
E nestes actos de alegria pela vida, e até pelas instituições, é sempre bom ouvir palavras de alento, de incentivo, de louvor, mas também de carinho. Foram as mensagens deixadas pela Sra. Presidente da Junta de Freguesia da Maia Dra. Olga Freire, da representante do Clube Unesco da Cidade do Porto Dra Arminda e do provedor do cidadão da Maia, Miguel Ângelo e de outros participantes.
A concluir as comunicações o presidente do clube, Raul da Cunha e Silva começou por saudar os presentes afirmando que todo o trabalho é obra de todos os associados e amigos, embora alguns estejam mais na linha da frente. Destacou a Dra Lourdes Graça como uma grande dinamizadora do clube.
Em oito anos o clube realizou 202 eventos na área da cultura, da educação e ciência. Da investigação resultou a edição de 5 livros e de um 6ºa sair nos próximos meses.
Por fim, importa relevar para memória, os associados que integraram a Comissão Instaladora do Clube: Raul da Cunha e Silva; Augusto Seabra do Amaral e José Francisco Oliveira – bem hajam!
Convém ter presente que o protocolo de todo o evento foi feito pela associada Laura Mora .
Parabéns Clube UNESCO da Maia.
Adalberto Costa
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13-04-2018 - Tertúlia sobre Eugénio de Andrade
No dia 13 de Abril de 2018, pelas 15h 45m, no Lar de Nazaré (Maia), e no âmbito das actividades desenvolvidas pelo Clube Unesco da Maia, teve lugar uma tertúlia poética sobre Eugénio de Andrade – o homem e o poeta.
A sessão foi aberta pela Associada Lourdes Graça que fez uma breve apresentação da Associada Aida Araújo (dinamizadora) que fez uma abordagem de aspectos biobibliográficos relevantes, destacando as marcas do lirismo do Autor e comentando os poemas lidos. O Prefácio à obra Poética, assinado por José Tolentino de Mendonça, trouxe um olhar demorado e profundo sobre o Autor. Foram referidos traços que desenham o seu universo lírico: a simplicidade, a transparência e a nitidez extremas; a grande diversidade formal e temática; a presença dos quatro elementos (ar, fogo, terra e água); o lado telúrico; a depuração do verso. Os vinte e um poemas lidos foram ao encontro da obra poética, de uma forma o mais abrangente possível. De referir que neles estavam contidos os seguintes temas: os quatro elementos, a natureza, a figura da mãe, o amor ternura e o amor desencantado, as mãos, o sonho, a vida das palavras, a força do silêncio, o país, as crianças, os gatos e a urgência do Amor, num sentido universal. Tratando-se de um poeta contemporâneo, foi feito um enquadramento que permitiu uma aproximação ao movimento neo-realista.
A actividade contou com a presença de um auditório motivado e desperto para o universo poético. Os Associados declamaram os poemas seleccionados, tendo alguns deles dado testemunho pessoal das suas vivências, no contacto com o poeta. A título de homenagem à grande figura das Letras Portuguesas, um dos Associados dedicou-lhe um poema da sua autoria.
A sessão foi encerrada pelo Presidente do Clube (Dr. Raul Cunha e Silva) que a todos agradeceu, congratulando-se com a sua presença e informou que a assembleia Geral do Clube para aprovar o relatório de 2017 se seguiria em breve.
Maria Aida Araújo
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24-03-2018 - À descoberta do Património Arquitectónico da Misericórdia do Porto
No passado dia 24 de março de 2018, a CUMA – Clube Unesco da Maia assinalou o Dia Nacional dos Centros Históricos com uma visita ao MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, situado na Rua das Flores, e com a realização de um itinerário pelo centro histórico do Porto, classificado como Património Mundial da UNESCO desde 1996. Esta atividade contou com a presença de vários associados, entre os quais Raul da Cunha e Silva, presidente da direção do Clube, Lourdes Graça da Cunha e Silva, vogal da direção, e José António Ferreira e Silva, que orientou o percurso.
