Histórico de actividades 2019
- 14-12-2019 - Almoço de Natal
- 07-12-2019 - Ilustre Maiato: Domingos da Costa
- 26-10-2019 - Conferência sobre Padre António Vieira
- 24-10-2019 - Luís de Magalhães, o político e o Homem de Letras
- 30-09-2019 - Organização Geoadministrativa da Maia
- 21-09-2019 - O Culto Mariano em Portugal
- 14-09-2019 - Tertúlia poética sobre Sophia de Melo Breyner
- 15-07-2019 - Conferência Nazoni do Porto à Maia
- 29-06-2019 - O Barroco na Maia
- 15-06-2019 - Visita a Ovar e Santa Maria da Feira
- 25 e 26-5-2019 - Visita a Montesinho e Bragança
- 12-05-2019 - Visita ao Cemitério de Agramonte
- 11-05-2019 - Visita à Quinta dos Cónegos
- 13-04-2019 - 9º Aniversário do CUMA
- 07-04-2019 - CUMA participa em Visita d’autor
- 29-03-2019 - A Mulher da Maia - da periferia à urbe portuense
- 21-03-2019 - Tertúlia sobre Fernando Campos
- 02 e 03-03-2019 - Carnaval na CUMA 2019
- 23-02-2019 - Evocação da Monarquia do Norte
- 14-02-2019 - Tertúlia no dia dos namorados
- 17-01-2019 - Tertúlia sobre Sebastião da Gama
- 12-01-2019 - Conferência O Direito à Paz e sem Guerra
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14-12-2019 - Almoço de Natal
No dia 14 de dezembro,a partir das 13 horas o clube Unesco da Maia celebrou o almoço de Natal na quinta do Geraldino.
Fez o protocolo da festa a associada Laurinha que após a abertura explicativa do evento, endossou a palavra ao presidente da assembleia-geral que teceu considerações sobre o sol nascente, fonte de vida e da vitória sobre a noite. Isto acontece no solstício de inverno em 24 de dezembro, tempo em que os romanos e outros povos festejavam o dies natalis lucis com muita pompa e circuntância. A igreja aproveitou o dies solis invicti para nele situar o nascimento de Cristo, ou seja, o Natal.
Os povos festejavam uma vida nova, os cristãos também, as famílias idem. Tempo novo esperança nova.
Com o rolar dos tempo esse tempo chegou até nós, mas sofrendo a usura dos dias. E hoje?
O Natal hoje o que é ?
A Comunicação Social enche os tempos a falar do Natal, ou seja, das festas, jantares presentes convívios. Os presentes, as compras, os comes e bebes escondem o espírito do verdadeiro Natal, mas enchem as ruas.
Mesmo assim, saudemos o tempo das famílias.
O almoço recomeçou e com ele várias intervençõe, seja a leitura dos poemas alusivos ao Natal, como "quando o homem quiser, será Natal" um poema ao pão."Natal,foi Natal"."És meu irmâo,amigo". E outros que causaram um ambiente alegre e reflexivo.
Já a festa ia navegando, quando a associada Edith anuncia o momento musical.
Um trio (não de pastorinhos) deleita todos os presentes com música do tempo aliando o engenho e a arte. Numa sinfonia a todos os titulos impressionamte. Aproximava-se o prinípio do fim, quando a Dr.a Olga Freire, ilustre Presidente da Junta da Freguesia Cidade da Maia tomou a palavra para agradecer ao Clube o convite, para louvar a ação cultural que tem levado a efeito, os trabalhos publicados e como prova de amizade, ofereceu uma lembrança que estará num lugar muito visível da sede que iremos ter.
Grande salva de palmas encheu o salão.
A concluir a sessão o presidente do clube, Dr. Adalberto Costa, congratulou-se com a festa, com o nível e colaboração de todos, louvando a presença dos associados e amigospresentes, desejando que se repita muitas vezes e que o clube cresça com novos associados e novos eventos.
Raul da Cunha e Silva
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07-12-2019 - Ilustre Maiato: Domingos da Costa
No dia 7 de dezembro o Clube Unesco da Maia-realizou no Salão Nobre da Ex Junta da freguesia da Maia uma conferência sobre o ilustre maiato: Domingos da Costa.
Foi orador o nosso associado Dr. José Ferreira da Silva e moderador o professor catedrático Jorge Alves que em muito contribuiu para o elevado nível da conferência.
Com razoável assistência a sessão começou por uma breve apresentação do orador e do moderador, figuras bem conhecidas no nosso meio. Aproveitou o momento o professor Raul da Cunha e Silva para afirmar que a pedra é fundamental para a solidez física e espiritual de um edifício e que uma conferência tonifica a cultura.
Domingos da Costa (1708-1772) foi um mestre pedreiro, de "muita fama", natural da freguesia de Vilar do Pinheiro que, no século XVIII, pertencia à antiga Terra da Maia. Desta freguesia e das circunvizinhas eram provenientes outros mestres pedreiros de nomeada, com alguns dos quais este mestre trabalhou.
Entre as obras a que esteve ligado na cidade do Porto, salientamos a Enfermaria e a Torre dos Clérigos (1755).
Na Misericórdia do Porto, interveio na construção da Igreja do Recolhimento de Órfãs de Nossa Senhora da Esperança (1746), na reconstrução da Igreja da Misericórdia (1748-1754) e no início da construção do Hospital de Santo António (1771-1772). A sua participação nas obras mencionadas, que constituem importantes marcos da arquitetura e do urbanismo portuense, confirma a valia deste mestre que seguramente era reconhecida pelos principais encomendadores da cidade..
Domingos da Costa interveio igualmente em várias obras públicas, no âmbito da ação da Junta das Obras Públicas.
Nos arredores da cidade terá sido este mestre o responsável pelo risco de vários edifícios religiosos, dos quais destacamos a Igreja de Nevogilde (1734). Mais a norte, está associado à obra da Igreja das Religiosas de Santa Rosa de Guimarães (1734).
A partir da pesquisa documental e bibliográfica fomos organizando vários dados sobre este mestre pedreiro, que nos permitiram balizar cronológica e geograficamente a sua atividade, assim como conhecer quais eram os outros mestres pedreiros, arquitetos e engenheiros com quem colaborou e que, de algum modo, terão sido determinantes no desenvolvimento da sua carreira.
Esta comunicação não encerra o estudo sobre a vida e a obra deste artista. Constitui, sim, um contributo e um primeiro passo para uma investigação mais aprofundada sobre a atuação deste e de outros mestres pedreiros, a qual foi determinante na renovação arquitetónica e urbanística que o Porto conheceu durante o século XVIII
A terminar e antes de um Porto D’honra, várias foram as questões que a assistência colocou ao orador que ampliaram os dados analisados no corpus da comunicação
Raul da Cunha e Silva
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26-10-2019 - Conferência sobre Padre António Vieira
No passado dia 26 de outubro de 2019, decorreu mais uma iniciativa da CUMA - Clube UNESCO da Maia.
Encontro realizado no Lar de Nazaré (Maia), a partir das 16 horas, para a conferência intitulada, “Padre António Vieira, escritor e orador exímio da nossa língua”.
Foram oradores, Adalberto Costa e Raul da Cunha e Silva e moderador Carlos Meireles.
O Padre António Vieira é um dos expoentes máximos da cultura e da literatura luso-brasileira. Nascido em Lisboa, no seio de uma família humilde, foi providencial que seu pai, nomeado escrivão do Santo Ofício em S. Salvador da Baía, levasse consigo para o Brasil toda a família. Aluno do Colégio de Jesuítas de Salvador da Baía, a educação que aí recebeu foi de suma importância para o seu percurso de vida. Padre missionário da Companhia de Jesus, exímio orador, falava com grande frontalidade e coragem na defesa dos oprimidos e contra as formas de opressão do seu tempo (Inquisição). Defensor da dignidade dos povos nativos, lutou contra o tratamento desumano que os colonos infligiam aos índios. Defendeu os judeus e a abolição da distinção entre cristãos novos e cristãos velhos. Atacou abertamente a Inquisição e por tal foi perseguido. Valeram-lhe os seus contactos com a Santa Sé.
O seu êxito como diplomata ficou patente no sucesso junto das nações europeias, ao apoio à causa da Restauração e do rei D. João IV.
Na segunda parte da conferência foi salientado o 2º período do Classicismo, ou seja, o Barroco, estilo voltado para o jogo de palavras e imagens, para o preciosismo vocabular e conceptismo.
Foram indicadas algumas figuras da literatura barroca, a importâncias dos conceitos predicáveis na oratória, ferramentas que António Vieira usou com mestria nos sermões (cerca de 200) e cartas (600). Para ilustrar a arte, a erudição, a propriedade linguística e a genialidade com que trabalhava a língua portuguesa. foram lidos e comentados passos de quatro sermões de valor muito relevante.
Do sermão do Espírito Santo (1657) repristinámos o Estatuário, provavelmente o trecho mais perfeito da nossa língua: Segundo o orador, assim como de uma pedra se pode fazer um santo, também de um índio, um bom cristão.
Do Sermão histórico e panegírico nos anos da Rainha D. Maria Francisca de Saboia, (1668) isolámos o passo “A Guerra “cujo realismo descritivo lembra os tempos hodiernos.
Do Sermão do Bom Ladrão destacamos as conjugações do verbo roubar. Enquanto os que podem conjugam o verbo roubar em todos as pessoas, tempos e modos na voz ativa, os outros conjugam nos mesmos tempos e modos na passiva. Este sermão foi escrito em1655 e não nos tempos hodiernos
Finalmente, do sermão de Santo António aos Peixes (1654): Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos.
A analogia com o mundo dos homens é muito clara.
A leitura dos textos permitiu diálogos muito pertinentes e cheios de interesse
A concluir um Porto D’Honra prolongou o diálogo da conferência.
O Vice-Presidente da CUMA
Carlos Meireles -
24-10-2019 - Luís de Magalhães, o político e o Homem de Letras
Síntese da conferência realizada em Aveiro por Lourdes Graça, a pedido do Museu santa Joana Princesa, no dia 24 de outubro de 2019.
Não há dogmas fechados em política, a livre crítica das ideias é, neste campo, um fundamental direito humano (Luís de Magalhães - A crise monárquica, 1934).
Luís Cipriano Coelho de Magalhães nasceu em Lisboa a 13 de setembro de 1859. Filho de José Estêvão, grande tribuno do período liberal, e de Rita Miranda de Magalhães; formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, onde conheceu muitos dos literatos que haviam de constituir a “Geração de 70”.
Exerceu o cargo de Governador Civil de Aveiro; foi eleito deputado por Vila do Conde e pela Póvoa de Varzim.
Em 1906,, foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros no governo de João Franco.
Em 1919 tomou parte no movimento conhecido por «Monarquia do Norte».
Monárquico convicto, pertenceu à direção da Causa Monárquica da Maia. Empenhou-se na constituição da “Liga Patriótica do Norte”. Não perdeu a esperança de restaurar a Monarquia, como o próprio afirma:” A Monarquia não acabou em 1910, mas interrompeu-se apenas”.
Manteve os ideais monárquicos até ao fim da sua vida.
A 19 de fevereiro, Paiva Couceiro desfralda a bandeira azul e branca, no Monte Pedral, na cidade do Porto, em nome de D. Manuel; o Governo declara, de imediato, o estado de sítio em todo o País. Luís de Magalhães era Ministro dos Estrangeiros. Foram 25 dias de uma verdadeira guerra civil com vitórias e derrotas de um lado e do outro até à vitória final dos Republicanos.
O Ministério da Guerra, pelo decreto 5:262, reconhece os serviços prestados à República:
A Quinta de Moreira
Luís de Magalhães, em 1886, dois anos depois do seu casamento, fixou residência, na Quinta de Moreira, adquirida por sua mãe, à família Vieira de Castro, e aí decorreu toda a sua vida.
A Quinta do Mosteiro de Moreira, foi local de encontros culturais de grandes vultos das nossas letras, dado a teia de amizades de Luiz de Magalhães aos grandes vultos da cultura portuguesa: Guerra Junqueiro, Eça de Queirós, Basílio Teles, António Feijó, e muitos outros.
O Homem de Letras
Escreveu:• Poesia: Primeiros versos, poesias (1880); As navegações; Poemeto (1881); Odes e canções, poesias (1880 1883) D. Sebastião, poema (1898). Cantos do Estio e do Outono, poesias (1908) Frota de sonhos, sonetos (1924).
• Prosa: O Brasileiro Soares, romance (1885), Notas e Impressões, crítica (1884-1889) Eduardo VII, elogio histórico (1910) Portugal e a guerra, ensaios políticos (1916), Perante o Tribunal e a Nação, sobre o julgamento da Junta Governativa do Reino (1925), Tradicionalismo e Constitucionalismo, estudo de história e política nacional (1927) A Crise Monárquica, documentos para a história (1934) Campo Santo, artigos necrológicos (1971) Anoitecer (últimos sonetos) (1971).
Toda a vida do nosso ilustre está repleta de sinais que nos levam a reconhecer que Luís de Magalhães era um homem de afetos que sublimam o valor da amizade. Dentre os muitos amigos, destacamos: Guerra Junqueiro, Eça de Queirós e António Feijó.
Lourdes Graça
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30-09-2019 - Organização Geoadministrativa da Maia
No dia 30 de setembro, o Clube UNESCO da Maia organizou uma conferência sobre um tema muito familiar aos maiatos.na Junta da Vila de Moreira
Foi orador da Conferência o associado Hélder Quintas, doutorando em Geografia, pela F.L.U.P. e moderadora a associada Dr.a Lourdes Graça.
Diz o palestrante, numa síntese de introdução à conferência, servindo-se dos registos de Pinho Leal, que A Maia, antigamente, além das freguesias acima nomeadas, compreendia outras muitas mais, pois tinha por limites as serras de Valongo, inclusive esta vila, e dali pelos arrabaldes da cidade [do Porto] até ao mar, em Matosinhos, por toda a costa até ao Ave, servindo este de limite até Santo Tirso e daqui para o sul, findando onde principiou, na vila de Valongo, que nesse tempo ainda não lhe cabia o nome de vila. De modo que o antigo concelho da Maia compreendia cinquenta e três freguesias. Assim o encontro numa divisão oficial. (…)
Sublinhou a oportunidade do evento, em vésperas de assinalarmos a data simbólica sobre os 500 anos do Foral da Maia (15 de dezembro de 1519 - 15 de dezembro de 2019), vamos fazer uma viajem através dos mapas que espelham a evolução da configuração da nossa Maia, desde as Inquirições de 1258, passando pelo Foral da Maia de 1519, pelo Numeramento de fogos de D. João III, 1527, pelos sécs. XVII e XVIII, pelas convulsões do séc. XIX, até às dinâmicas mais recentes do séc. XX e das primeiras décadas do séc. XXI.
Elencou o nome de algumas freguesias registadas no Foral.
A moderadora, a seu tempo, aludiu aos dados do Padre Antunes de Azevedo, registados em “Memórias de tempos idos” (ed. do Clube UNESCO da Maia, 2015, pp. 148-149-2º vol).
Com o andar dos tempos, outros concelhos foram cerceando o da Maia, até o suprimir em 1868, indo umas freguesias para Vila do Conde, tais como Aveleda, Vilar de Pinheiro, Mosteiró, Guilhabreu e julgo que Gemunde; outras para o novo concelho de Matosinhos, tais como Vila Nova da Telha, Moreira, Barreiros e outras; e as demais freguesias, para Santo Tirso, Gondomar, etc. O que, pela revolta de janeiro, a Janeirinha, daquele ano tornou tudo ao seu lugar, pelo que os povos da Maia deram palmas por se verem libertados do domínio estranho que, embora não prometesse ser bárbaro, contudo cada um com o que é seu não vai mais mal.
Registe-se o envolvimento dos participantes que se questionaram sobre o desmembramento do concelho, tendo, no momento sido , mais uma vez referidos os dados do padre Joaquim:
“Não posso deixar de dizer aqui o que se passou por essa ocasião, na Maia, como testemunha ocular que fui. O concelho da [fl. 115v] [Maia] foi sempre desprotegido dos governos; nunca teve quem o representasse nas Câmaras. Isto, devido à boa índole dos povos da Maia que, inclinados ao trabalho, pouco se importavam com o deputado que o governo lhe apresentava e, por isso, fosse ele o maior ‘tranca’, era sempre eleito pelo povo. Era o círculo eleitoral da Maia aquele que o governo tinha certa a eleição do deputado. Por isso, quando tinha algum amigo que queria servir, dando-lhe uma cadeira no parlamento, propunha-o pela Maia e Bouças, ou ainda outro concelho. E era certa a sua eleição, ficando, portanto, deputado de quem lhe dava a cadeira, para dizer “amém” que, geralmente, só para isso servia e não do círculo que o elegia.”