Inaugurado em 15 de julho de 2015, o MMIPO é um espaço dedicado à memória da Santa Casa da Misericórdia do Porto, apresentando-se com o duplo objetivo de dar a conhecer a história da instituição e os seus propósitos, bem como de divulgar as suas coleções de arte, através da disponibilização de um conjunto de recursos que traduzem a memória e a identidade desta organização, projetando-a para o futuro.
Intitulado “Do Maneirismo à Arte Nova: percurso pelos marcos da arquitetura da Misericórdia do Porto”, este itinerário iniciou-se na Igreja da Misericórdia do Porto com uma abordagem que incidiu na relação do edifício com o território envolvente, nas diversas etapas da sua edificação e no seu património integrado. Duas épocas marcaram a construção desta Igreja: o século XVI, que correspondeu à sua construção sob a orientação e o projeto do mestre Manuel Luís; e o século XVIII, quando o edifício sofreu uma alteração profunda, protagonizada pelo pintor-arquiteto Nicolau Nasoni e pelo engenheiro Manuel Álvares Martins, cuja obra foi concretizada por mestres-pedreiros oriundos da Terra da Maia. A manifestação mais evidente desta intervenção setecentista é a cenográfica fachada da Igreja, que impressiona os turistas nacionais e internacionais que passam, diariamente, na Rua das Flores.
No MMIPO, além da Igreja, visitou-se também a Galeria dos Benfeitores, testemunho da Arquitetura do Ferro, que presentemente alberga a exposição “Júlio Resende – Genealogia e Processo”, e a Casa do Despacho, onde se encontra exposta a pintura “Fons Vitae”, obra maior da pintura flamenga e testemunho da pujança da cidade e das suas ligações ao Norte da Europa, no século XVI.
Após percorrer a formosa Rua das Flores, aberta em 1521 por iniciativa de D. Manuel I, onde ainda permanecem as ourivesarias e outros estabelecimentos de comércio tradicional que tanto a caracterizam, o grupo passou pela Rua dos Caldeireiros, pela Rua Nicolau Nasoni e pelos Clérigos. Antes da construção deste conjunto nasoniano, formado pela Igreja, pelo edifício intermédio e pela torre, aqui se situava o “Campo das Malvas”. Neste terreno, fora da muralha fernandina, eram enterrados pela Misericórdia aqueles que morriam na forca.
Depois de uma breve paragem nos Clérigos, o grupo rumou ao Hospital de Santo António. Exemplar da arquitetura neopalladiana, este edifício foi projetado pelo arquiteto inglês John Carr que, curiosamente, nunca esteve em Portugal, num tempo em que a colónia britânica exerceu um papel relevante na sociedade portuense. A época dos Almadas, a implantação deste hospital no local e outros aspetos e curiosidades relacionados com a sua construção foram alguns dos pontos considerados. Neste local, o grupo foi ainda brindado com a visita à antiga botica do Hospital.
O itinerário terminou na rua da Galeria de Paris, onde se discorreu sobre a fachada do edifício Arte Nova, actualmente pertencente à Misericórdia do Porto, projetado em 1906 pelos arquitetos José Estêvão, Eduardo Augusto e Parada Silva Leitão.
Esta visita-percurso iniciou um ciclo de visitas à Santa Casa da Misericórdia do Porto pela CUMA, que vão decorrer este ano, em torno de várias temáticas.
José António Ferreira e Silva
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24-02-2018 - O Clube UNESCO da Maia e as superstições
No dia 24 de fevereiro o Clube Unesco da Maia realizou uma conferência no auditório do Lar de Nazaré perante uma assistência de 50 associados e amigos.
No início, e como prova de muita estima e consideração, o Clube ofereceu ao Senhor Padre Domingos Jorge, pároco de muito valor e consideração da paróquia da Maia, os 3 volumes da “Memórias de tempos idos”, obra transliterada de um manuscrito, do século XIX, do padre Joaquim Antunes de Azevedo, editada pelo Clube.
No primeiro painel da conferência, o orador Raul da Cunha e Silva realçou o poder da mão afirmando que ela assinala a passagem a bípede da evolução do homem. E o estranho poder dos primeiros homens ainda hoje ressoa por montanhas e vales em todo o mundo com relevância na arte rupestre, um dos seus sinais primordiais. A mão em negativo e os signos geométricos têm mais de 65.000 anos e revelam já o pensamento abstracto e simbólico dos neandertais.
Os passos que se seguem revelam algum do extraordinário poder da mão 1º) (Êxodo.17.10-13). E acontecia que enquanto Moisés tinha as mãos levantadas, era Israel o mais forte, mas, quando descansava as mãos, o mais forte era Amalec. Mas as mãos de Moisés ficaram pesadas. Pegaram então numa pedra e puseram-na debaixo dele e Moisés sentou-se sobre ela. Aarão e Hur sustentavam as mãos dele, um de um lado e outro do outro. E assim as mãos permaneceram firmes até ao pôr-do-sol. Josué venceu Amalec.
2º) A imposição das mãos era prática muito usada pelos discípulos de Cristo como se pode ler em Marcos (16.1-18) “ Ide pelo mundo inteiro. Estes sinais acompanharão os que acreditarem: hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados”. E este outro. “E tendo-lhe S. Paulo imposto as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar várias línguas (Atos dos Apóstolos 19.1-8).
3º) A leitura da Sina. A origem desta arte é proveniente da Índia há pelo menos cinco mil anos. Era praticada na Pérsia, no Tibete, na China, na Mesopotâmia, no Egipto e atualmente por ciganos em todo o mundo.
Passos importantes na evolução cultural e religiosa da humanidade Mito é uma narrativa, história ou lenda. É a primeira tentativa humana para compreender a origem do mundo, da vida, da morte e de explicar os fenómenos que nos rodeiam.
Os mitos são, geralmente, histórias baseadas em tradições e lendas feitas para explicar o Universo, a criação do mundo, fenómenos naturais e qualquer evento que não se sabia explicar O tempo do mito é pré-lógico.
A narrativa mítica constitui parte dos mais belos textos poéticos da humanidade. O seu universo é muito vasto, já que refere os mitos da mitologia grega, nórdica, egípcia, asteca, celta, e da mitologia comparada.
A título de exemplo recordemos o mito de Édipo Rei, o mito de Pandora, entre muitos outros. Intimamente ligados ao mito devemos considerar os ritos, a magia e as superstições.
Rito é uma forma de expressão que permite comunicar com os entes ou forças sobrenaturais e misteriosas e estabelecer com elas uma espécie de troca semelhante ao contrato romano “Do ut des”. É uma cerimónia que repete um conteúdo doutrinal histórico. Não estamos aqui a falar de ritos sociais que determinam as relações entre o indivíduo, a sociedade e a classe social, mas de ritos que procuram reviver a doutrina para a tornar mais eficaz. Também não falamos dos ritos da iniciação.
Magia são as práticas que visam agir sobre a natureza e os seres por meio de processos ocultos, produzindo efeitos esperados. A magia estuda os segredos da natureza e a sua relação com o homem. É uma quase religião da Idade da Pedra, mista de teologia, ritualismo e feitiçaria. Tem influência no espiritismo. Etimologicamente magia é uma palavra persa “mag.” que significa sábio, donde os magos, os sábios. Recordar os magos do presépio, os magos do Egipto.
Com a prática do mito, do rito e da magia, a humanidade foi estabelecendo ligações com entidades que temia e a quem solicitava os benefícios de que precisava. É o espaço da religião.