A finalizar esta temática chamou-se a atenção para uma opinião expressa na publicação”Domus Ivistitiae da C. M.M., p. 9 e que justifica a redução do concelho a 16 freguesias:
O que então contou, no curso desses quarenta anos, que quase destruiram a Maia foram os apetites dos caciques políticos, interessads em ampliar os respetivos círculos eleitorais, ou mesmo em criá-los, no fito de duplicarem os assentos no parlamento, ou de conquistarem um possível novo lugar de eleição, mais adequado às suas próprias relações clientelares.
As opiniões da assembleia prenderam-se mais com a incapacidade de reação pela falta de estruturas políticas de uma sociedade ainda muito rural, como aliás nos indica também o padre Joaquim Antunes de Azevedo.
Como conclusão, o palestrante referiu ser esta uma temática demasiado abrangente que precisaria de ser retomada, pela oportunidade da comemoração do bicentenário das lutas liberais.
Lourdes Graça da Cunha e Silva
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21-09-2019 - O Culto Mariano em Portugal
No dia 21 de setembro de2019, o Clube Unesco da Maia realizou uma conferência no Centro Social Paroquial da Maia-Lar de Nazaré sobre o tema: O Culto Mariano em Portugal, o caso particular da devoção à Senhora da Saúde, proferida pelo o Professor Doutor Pedro Pereira, ilustre associado do nosso clube.
Em Portugal, diz o orador, há cerca de mil invocações da Virgem Maria. Uma delas é a da Senhora da Saúde, que se venera em mais de trezentos lugares de culto no nosso país. Os diversos nomes, como Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora dos Remédios, da Caridade, do Bom Despacho, etc. são nomes diversos de uma só Nossa Senhora e expressam carências, necessidades e devoções diversas em comunidades e tempos diferentes.
Não fora a sua expressão, dominantemente local e a devoção à Senhora da Saúde seria uma das maiores de Portugal.
Numa altura de tão elevado prestígio do saber biomédico, procurar-se -á compreender as motivações que levam as pessoas a recorrer à Senhora da Saúde para lidar com a doença, com o sofrimento e promover a saúde. Ao enorme desenvolvimento da medicina não se segue uma diminuição do culto à Senhora da Saúde.
O médico sabe que o culto existe e que o doente tem as suas crenças que podem não coincidir com as suas.
Um doente vai ao médico porque confia, mas, ao mesmo tempo, reza à Senhora da Saúde para que ilumine o médico a receitar os remédios curativos dos seus males e sofrimentos. Ainda que a relação genealógica entre religião e a medicina seja ancestral, sugere-se que o culto à Senhora da Saúde encerra uma singularidade devota nesta intemporal busca da saúde.
O crente recorre à medicina e ao mesmo tempo à religião ou até a outras meios, na convicção do que “o que abunda não prejudica” - quod abundat,non nocet.
Terminada a conferência, houve espaço para responder a várias perguntas da assistência Antes de iniciar o segundo momento da palestra, o Presidente da Assembleia Geral do Clube Raul da Cunha e Silva agradeceu a presença de todos demostrando que o Clube Unesco da Maia consegue atrair os associados e amigos para eventos dignos de nota. Louvou o orador, Pedro Pereira, pela competência, erudição e capacidade comunicativa. Considerou pertinente o culto à Senhora da Saúde num tempo em que as doenças são muitas. Tomando como referente O Mos Majorum dos romanos trouxe à colação o rompimento dos laços familiares, a falta de educação e de respeito dos filhos para com os pais e avós, a violência doméstica, o desrespeito pela vida e pelos bens alheios, a corrupção que maculam os tempos hodiernos.
No meio de tantos males compreende-se a devoção a Nossa Senhora da Saúde nos quadros da Igreja Católica.
A associada Lourdes Graça abordou o 2º momento da sessão. “O Santuário Mariano da Maia.” Recorda que a igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho foi elevada à categoria de Santuário Mariano em 25 de março de 2003, por decreto episcopal de D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto.
O templo, de estilo barroco, foi documentado pelos registos das “Memórias Paroquiais”, no concernente aos altares, imaginária e à relação entre a volumetria do espaço físico da Igreja e a população existente no tempo – 97 vizinhos, ou seja, 277 pessoas.
No local, exemplificou a gramática do monumento, particularizando a simetria do espaço e o acrescento da Torre sineira (século XIX). À entrada, o frontão com um nicho; no cimo, uma cruz latina e óculo quadrilobado.
No interior, uma rica talha dourada, estilo Joanino, que ocupa totalmente o espaço da parede testeira, com elementos característicos desse estilo: conchas, grinaldas de flores, plumas, anjos. O Trono Eucarístico, no cimo do qual estava o orago – S. Miguel, é rematado por arcos concêntricos, dá sentido de beleza e majestade ao espaço.
Referiu a oferta da imagem da Senhora do Bom Despacho pelo Visconde de Barreiros, tendo sido a viscondessa, sua mulher, que bordou o manto. Assim se concluiu mais um evento cultural do Clube Unesco da Maia de uma forma muito brilhante
Raul da Cunha e Silva
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14-09-2019 - Tertúlia poética sobre Sophia de Melo Breyner
No âmbito das atividades do Clube Unesco da Maia e na sequência de um almoço/convívio, teve lugar, no dia 14 de setembro de 2019, pelas 16h, nos jardins da antiga Junta de Freguesia da Maia, uma tertúlia de Poesia sobre o fenómeno literário -Sophia de Mello Breyner.
A coordenação esteve a cargo da Associada Aida Araújo Duarte que é uma verdadeira profissional nestas matérias. De resto, deve dizer-se que teve um desempenho verdadeiramente notável como é seu hábito.
O Dr. Raul da Cunha e Silva, Presidente da Assembleia Geral do clube saudou e agradeceu a presença de todos os associados. Aproveitou a oportunidade para referir a parábola do pai moribundo, dos seus sete filhos e dos 7 vimes que releva a força invencível da união, conotando-a com os ideais da UNESCO, ou seja, com a educação, a ciência, a cultura e a comunicação.
Terminadas as férias, prossegue o orador, há que seguir em frente, dado que o clube tem um mui longo caminho a percorrer.
A sessão prosseguiu e foi amplamente participada pelos associados que se disponibilizaram para declamar poemas previstos no alinhamento. O tempo reservado a Sophia– a mulher e a poetisa- teve um suporte teórico relevante que levou aos presentes o universo poético da Autora e suas marcas de uma singularidade ímpar.
Nada lhe faltou para ser mito, segundo o artigo publicado na Revista Visão de 3 de janeiro de 2019. Foi este o mote para o início da tertúlia. sendo apresentados dados biobibliográficos considerados relevantes. Seguiu-se a leitura de cerca de vinte poemas agrupados por temáticas.
No sentido de assinalar a grandeza moral da Autora, foi lido o discurso proferido em 1984, no Centro Português da Associação de Críticos Literários.
O Auditório mostrou-se motivado e interagiu acrescentando saber ao sabor, fazendo de cada poema um momento de elevação. Os trabalhos decorreram conforme previsto, em tempo e ambiente adequados.
O encerramento da sessão incumbiu ao Dr. Adalberto Costa, Presidente do Clube que louvou o evento realizado, os organizadores e a necessidade de prosseguir para manter vivos os ideais da associação.
Raul da Cunha e Silva e Aida Duarte
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15-07-2019 - Conferência Nazoni do Porto à Maia
Perante mui numerosa assistência de associados e amigos realizou-se uma conferência no pátio da Feira do Livro da Maia no dia15 de julho sendo orador o prof Dr. José Manuel Tedim. Esta conferência foi fruto de colaboração do Clube Unesco da Maia e da Biblioteca Municipal Maiata.
O tema: Nazoni do Porto à Maia é muito sugestivo.Uma qualquer atividade cultural implica para si mesma uma ideia de movimento, de dinamismo constante entre os sujeitos e o seu objeto. O Clube UNESCO da Maia, em mais um ano de festa e de feira do livro, trouxe a esta, no passado dia 15 de julho, mais um ato cultural de relevo e de significado. Uma conferencia à volta de “Nazoni do Porto à Maia” proferida, com todo o brilho que lhe é peculiar, pelo Prof. Doutor José Manuel Alves Tedim, um homem da cultura e da História da Arte.
As impressões que deixou aos muitos presentes na feira do livro da Maia foram precisas e eivadas de conhecimento e fundamentação histórica com representação na Terra da Maia e nas suas gentes.Apesar da sua origem italiana, Nazoni (1691-1773) veio de Malta para o Porto como cenógrafo e pintor a convite dos Cónegos do Porto.