Oposição de uma nova religião Oráculo de Delfos e a Pitonisa de Delfos
A questão para qual se desejava uma orientação era firmada numa tabuinha de argila e, em seguida, levada a uma das pitonisas (referência a Píton, serpente).
Recebida a mensagem, ela recolhia-se para o interior do templo e, sentada num trípode (um banco de três pés), começava a aspirar os "vapores divinos" que emanavam das fendas abertas no chão. Teodósio ordenou que os templos pagãos encerrassem em 393.
Actos dos Apóstolos (19.16-17)
A escrava bruxa. Um dia, quando íamos à oração encontramos uma serva que tinha o espírito pitónico e dava muito lucro aos seus senhores exercendo a adivinhação. Paulo teve de intervir. Isto revela que o mundo da serpente (Piton) tinha vasta audiência no mundo romano.
Superstição
Pode ser considerada a superstição como fruto de práticas complexas e antiquíssimas.
Caracterizadas por desejos recalcados, transmitidos pelo subconsciente, de geração em geração, superstições são, por definição, práticas ou teorias não fundamentadas cientificamente, mas com valor tradicional relacionadas com o pensamento mágico ou com outros valores.
Não são novas as superstições na sua forma, pois são epifenómenos de problemas e anseios da humanidade. As superstições hoje não se contrapõem aos normativos da, por exemplo, da religião mas são geralmente opostas à racionalidade científica do mundo ocidental. Esta substituição de um sistema de referências por outro vai-se efectuando muito progressivamente, e decerto ainda não se encontra hoje totalmente concluída. Há pois três sequências que se entrechocam: a científica, a religiosa e a supersticiosa.
Marcas da superstição:
Bruxaria
Presságios
Adivinhações
Feitiçaria
Ferraduras: virar as duas pontas de uma ferradura para cima traz boa sorte.
Votos malignos
Sacrifícios de um galo
Leitura da sina
Os futebolistas ao entrar em campo͙
Sonhos
Fontes: Jogar uma moeda em uma fonte de água realiza um desejo
Ferraduras: virar as duas pontas de uma ferradura para cima traz boa sorte
Curandeirismo
Mau-olhado (ou olho-gordo).
Coceiras
Orelha
Gato preto
Espelhos: Quem quebrar um espelho terá sete anos de azar. Ficar se admirando num espelho quebrado é ainda pior. Significa quebrar a própria alma. Ninguém deve se olhar também num espelho à luz das velas. Não permita ainda que outra pessoa se olhe no espelho ao mesmo tempo em que você.
Escada: Passar por de baixo da escada pode trazer má sorte.
Madeira: se você bater em um tronco de árvore oco três vezes o azar vai embora.Terminado o debate, um Porto D´Honra concluiu a sessão.
Raul da Cunha e Silva
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10-02-2018 - Quando a Cultura anda de mãos dadas à recreação
O clube Unesco da Maia levou a cabo mais uma “visita de estudo” desta vez em direcção a Vila Nova de Cerveira com passagem pela vetusta Ponte do Lima.
Saindo da Maia pelas 9 horas do dia 10 de Fevereiro seguimos pela A3 com tempo agradável, boa disposição e expectativa estampada nos rostos dos participantes. Logo veio a talhe de foice o relembrar da bondade dos ares maiatos que permitiam o tratamento da terrível doença da lepra, ainda hoje um poderoso inimigo do homem, na “gafaria” ainda existente em lfena…
Uma breve paragem na área de serviço de Barcelos.
Retomando a viagem foi Ponte de Lima quem recebeu a nossa visita guiada por pessoa conhecedora do núcleo da arquitectura ao meio ambiente, da urbanística ao património herdado e construído, às lendas que a tradição oral fez chegar aos dias de hoje e se ligam ao rio Lima / Letes (rio do esquecimento). Fazendo jus à gastronomia local o restaurante “Casa do Capitão” esmerou-se no serviço que foi do agrado geral.
Já no horizonte se perfilava o cervo (ex-libris) da vila da autoria do artista José Rodrigues e o hotel abria as suas portas para nos acolher. Era a I.N.A.T.E.L.
Como era véspera de domingo gordo, o jantar apostou nas carnes costumeiras do Carnaval.
Seguiu-se um saudável convívio onde as fantasias pessoais ou ofertadas pela gerência foram exibidas no baile que decorreu até próximo da meia-noite. No dia seguinte, a chuva fez-nos companhia o que impediu o cumprimento integral do plano gizado.
Dirigimo-nos à igreja matriz onde cumprimos o preceito dominical e pudemos apreciar a beleza das soluções arquitectónicas bem como a riqueza da sua talha dourada.
Depois do almoço, tomámos o autocarro rumo à Maia acalentando a esperança de podermos apreciar o corso carnavalesco na Póvoa de Varzim. Debalde. Sempre que oportuno, teciam-se considerações de âmbito cultural ou recreativo. Ao concluir a viagem, o Presidente de clube, Raul da Cunha e Silva agradeceu a todos a sua participação na viagem, destacando aqueles que colaboraram activamente no evento, relevando o Sr. Ramos e as suas duas secretárias (Lourdes e Hermínia), além de outros. Recordou as várias máscaras que se podem usar consoante as oportunidades.
Jaime Gonçalves
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20-01-2018 - O Éthos do Direito
No dia20 de janeiro o clube Unesco da Maia promoveu uma conferência sobre questões de direito no Salão Nobre da Ex junta da freguesia da Maia. Foi orador o Dr. Alcindo dos Reis e moderadora a professora Ana Almeida.
Refere-se uma palestra a todos os títulos notável cuja sinopse, grosso modo, passamos a indicar:
“Nesta breve comunicação procura-se surpreender o Éthos do Direito, ou seja, os traços marcantes do seu carácter que funcionarão, no desenvolvimento do Direito Positivo, como fundamento de aferição da validade desse desenvolvimento.
Por esta perspectiva vai-se compreender que o Direito é um postulado do singular modo de ser da espécie humana: ser biologicamente defectivo, sem instintos desenvolvidos para viver em estado natural, mas, ao mesmo tempo, “ser-aberto” ao Mundo, cuja abertura lhe permitiu afeiçoar a si a natureza, garantindo assim a sua sobrevivência. Com o Homem temos o tempo do Espírito, em cujo “seio” o Direito se “abriga”.
Essa abertura do Homem ao Mundo não fez do Homem um ser unidimensional. O específico mundo do Homem faz-se na Diversidade. Se assim não fosse, o Homem era apenas mais uma classe zoológica.
A diversidade, para não cair na desagregação, implica organização, implica ordenação, que mantenha a desagregação dentro de limites toleráveis.
A organização implica observação eficaz das suas regras. A eficácia implica a coercibilidade, pois a fragilidade individual é permanente tentação egótica. Por isso o Homem tende para a inobservância da regra de que é destinatário. Sem ela o egotismo só não se generalizava, porque a espécie desagregava-se antes de tomar consciência do que era o culto do eu.
A credibilidade é assim um traço determinante do Direito, é uma força de constranger ao seu serviço. Não fora ela necessária, também o Direito o não era - ou pelo menos, não tinha necessidade de afirmar a sua existência. A força da coercibilidade, em relação a cada indivíduo, é heteronimamente organizada. Em si, a força dá-se mal com a razão, e dá-se bem com o arbítrio... Como evitar o arbítrio da força?
O arbítrio previne-se, tornando-se a força função de uma ideia superior: a ideia de Justiça, sem a qual a Dignidade será palavra vã, a liberdade, a igualdade e a solidariedade seriam miragem. É por isso que a afirmação de estado de direito democrático é um pleonasmo. Onde não há democracia não há direito, onde não há direito, não há democracia”.
No fim foram expostas várias questões a que o orador sabiamente respondeu.