Nesta cidade torna-se arquiteto ao estilo do seu tempo e por força das encomendas que lhe eram dirigidas, sobretudo pelo Cabido da Sé do Porto, instituição que ao tempo dominava a sociedade eclesial do bispado que estava vago.
Ás obras conhecidas na cidade do Porto, Nazoni sai da cidade oferecendo os seus préstimos aos do termo do Porto e a sua criação passa pelas Terras da Maia. Obra fundamental deixa Nazoni na construção da Igreja Matriz de Santiago de Bougado (agora concelho da Trofa), mas também intervenções mais ou menos características em outras obras, como é o caso da Quinta dos Cónegos, Casa dos Sãs em Nogueira da Maia, Quinta do Chantre, etc... Nazoni pode ser visto como artista dos Cónegos do Porto, não deixando por isso de intervir em projetos privados nas quintas que procuravam captar a criatividade do autor para obras particulares de grandiosidade e monumentalidade próprios da época, deixando assim na história um certo conceito cenográfico para as quintas que tiveram a sua intervenção.Uma frase interessante do Prof. José Manuel Tedim na sua conversa: “Nazoni veio para o Porto e tornou-se tripeiro, nas quintas, foi minhoto”.
A Maia ficou com marcas nazonianas e com elas um pouco da cultura italiana, aquela que havia formado Nazoni que no Porto foi cenógrafo, pintor e se tornou arquiteto à maneira do seu tempo. A Maia ficou com um pouco do que foi Nazoni, o artista na arte da construção do Séc. XVIII e o Porto com Nicolau Nazoni em 1773
No fim houve um interessante momento de questões postas pela assistência a que o orador sapientemente respondeu.
Adalberto Costa
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29-06-2019 - O Barroco na Maia
Porque o tema proposto pela CUMA era aliciante, mais a curiosidade aumentou e chamou ao “passeio” um grupo de sócios que com o seu presidente mais os guias José Augusto e Liliana conhecedores da “matéria” – O BARROCO NA MAIA se meteram ao caminho no autocarro da Câmara em busca de lugares onde repousam “tesouros escondidos” fruto do trabalho dos peritos dos séculos XVI e XVII.
Se uma obra seja ela decorativa, escultórica, arquitectónica ou pictográfica, traduz os sentimentos do artista, reflexo da mentalidade envolvente ou cultura da época, passámos em revista “as modas”, fontes de inspiração dos homens de antanho (da antiguidade aos nossos Tempos).
Predomina a grande sacralidade associada ao profano que a ela se mistura e completa – a videira, os cachos, os querubins e serafins enleados a colunas torsas - ( Salomónicas) significando ao mesmo tempo o trabalho do homem e o sangue de Cristo por nós derramado…
Os tronos dos altares das capelas – mores procuram traduzir toda a majestade divina aí presente: os tetos ou pintados com cenas alusivas à vivência cristã, ou repartidos em caixotões policromados; as paredes suportando ” afrescos” ou pinturas murais preenchem o espaço convidativo quer à meditação e oração quer à relação com a Divindade e corte celestial não faltando cenas bíblicas alusivas à passagem de Cristo pela terra.
Quanto ouro embelezando o interior dos templos! Quanto trabalho do arquiteto preocupado em dar beleza a toda a estrutura exterior da cornija ao frontispício, dos pórticos aos cachorros, das arquivoltas aos capitéis, aos botaréus e coruchéus…!
Os Templos poderão diferir na grandiosidade e opulência - Mosteiro de Moreira; apresentar-se de forma mais humilde – Nª Senhora de Guadalupe; com grande profusão de talha dourada e reluzente – Silva Escura; simples capelinhas de Via Sacra – Barca ; ou só e apenas sinal exterior de riqueza – Capela de S. José – Porém, em todos os lugares era sempre presente o apego à religião, ao culto e rituais sagrados.
A destacar ainda o papel desempenhado pelos cânticos (gregoriano) e pela música bem presente nos órgãos que algumas igrejas exibem no seu interior e que enriqueciam os momentos mais solenes das celebrações eucarísticas.
O convívio que aconteceu na hora do almoço cuja refeição resultou de uma partilha fraterna e junção do que cada um levava foi bem a demonstração cabal do que a CUMA. é capaz de fazer em prol da Camaradagem e da Cultura.
Jaime Gonçalves
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15-06-2019 - Visita a Ovar e Santa Maria da Feira
No dia 15 de junho de 2019 o clube Unesco da Maia fez uma viagem cultural a Ovar e Santa Maria da Feira.
Visitámos na primeira cidade o Museu Júlio Dinis sendo recebidos pelo director do museu,Dr. António França que nos explicou a história do Museu e da Casa dos Campos com destaque para a cozinha, o quarto principal e a sala modelo típico de uma casa vareira. Cada uma destas divisões mereceu uma exposição cheia de interesse, porque mostrou a vida que se passava no seu interior Particularizou o quotidiano de Júlio Dinis e as obras que ele aí escreveu: As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais.
Ofereceu-nos muito material explicativo e documental da biblioteca Na oportunidade o presidente do clube retribuiu-lhe com um exemplar do segundo livro dos moinhos.
O museu Júlio Dinis tem como missão valorizar a passagem do grande escritor português, Júlio Dinis por Ovar relevando a influência que a sua presença teve na sua obra literária e no meio ovarense.
De seguida, o Solar do Pão-de-ló. Vimos as instalações onde se fabrica o pão- de- ló. Ficamos a saber que a sua origem é conventual. Data de 1782 o aparecimento deste pão em Ovar.
Mostraram-nos como se faz o pão-de-ló e os ingredientes que entram na sua constituição, a sua percentagem, o tempo. Tem côdea acastanhada, é húmido, não seco. Alertaram-nos para a eventual presença da salmonela.
O momento alto desta visita foi quando degustamos o saboroso pão e quando nos ofereceram uma amostra para saborearmos em casa.
Após o almoço rumámos a Santa Maria da Feira
O nosso programa era visitar o museu convento dos Lóios e o castro de Romariz
Também aqui fomos orientados no museu que é dedicado à História e ao Património, à valorização e divulgação dos testemunhos e memórias da herança histórica e cultural do concelho e da região, promovendo diversas atividades de manifesto interesse ao entendimento cultural , regional e nacional. Vimos núcleos de Arqueologia, como por exemplo os Achados do castro de Romariz que fomos visitar a seguir, de História e de Etnografia,
Depois da visita (e durante ela) ficámos convencidos de que Lóios é um espaço excelente de educação, de cultura e de comunicação. Castro de Romariz
Fomos recebidos pelo presidente da Associação “Voltados ao Poente” e Lurdes Bártolo e Óscar Bártolo associados do nosso- clube.
Através da projecção de um vídeo podemos contemplar o que foi a vida neste castro povoado essencialmente por celtas , túrdulos velhos e romanos
A dr.a Lurdes Bártolo fez uma narrativa da vida desses povos (casa circulares dos celtas) circulares em pedra dos túrdulos velhos e rectangulares dos romanos e em que circunstâncias terão abandonado o alto da montanha para as terras baixas..
Após esta sessão subimos quase todos ao castro
É digno de se ver.As escavações puseram a descoberto casa rectangulares, circulares e a domus. Mais uma vez a associada dr.a Lurdes Bártolo explicou o que íamos observando.
E aqui terminamos esta visita cultural muito bem programada e executada o que muito beneficia o clube , solidifica as relações interpessoais e louva o grupo dos programadores e executores.
Sabemos que tanto a cidade de Ovar como a de Santa Maria da Feira têm património muito mais vasto e rico do que aquele que nos foi possível contemplar durante o dia. Haveremos de lá voltar.
Raul da Cunha e Silva
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25 e 26-5-2019 - Visita a Montesinho e Bragança
Clube Unesco da Maia visitou Montesinho e Bragança nos dias 25 e 26 de maio, o Clube Unesco da Maia teve o privilégio de concretizar uma das atividades do seu plano anual: visita ao Parque Natural do Montesinho, com o objetivo de verificar “Como a geodiversidade condiciona a biodiversidade”.
Um grupo de associados, no dia 25 deste mês, rumou até Bragança, curioso e entusiasmado para observar in loco, e ouvir falar da influência da geologia na flora e vegetação do concelho de Bragança.
Sob orientação do associado Carlos Meireles, geólogo e investigador do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), e do Professor Doutor Carlos Aguiar, do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), visitámos o lugar do Tojal dos Pereiros – lugar de importância ímpar em Portugal pois é aqui que se podem observar afloramentos de rochas granulíticas (anfibolitos e blastomilonitos) - rochas com origem a cerca de 40 km de profundidade da Terra e, talvez as rochas mais antigas do País, com cerca de 1,1 mil milhões de anos.