A concluir, o Presidente do Clube Unesco da Maia, Raul da Cunha e Silva agradeceu ao orador a clareza e ciência demonstradas na conferência. Referiu que o tema abordado é vital para a vida organizada do homem. Disse ainda que, quando nascemos, somos projectados na vida, integrando um espaço com os seus valores morais anteriores ao direito que no fieri da história é posterior. Mesmo assim, temos de reconhecer que os círculos da moral e os da justiça são secantes no sentido que se tocam muitas vezes com influência mútua.
Recordou a finalizar o tradicional Porto D'Honra.
Raul da Cunha e Silva
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17-01-2018 - Visita de D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto
No dia 17 de janeiro e, na sequência do programa da visita pastoral do bispo auxiliar do Porto à paróquia da Maia, recebemos na nossa sede, no Parque das Fontes, D. Pio Alves na companhia do senhor padre Domingos Jorge, titular dinâmico da paróquia da Maia.
Na oportunidade, o presidente do clube UNESCO da Maia, Raul da Cunha e Silva referiu a honra que sentia ao receber nas mais que modestas (mas dignas) instalações, tão ilustre representante da Igreja diocesana do Porto e expôs numa narrativa muito sumária o nosso trabalho.
O espaço físico é pequeno, mas a alma é grande, porque tem as dimensões do mundo, uma vez que está dentro de uma organização mundial - a UNESCO.
Recorda uma frase que merece ser escrita na pedra:
Se a guerra nasce no espírito dos homens, é neles que devem ser educadas as defesas da paz (Acto constitutivo da UNESCO, sigla da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura, criada em 16 de novembro de 1946).
A prioridade do Clube tem sido a investigação no campo do património imaterial, no edificado e no natural.
Ofereceu de seguida a D. Pio o best seller do Clube: Memórias dos Temos Idos em 3 volumes, manuscrito do Padre Joaquim Antunes de Azevedo, do século XIX transliterado pelo clube. D. Pio Alves agradeceu a oferta da obra que considerou muito relevante para a investigação. Disse que, afinal, os espaços pequenos não têm impedido grandes realizações.
“O Clube Unesco da Maia está de parabéns: procura a Educação e a Ciência de que fala a UNESCO”
Recorda que as organizações têm de se renovar, nos seus quadros, admitir novos associados, e que só assim o seu trabalho se prolongará no tempo e aumentará o seu valor.
Sentimos nesta mensagem um estímulo ao nosso trabalho que nos levará a prosseguir, com mais vida, mais alto e mais longe, os nossos objectivos.Raul da Cunha e Silva
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13-01-2018 - Conferência sobre O Dia Mundial da Paz
No dia 13 de janeiro de 2018, a prof doutora Assunção Pereira proferiu na junta da freguesia da vila de Moreira uma conferência sobre a paz como valor fundamental para a humanidade. Presidiram à sessão os presidentes da junta, Carlos Moreira e do clube Unesco da Maia Raul da Cunha e Silva. Foi moderador o dr. Adalberto Pereira.
Perante uma assistência de qualidade, embora não muito numerosa (27 pessoas) a oradora desenvolveu com muito brilho o tema proposto:
Importância crescente do valor da paz face às características dos conflitos atuais.
A relevância dos mecanismos de preservação da paz. Referência a alguns deles: - negociações- alerta precoce;
Os conflitos - guerras - dos tempos actuais vêm assentes em interesses múltiplos e diversos que dentro dos países e entre os países, criam divergências e posturas distintas, conduzindo os homens para a guerra. As normas do direito internacional nem sempre, ou muito poucas vezes, são cumpridas e com igual carácter, as organizações internacionais encontram no seio da comunidade internacional dificuldades acrescidas perante a natureza da sua própria organização, limitados como estão os seus órgãos e as suas actuações.
Na verdade as organizações de direito internacional estão ainda dominadas por alguns países, - e o seu direito de veto .Estes, por sua vez, influenciam, de forma muitas vezes negativa, o funcionamento dos órgãos e das organizações, permitindo assim que os conflitos nasçam e se mantenham num tempo que demora a passar e depois a curar...
Não pode ser esquecida a ideia de que dos conflitos e- guerras - nascem muitas questões cujas consequências são nefastas para as comunidades, nomeadamente o problema das migrações mas é sobretudo e com maior incidência, na sociedade dos homens, o problema das crianças/soldado, facto que tem implicações muito negativas, não apenas no crescimento delas, mas também no mundo dos adultos, obrigados como estão a dar-lhe educação e a facilitar-lhes cultura.
É sabido que os conflitos - guerras - também se alimentam por força da divergência de ideias, mas também de culturas e isto merece a atenção de quem deve criar mecanismos de prevenção dos conflitos, independentemente da etnia, da tribo ou das ideias distintas daquelas de quem tem o poder.
A Oradora respondeu no fim às questões que o auditório lhe colocou
Antes de um animado Porto de Honra o presidente do clube Raul das Cunha e Silva agradeceu à prof doutora Assunção o brilho da sua conferência oferecendo-lhe os 3 volumes da edição do clube Memoria dos Tempos ido agradeceu ao senhor Carlos Moreira e a todos os associados e amigos presente.
E referiu a paz como um dos objectivos das duas maiores organizações mundiais: A Igreja Católica e a ONU.
Se é verdade que as guerras nascem no espírito dos homens é também verdade que será através da educação, da cultura, da ciência e da comunicação que se pode construir a paz (Significado do acrónimo Unesco).
Adalberto Costa
29-09-2018 - Sabrosa na peugada de Miguel Torga
No dia 29 de setembro, o Clube UNESCO da Maia visitou Sabrosa, na peugada Miguel Torga.
Várias motivações nos levaram a Sabrosa, a principal foi o Espaço Miguel Torga”. Trata-se de uma bela construção do Arquiteto Souto Moura, onde podemos encontrar a presença escrita do grande autor transmontano.
Na sala de exposições, podemos identificar a grandiosidade da obra, cujos excertos expostos dão ao visitante uma perspectiva completa e clara da vida e obra de Torga.
O Reino Maravilhoso encontra-se sabiamente enquadrado pela paisagem: as pedras, os montes, as lonjuras, emprestam uma complementaridade surpreendente a todo o conjunto exposto.
Releve-se ainda que a exposição é um trabalho completo que faz jus à grandeza do autor.
Como é hábito nestas visitas culturais, durante a viagem falou-se da obra de Torga e no anfiteatro recitaram-se poesias diversas.
Vimos a Casa de Torga, ainda não aberta ao público, passamos pelo negrilho “Na terra onde nasci há um só poeta/Os meus versos são folhas dos seus ramos…”.
Visitámos a capela da Senhora da Azinheira, um belo exemplar do século XVII e que terá servido de motivação ao conto de Torga: Natal. Terá sido na entrada que Torga imaginou a ceia do mendigo.
Foi ainda neste espaço que assistimos a um dos pontos altos desta visita: pela novidade da informação, por termos ouvido um relato, na primeira pessoa, da relação que o nosso escritor teve com outro ilustre transmontano, Artur Mirandela. Um relato na primeira pessoa da neta de Artur Mirandela, Maria da Natividade Neves, que narrou vivências e afectos vividos em casa de seu avô, na companhia de Torga.
O conto “Requiem” in Pedras Lavradas é um testemunho que Torga quis perpetuar e cujas personagens são Lourenço (Artur Mirandela) e sua mulher, um ato de altruísmo, de Artur Mirandela numa das muitas missões que cumprira na protecção aos foragidos da guerra civil espanhola.
Visitámos também a freguesia de Provesende, notável pelo Património edificado, particularmente Património Religioso, onde assistimos também a uma lagarada.
Lourdes Graça