Já em Vila Boa de Ousilhão – Alimonde, foi possível constatar a nítida influência das rochas ultramáficas, que são também designadas de ultrabásicas (da crusta oceânica e do manto) que por serem muito ricas em níquel e magnésio, são nocivas para a maior parte das plantas levando à existência de algumas espécies vegetais endémicas (como a Santolina semidentata, a Armeria eriophylla, a Anthyllis sampaiana e a Avenula pratensis) e a distribuição do coberto vegetal.O almoço (merenda transmontana) deste dia foi na tranquila, simpática e acolhedora aldeia de Ousilhão.
Foi um trabalho excelente graças à motivação não pequena do presidente Adalberto Costa.
Houve ainda tempo para uma visita à aldeia e à sua Associação Cultural Recreativa e Desportiva, instalada na antiga escola primária.
Nestas instalações existe uma exposição sobre os trajes e máscaras usadas pelas gentes de Ousilhão nas suas festas com reminiscências pagãs, tal como é comum acontecer por estes lados do nordeste transmontano.No regresso a Bragança e passando por Vinhais, Paçó, Parâmio e Espinhosela, a dupla de guias continuou a dar exemplos de como rochas de origens e composições distintas, como os serpentinitos e peridotitos (ultrabásicas), os gabros, os gnaisses e os micaxistos (rochas básicas, com pH elevado), condicionam, sem qualquer dúvida, a flora e cobertura vegetal.
Os solos com origem em rochas ultrabásicas apresentam-se delgados e quase sem cobertura vegetal ou com espécies muito seletivas e os com origem em rochas básicas revelam-se mais profundos, sendo sabiamente aproveitados pelo lavrador bragançano para a plantação de centeio ou trigo, castanheiro (Castanea sativa) e a natural regeneração do Quercus pyrenaica (carvalho-negral).Em 26 de maio o grupo foi ao encontro do património edificado, cultural e artístico da cidade de Bragança, com particular destaque no “casco” velho da cidade.
Aqui visitou-se o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, onde estão patentes exemplos de trajes e máscaras usadas nos rituais festivos (solstício de Inverno, o Carnaval), quer de várias localidades do nordeste transmontano, quer da região zamorana.
São resquícios do sagrado pagão com origem nas culturas celta e/ou romana e comuns dos dois lados da fronteira; a Domus Municipalis, o único edifício românico, não religioso, que existe na Península Ibérica; a Igreja de Santa Maria do séc. XVI e da sua magnífica talha dourada, descritas de forma exemplar pela Drª Lourdes Graça; o Castelo, integralmente construído com rochas peridotíticas da região e a lenda da torre da Princesa e, para terminar, o Museu Abade de Baçal, onde se destaca o seu acervo de epigrafia romana, estatuária religiosa e a belíssima coleção de pintura portuguesa dos finais do séc. XIX, primeira metade do séc. XX.O regresso à Maia ocorreu depois de um repasto à volta da castanha e do javali, no Solar Bragançano, num ambiente de fraternidade e alegria.
Mais uma vez o Clube UNESCO da Maia promoveu a CULTURA, a CIÊNCIA, a EDUCAÇÃO e a PAZ.
Ana Almeida
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12-05-2019 - Visita ao Cemitério de Agramonte
No passado dia 12 de maio, a partir das 10h00,a convite do MMIPO - Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, os associados do Clube Unesco da Maia participaram na visita à descoberta dos benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto no Cemitério de Agramonte.
Percurso muito interessante, orientado pelo nosso associado Dr. José António Ferreira e Silva, quadro superior da Santa Casa com o seu início junto ao Crowne Plaza na Avenida da Boavista. Teve o cemitério como destino fundamental, passou pela Avenida da Boavista e pelo Banco Carregosa. Durante o itinerário abordámos algumas figuras associadas a estes espaços, mas também à Misericórdia do Porto: o conselheiro Boaventura Rodrigues de Sousa, o Conde de Lobão, o Conde de Ferreira e D. Francisco de Noronha e Menezes foram algumas das figuras relevadas.
Ouvimos o histórico destes bem-feitores da Santa Casa e os jazigos onde estão tumulados. Observámos também o monumento à noite trágica do teatro Baquet que no incêndio de 20 de março de 1888 vitimou 100 pessoas.
Este monumento que a gravura no fundo do texto mostra é constituído por restos do teatro que ficaram desse fatídico incêndio.
Ao entrar no Agramonte, como ,aliás, nos outros cemitérios, verificamos que a cidade dos mortos é semelhante à dos vivos e que os problemas por eles vividos também não diferem muito daqueles que ainda andam por cá.…
Raúl da Cunha e Silva
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11-05-2019 - Visita à Quinta dos Cónegos
Como parte integrante da entidade regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, e no âmbito da divulgação dos fins-de-semana gastronómicos, a Câmara Municipal da Maia, através da Unidade de Turismo realizou nos dias 10 e 11 de maio a atividade :– Há petiscos da escola.
Em parceria com a Real Confraria Gastronómica das Cebolas, o Agrupamento de Escolas do Castelo da Maia e a Cooperativa Agrícola da Maia, a atividade desenvolveu-se ao longo de dois dias em dois locais diferentes mas é à Quinta dos Cónegos (sábado dia 11) que nos vamos referir.
Com esta iniciativa a que o Clube Unesco da Maia se associou, os participantes foram convidados a conhecer a quinta, a casa, a capela e áreas circundantes e no final foram convidados a provar as diversas iguarias confecionadas pelos alunos do agrupamento de escolas do Castelo da Maia e os vinhos de seis produtores trazidos pela Cooperativa Agrícola da Maia.
Num dia em que o tempo de verão se fez sentir, com temperaturas agradáveis e convidativo a atividades fora de portas, o início da visita desenvolveu-se com uma apresentação resumida dos séculos de história da casa. Com a referência obrigatória a figuras socialmente conhecidas e que fazem parte da história da quinta, desde a família Sobral Mendes, à família Espirito Santos Silva, anterior proprietária e responsável pelo notável restauro e à Câmara da Maia atual proprietária.
Logo de seguida e divididos em grupos que permitiam uma visita mais colaborativa e intimista ao interior da casa, os participantes puderam apreciar a capela datada de 1681, conhecida como capela da sagrada família, destacando-se as imagens de Maria, José e o menino. Realce para o retábulo em talha lavrada dourada protobarroca.
No interior, com uma cuidada recuperação sob a égide do Arq.º Pinto Leite, com a colaboração do Arq.º Pais de Figueiredo e Eng.º Santos Farinha, foram os participantes convidados a ver as peças da coleção da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, com mobiliário ao estilo D. José. D. Maria, D. João IV, império, Luís XV e Luís XVI.
Das paredes ricamente pintadas, aos tapetes de arraiolos, às cerâmicas orientais e ao longo da visita, alternando entre espaços sociais e espaços íntimos como o quarto, a visita à casa da Quinta dos Cónegos terminava da sala de jantar onde entre o diverso mobiliário presente se dava o devido destaque a um biombo do período Nanban e retrata a chegada dos portugueses (1543) ao atual Japão e à forma como foram apelidados Nanban- Jin – Bárbaros do sul.
Logo após a visita ao interior, a música, os jardins e obviamente os petiscos da escola e os vinhos, sumos e água convidavam a um entardecer tranquilo num tempo de gosto intemporal.
“Em tempo oportuno deve-se acrescentar que a visita em que o clube Unesco da Maia participou causou-lhe imensa satisfação e alegria e que o evento foi sabia e competentemente orientada por Mário Aguiar, Técnico superior da C:M da Maia” afirmou Raul da Cunha e Silva.
Mário Aguiar-Técnico Superior da C.M. da Maia
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13-04-2019 - 9º Aniversário do CUMA
O dia 13 de abril de 2019 fica marcado para a cultura da Maia pela reunião de 62 associados que pautam o seu estar em sociedade pelo apego à cultura, ao bom relacionamento e ao interesse do seu passado enquanto seres sociais que procuram a paz como objectivo ultimo de uma boa educação, cultura e ciência.
O evento foi dirigido pela associada Laura Mora com eficiência tendo seguido o seguinte programa:
a) Almoço de aniversário
b) Animação musical e cultural
c) Entrada de novos sócios
d) Comunicações
a) O almoço, além da qualidade, proporcionou um ambiente de convívio e de alegria.
b) O mesmo se poderá dizer, embora por outras razões, da animação cultural.
CUMA: Aniversário
CUMA já faz nove anos
E vai sabendo crescer
Quer oferecer aos humanos
Paz, Educação, Ciência
E cultura do saberQuer festa de aniversário
E na festa erguer a taça
Juntar todos os amigos
Pois a solo não tem graçaEis uma receita
P´ra fazer a união
Para a Educação, paciência
Para a Cultura, curiosidade
Compreensão para a ciência
E para a paz, amizade.Somos bons
Quando somos todos…
Artur BaptistaC) A entrada de novos associados é sempre um grande momento:
Armindo Lage, Fernanda Lage e Maria Joana Gonçalves foram admitidos e apadrinhados como novos associados do clube, tornando-o a partir de agora mais forte e competente.
Houve leitura de 3 poemas sendo um de autoria do próprio leitor Artur Baptista.
d) No momento das comunicações o presidente da direcção do clube Unesco da Maia dr. Adalberto Costa afirmou que o Clube Unesco da Maia celebrou o seu nono aniversário ao redor de um convívio salutar de amizade permanente, alimentada pelo labor para a construção de uma sociedade melhor sem paternalismos e de consciência aberta ao mundo dos homens.
A presença dos associados está registada nas comemorações deste aniversário que conta nove anos cheios de clarividências concretas da vida da Maia, das suas gentes – homens/mulheres e instituições. E a entrada de novos associados no clube são um acto de regeneração e continuidade do seu objectivo último, bem definido nos seus estatutos constitutivos.
O presidente da direção do clube Unesco da Cidade do Porto, Fernando Pinto enalteceu as relações amistosas entre os dois clubes e os benefícios que traz para ambos.
A concluir o Presidente da Assembleia Geral, Raul da Cunha e Silva fez passar a fita do tempo realçando momentos determinantes no histórico do clube.
“Perante 90 associados e amigos e num ambiente muito festivo a Comissão Nacional da Unesco, representada pela Dra. Anna Paula Ormeche e o Presidente da Associação Maiata para a cultura da Paz - Cuma, (prof.Dr. Raul da Cunha e Silva) assinaram o protocolo que constitui o Clube Unesco da Maia.”
No uso da Palavra e imitando Virgílio na Eneida: Post tot tantosque labores, chegámos não a Lavínia mas até aqui, ajudados não pelos deuses, mas pelos nossos asociados e amigos:
Sílvio Matos(já falecido), presidente do clube Unesco do Porto;
Comissão instaladora da Cuma representada pela Dr.a Anna Paula Ormeche, José Oliveira, Augusto Seabra Amaral, e o presidente do clube;
o senhor Mário Silva, amigo muito ilustre.
Carlos Teixeira que nos cedeu a sede onde trabalhamos ainda hoje.Posteriormente e citando novamente Virgílio Quis talia fando,temperet a lacrimis… Quem narrar ou ouvir tudo o que a Cuma fez ao longo da fita do tempo não sentirá alguma perturbação?
206 eventos em oito anos uns a recordar 12 ilustres maiatos, pessoas que fizeram história, outros a editar estudos muito importantes na área do património imaterial 6 na área do património imaterial, edição de livros tendo presente o que deles diz o padre António Vieira: OS LIVROS SÃO UM MUDO QUE FALA, UM SURDO QUE RSPONDE, UM CEGO QUE GUIA, UM MORTO QUE VIVE noutras em visitas de estudo ,conferências, convívios.
De registar o agradecimento a todos e cada um dos associados e amigos mas relevar a direcção, a dr.a Lurdes Graça, sempre pronta para trabalhar, a Emilinha e Américo, a Laurinha, a Edite, a Conceição, o sr Ramos e muitos, muitos outros, ou seja, todos.
Raul da Cunha e Silva
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07-04-2019 - CUMA participa em Visita d’autor
No passado domingo, dia 7 de abril, a CUMA – Clube Unesco da Maia e outras organizações participaram na Visita d’Autor “Os Noronhas e Menezes e à Quinta da Prelada”, promovida pelo MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto.
Orientada por José António Ferreira e Silva, técnico superior no MMIPO e associado da CUMA, esta visita iniciou-se na Praça do Exército Libertador, no Carvalhido, com uma alusão ao desembarque de D. Pedro IV e aos obeliscos da Prelada, e finalizou na Casa da Prelada, com a visita ao interior do espaço e ao jardim. Durante duas horas, o autor abordou a história da Quinta, a intervenção de Nicolau Nasoni neste conjunto arquitetónico e paisagístico, a relação da Quinta com o território envolvente e as diversas utilizações que a propriedade teve ao longo dos tempos.
Situada na freguesia de Ramalde, junto ao Carvalhido, na rota dos Caminhos de Santiago, a Quinta da Prelada elege-se como um dos espaços mais notáveis e grandiosos do aro do Porto.
Em 1758, nas Memórias Paroquiais de Ramalde, o padre Francisco Mateus Xavier de Carvalho fez uma descrição exaustiva da propriedade, salientando que "passa pella melhor destas Provincias", e que "as cazas estão comesadas com risco de Nasoni, pintor italiano, que vive na Cidade do Porto".
Este vasto conjunto arquitetónico e paisagístico subordinava-se a um eixo de simetria que passava pelo centro da Casa e terminava no Castelo. Ao longo deste percurso, organizavam-se os diversos espaços e elementos do programa paisagístico da Quinta. As Memórias Paroquiais são bem esclarecedoras quanto a isto, ao descreverem fontes, lagos, tanques, bancos pintados de fresco, labirinto de buxo, esculturas, latadas, entre outros elementos.
Alguns antepassados da família Noronha e Menezes tiveram ligações à Misericórdia do Porto. Saliente-se D. Luísa Pessoa que, no final do século XVI, foi benfeitora da Misericórdia, sendo também a primeira irmã num tempo em que a irmandade era uma instituição para homens, e D. António de Noronha e Menezes de Mesquita e Melo, eleito provedor em 1756, que terá encomendado a Nasoni o projeto do jardim e da casa.
D. Francisco de Noronha e Menezes, o "Último Fidalgo da Prelada", falecido em 1904, doou em testamento a Quinta da Prelada à Misericórdia do Porto com a condição desta instituição destinar a casa a um Hospital de Convalescentes, ou a outro qualquer fim humanitário. Dando cumprimento à vontade do benemérito, a Misericórdia do Porto inaugurou em 1906 o Hospital de Convalescentes D. Francisco de Noronha. Atualmente, na Casa da Prelada está instalado o Arquivo Histórico da Misericórdia do Porto.
A finalizar a visita o presidente da Assembleia Geral do Clube Unesco da Maia, Raul da Cunha e Silva louvou o Dr. José António pela sua sageza e conhecimento dos interiores e exteriores patrimoniais da Santa Casa da Misericórdia do Porto. A chuva não ajudou, mas o convívio, a ciência e a história, compensaram abundantemente.
José António N. P. Ferreira e Silva
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29-03-2019 - A Mulher da Maia - da periferia à urbe portuense
(final do século XIX - início do século XX) no Maia ShoppingNo passado dia 29 de março, o Clube UNESCO da Maia apresentou no Maia Shopping a sua mais recente publicação: A Mulher da Maia - da periferia à urbe portuense (final do século XIX - início do século XX).
Esta actividade, realizada em parceria com o Turismo da Maia e com o centro comercial, cumpriu cabalmente os objectivos que a nortearam: Divulgar uma parte significativa da História da cidade da Maia, dos finais do século XIX aos princípios do século XX.
Como enquadramento, tivemos o privilégio da presença de quatro mulheres do Rancho Folclórico de S. Salvador de Folgosa que documentavam quatro das actividades do período em estudo. Falamos da Carolina, da Irene, da Lourdes e da responsável do rancho, Maria José.
Nas comunicações dos autores assinalamos as informações prestadas pela co-autora Lourdes Graça que contextualizou o estudo na Maia, terra de terras muito férteis, um espaço periférico de uma cidade em franco crescimento: a cidade do Porto. Sublinhou a importância deste estudo, pelo registo de dados documentais que ainda não haviam sido feitos e que a não serem escritos se perderia para sempre. Recordou um estudo similar de Maria Lamas: “ As mulheres do meu País” que serviu de fonte a esta obra. Referiu, no entanto, que a metodologia privilegiada fora a entrevista a maiatos que ainda guardavam de memória estas árduas tarefas femininas de um tempo não longínquo. As actividades registadas na obra: a lavadeira, a leiteira, a pinheireira, a hortaliceira, a vassoureira, a carquejeira, a galinheira, a carreteira, a co-autora Liliana Aguiar e Gabriel Gonçalves pormenorizaram a lavadeira e a pinheireira.
Assim, a lavadeira era uma das actividades mais frequentes na Maia, particularmente em Águas Santas. Salientou que esta actividade era um complemento familiar, um modo de sustento. Estas mulheres ganhavam à peça, o preço variava: oito tostões por cada lençol, quatro tostões por cada toalha e dois tostões por cada lenço. A entrega da roupa era à segunda e era à sexta que a iam buscar às clientes. Elencou algumas ruas do Porto para onde as lavadeiras da Maia trabalhavam.
Falou ainda do rol que era imprescindível para não trocar a roupa e, segundo as entrevistas que realizou, como não sabiam ler, cada peça era assinalada com uma cor.
O Gabriel falou de uma actividade quase desconhecida: a pinheireira. Contextualizou a actividade na “paisagem florestal” que caracterizava este espaço, na Maia desse tempo. Descreveu a actividade de pinheireira, uma tarefa em parceria com outras mulheres, na trepa ao pinheiro, na recolha do produto e no transporte em carro de mão até ao local de secagem: quintais, eiras e até nos caminhos. Por curiosidade referiu os utensílios usados neste mester: carro de mão, vara, gancho, rede, cordas, lampião e também as peças de vestuário, devidamente adaptadas à tarefa: tamancos, peias, saia, blusa e avental, facha, chapéu, calças velhas de homem.
Finalmente referiu artistas que trataram o tema. Mestre Albino, na pintura, e Quim Almeida, na escultura e azulejaria.
A encerrar a sessão, Sandra Campos, directora do Turismo da Maia e Ana Cláudia disponibizaram-se a novas parceria com o Clube e assinalaram o sucesso do evento. Por sua vez, o Presidente da Assembleia, Prof. Raul da Cunha e Silva e o Presidente da Direção, Adalberto Costa, sublinharam o valor da obra como espólio de relevo e mostraram-se também disponíveis para outras parcerias.
Raul da Cunha e Silva
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21-03-2019 - Tertúlia sobre Fernando Campos
Numa organização, em parceria, entre o Clube Unesco da Maia e a Escola Secundária da Maia teve lugar, na biblioteca da Escola Secundária, no dia 21 de Março, uma tertúlia/encontro subordinada ao tema “Fernando Campos – do livro à leitura ” monitorado pela professora Ana Alice.
Decorreu com interesse e curiosidade por parte de todos os participantes – adultos e jovens alunos - que tiveram uma participação activa.
Discutiu-se o conceito de “romance histórico” para, em seguida, haver uma reflexão sobre três obras do autor: “A Casa do Pó”, “O Cavaleiro da Águia” e “A Ponte dos Suspiros”.
Após esta reflexão, dois alunos fizeram uma entrevista virtual a Fernando Campos, sendo este representado por um aluno sénior, na qual se deu a conhecer a biografia de Fernando Campos.
A terminar a sessão, os representantes da Escola Secundária e do Clube Unesco da Maia, realçaram a importância destes encontros a nível escolar e social na divulgação do livro e da leitura.
Relevou o Dr. Rui Duarte, Director da Escola Secundária da Maia a colaboração que existe entre a escola e o clube Unesco da Maia. Há sempre mensagens enriquecedoras para os que participam nestes eventos culturais, salientou.
O Dr. Raul da Cunha e Silva, presidente da Assembleia- Geral do clube Unesco da Maia, solicitado pelo Dr. Rui Duarte estabeleceu um paralelo entre os objectivos da Unesco e os da escola, lugar privilegiado para a educação, cultura, ciência , comunicação e consequentemente a paz. Daí o significado profundo desta e doutras comunicações na escola.
Parabéns à professora Ana Alice e a quantos planificaram, programaram e executam a tertúlia sobre Fernando Campos.
Raul da Cunha e Silva
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02 e 03-03-2019 - Carnaval na CUMA 2019
A CUMA, perseguindo os objectivos da UNESCO, levou a efeito, nesta data, uma visita lúdico-cultural, que partindo da Maia, se focou em Viana do Castelo e em Vila Nova de Cerveira.
Durante a viagem foi feita uma alocução de boas vindas pelo Presidente da Mesa da Assembleia do Clube, Prof. Dr. Raúl da Cunha e Silva, que, na circunstância, deu Interessante informação sobre o Carnaval desde a sua remota origem.
Houve associados que deram nota das características e enquadramento histórico dos monumentos a visitar. Foram lidos poemas alusivos ao Carnaval.
Chegados a Viana, visitámos a Igreja Matriz, hoje Sé Catedral, e o Museu do Traje, tal como previsto no programa. No intervalo destas visitas, houve ainda a possibilidade de conhecermos a Igreja da Misericórdia com a originalidade da sua azulejaria e a riqueza dos seus altares e imagens. Foi ainda apreciada a Estátua de D. Frei Bartolomeu dos Mártires cujo jazigo se encontra na fronteira da Igreja de S. Domingos.
De Viana partimos para Vila Nova de Cerveira onde nos hospedámos e tivemos a oportunidade de participar em alegre e festivo evento carnavalesco.
Na manhã seguinte, o centro de Vila Nova de Cerveira mereceu a melhor atenção dos associados.
Muitos deles assistiram à celebração da eucaristia.
Depois do almoço, foi apresentada a proposta da ida a Santa Luzia e unanimemente aceite, permitiu desfrutar uma extraordinária paisagem e ver de perto a Basílica.
Durante a viagem de regresso, houve a oportunidade de mais intervenções de caracter cultural: poesia e folclore. Mais uma vez a cultura pode ser agradável e o saber, ao contrário do que às vezes se diz, ocupa um lugar gratificante e imprescindível na construção da Paz.
Artur Baptista
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23-02-2019 - Evocação da Monarquia do Norte (1919-2019)
O Conselheiro Luís de MagalhãesA evocação do 1º Centenário da Monarquia do Norte foi tema de uma conferência realizada pelo Clube UNESCO da Maia, em parceria com a Junta de Freguesia da Vila de Moreira, cujo tema: Evocação do 1º centenário da Monarquia do Norte (1919-2019). O Conselheiro Luís de Magalhães.
A palestra foi tratada por quatro associados do Clube. Foi moderador da sessão José Augusto Maia Marques.
Os quatro oradores versaram os seguintes temas:
Lourdes Graça, tratou da Contextualização sociopolítica do País, ao tempo, e percursos de guerra;
os restantes palestrantes abordaram a figura do Conselheiro Luís de Magalhães sobre perspectivas diferentes.
Assim Hélder Quintas expôs o conteúdo político na obra; “A Crise Monarchica”;
José Gabriel procurou perscrutar os objectivos do Conselheiro na obra “ Perante o Tribunal e a Nação”.
Pedro Pereira deu-nos a conhecer o seu lado de poeta: “Breves Impressões poéticas”. Analisou obras diversas, de que destacou: “Frota de sonhos”.A abertura ficou a cargo do Presidente da Junta de Freguesia, Carlos Moreira, e o Presidente do Clube UNESCO da Maia, Adalberto Costa, encerrou a sessão.
Durante a conferência, o legado político, literário e cultural de Luís de Magalhães - que residiu na Quinta do Mosteiro, em Moreira - foi transversal a todas as intervenções.
De realçar a presença de familiares do Conselheiro que se mostraram agradados pela belíssima palestra, que, a nosso ver, foi também uma homenagem ao Ilustre Ministro de Paiva Couceiro na “Junta Governativa do reino. “
Lourdes Graça elencou situações políticas sociais e económicas que precederam as incursões da denominada Monarquia do Norte: a crise cerealífera, a lei da separação do Estado das Igrejas que arrastou atrás de si um grande descontentamento do alto e do baixo clero bem como das gentes rurais, pois a nossa matriz religiosa assim o exigia. A entrada de Portugal na guerra que segundo Fernando Rosas “, a guerra foi a morte da Primeira República. Ela iria exacerbar os graves problemas e contradições que, desde o início, atravessaram o novo regime... “ A saída humilhante de Portugal elevou ao descontentamento de todos, particularmente dos militares. Sublinhou ainda a figura de Sidónio Pais e o afeiçoamento e o renovar da esperança do regresso à Monarquia.
Particularizou as lutas civis entre monárquicos e republicanos na Vila de Mirandela; as três batalhas a 2, 9 e 13 de fevereiro. Referiu a presenças de jovens voluntários a que o governo da República recorria nestas lutas. Analisou um telegrama que anuncia a rendição das forças realistas.
O palestrante Gabriel Gonçalves começou por estabelecer um paralelo entre O Conselheiro Luís de Magalhães e seu pai, José Estêvão.
A seu tempo, o Presidente da Assembleia Geral, Raul da Cunha e Silva realçou o significado da colaboração do clube com a Junta de Freguesia da Vila de Moreira e o seu crescimento no cumprimento dos objectivos da UNESCO.
Em jeito de conclusão poderemos afirmar com o presidente do clube, Adalberto Costa que uma vez mais o Clube UNESCO da Maia esteve atento aos problemas nacionais. Regozija-se com os resultados desta conferência, na justa medida em que continua a contribuir para a cultura, para a Ciência Educação da Comunidade e assim participar na criação do conhecimento.
Lourdes Graça
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14-02-2019 - Tertúlia no dia dos namorados
No âmbito das actividades do Clube Unesco da Maia, teve lugar, no dia 14 de fevereiro de 2019, pelas 16h 30m, na sede da antiga Junta de Freguesia da Maia, uma tertúlia de poesia sobre o amor com a coordenação da associada Aida Araújo Duarte.
Foi uma sessão muito animada em que tanto se referia o amor, como S. Valentim (simbolo dos namorados) e as suas prendas habituais, e Cupido certeiro, prazenteiro disparando as suas setas em todos os corações de homens e mulheres, tornando-os felizes.
Cada um dos presentes leu poemas de grande beleza em que se cantava o amor em metáforas belas e deliciosas, declarações amorosas tradicionais. A coordenadora, quando oportuno, comentava os textos, emprestando-lhes mais riqueza e magia.Prometeu e cumpriu a declamação de alguns “poemas mais picantes” para o fim que suscitaram animado debate entre todos os participantes.
De facto, é lícito concluir que amar e poetar tudo vai de começar.
A terminar a sessão, o professor Raul da Cunha e Silva afirmou que é muito antigo o hábito de fazer tertúlias.
Referiu que já o filósofo Confúcio no século VI antes de Cristo, costumava reunir seus discípulos em tertúlias para falar sobre princípios filosóficos e morais. Essa prática disseminou-se pelo Ocidente, ganhando a dimensão de palestra literária, reunião de parentes e amigos.
A Grécia antiga não ignorava estas práticas. Os sofistas difundiam as suas doutrinas, via tertúlias e conferências. A cultura romana também as conhecia. Aliás, na minha opinião, a palavra “Tertúlia” é latina. Provém da gens (família) tulla a que pertencia Marcus Tullius Cicero (160- 43 a.c.), grande escritor, filósofo e político Quem escrevesse 3 vezes (ter) melhor que Tullius era Tertullius donde Tertuliano(grande bispo romano160-220.) e Tertúlia.
Parte integrante da tertúlia de carácter amoroso é Cupido um dos principais símbolos do amor e da paixão. Ele é o deus romano do amor representado por um menino alado com um arco e flecha que dispara em todos os corações como referimos.
Também um sacerdote da época, S.Valentim, desrespeitando um decreto imperial realizava casamentos que o levaram à morte no dia 14 de Fevereiro do ano 269 cuja data deu origem ao dia dos namorados.
Durante esta belíssima sessão cantámos o amor, no dia dos namorados, ou seja, de S. Valentim.
Valeu a pena vivermos esta tertúlia e agora vamos continuar o convívio degustando um saboroso Poto D`Honra.
Raul da Cunha e Silva
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17-01-2019 - Tertúlia sobre Sebastião da Gama
No âmbito das actividades da iniciativa do Clube Unesco da Maia, teve lugar, no dia 17 de Janeiro de 2019, pelas 16h 30m, na sede da antiga Junta de Freguesia da Maia, uma tertúlia de Poesia sobre o fenómeno literário Sebastião da Gama. A coordenação esteve a cargo da Associada Aida Araújo Duarte.
A sessão foi amplamente participada e contou com vários Associados que se disponibilizaram para declamar poemas previstos no alinhamento. O espaço reservado ao homem e ao poeta acolheu um suporte teórico que levou aos presentes o universo poético do Autor e as marcas da obra do poeta que cantou a serra da Arrábida. Uma a uma, foram sendo apresentadas as linhas de leitura das obras poéticas: Serra-Mãe, Cabo da Boa Esperança, Campo Aberto, Pelo Sonho é que vamos e Itinerário Paralelo.
O Auditório mostrou-se motivado e interagiu acrescentado saber ao saber, fazendo de cada poema um momento de elevação. Os trabalhos decorreram conforme previsto, em tempo e ambiente adequados.
O Dr. Raul da Cunha e Silva, Presidente da Assembleia Geral, encerrou a sessão com palavras de agradecimento e de louvor.
Aida Duarte
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12-01-2019 - Conferência O Direito à Paz e sem Guerra
Redes sociais - Contributo para a PazO Clube Unesco da Maia dando realidade à tradição do seu Plano Anual de Actividades, realizou no dia 12 de janeiro a sua primeira actividade do ano de 2019 que ora se inicia com a realização da conferência em título.
A oradora convidada, Profª Doutora Assunção Pereira, lente de Direito Internacional Público da Universidade do Minho – Escola de Direito e investigadora, debruçou-se sobre o tema dando ensinamento do seu conhecimento, perante uma assembleia interessada e bem constituída.
A guerra e a violência sexual, vista esta na perspectiva não apenas das mulheres e dos homens é de veras pouco compreendida pela sociedade, na medida em que se as primeiras se calam face às violações, os homens por vergonha não se pronunciam sobre a violação que as mais das vezes se traduz na tortura atroz enquanto instrumento de guerra. A utilização das crianças no acto de guerra, outro problema que envolve os actos e guerra dos nossos dias, consubstancia um acto cobarde dos sujeitos que fazem a guerra, porquanto a mesma utilização é barata porque não remunerada, fácil, porque simples o convencimento das crianças, sem transtornos, porque morrendo a criança, pouco ou nada se sabe do seu desaparecimento em ambiente de guerra.
Mas nos nossos dias, a guerra é alimentada não apenas pelos interesses objectivamente conhecidos, mas também pela contratação de empresas quase especializadas que a ela se dedicam ao abrigo de contratos ou negócios que o público em geral não se apercebe ou conhece, mas de forma muito real ajudam à manutenção do flagelo das comunidades, das gentes e dos povos, muitas vezes concluindo com o genocídio.
Na actualidade, é evidente o fenómeno da guerra, a localizada e cada vez mais desenvolvida nos seus instrumentos, vendo-se em cada momento a utilização das chamadas armas ilícitas: as químicas, as biológicas e o aparecimento da robótica: drones, robôs, etc. que constituem um modo rápido, simples e económico para a realização da guerra.
Tudo isto, elementos de análise que levam à conclusão da crise de valores porque a sociedade vai sendo afectada e que de algum modo ajudam na economia mundial, principalmente para alguns países, nomeadamente os mais fortes, os mais ricos e que embarcam por um certo liberalismo aparente.
Aspecto consequente de um acto de guerra, são os traumas que resultam dele, não apenas para as comunidades, mas sobretudo para as pessoas consideradas individualmente e que perduram no tempo, influenciando na formação das pessoas que assim se deixam determinar no seu comportamento para com os demais, mostrando as mazelas criadas pela guerra em desfavor da sã convivência entre os seres humanos, a maior parte que nem sequer nela participaram ou conviveram.
A acção da diplomacia é importante nas questões que se podem suscitar para e no ambiente de guerra, actuando na resolução dos problemas que se perspectivam ou que se criam pelo acto de guerra e que muitas vezes, senão na maior parte delas, resolvem ou ajudam a resolver, influenciando de modo decisivo a tomada de decisões dos Estados perante a guerra.
De igual modo é importante a acção dos média, concretamente dos seus agentes, os jornalistas. Imbuída pela sua própria natureza e função, o jornalismo e consequentemente os média, ajudam a limitar, senão mesmo a impedir este ou aquele acto bélico, contribuindo de forma indirecta para que a guerra fique condicionada e ou encontre artifícios mais obscuros e difíceis na e para a sua realização. De todo o modo, e por força dessa intervenção indirecta, a notícia deve ser lida e analisada com todo o cuidado em ordem a que dela se possam retirar as conclusões o mais próximo possível da realidade. A noticia nem sempre é apresentada conforme a realidade e muitas vezes é feita para interferir com a intenção dos agentes bélicos.
Por isso, no que diz respeito às redes sociais, que existem para o bem e para o mal, o mesmo se passa, na medida em que a noticia passa rápido, é clara e de simples compreensão, influenciando por isso, com efeitos imediatos o objectivo pretendido por aqueles que a elas recorrem para propagandear
A humanidade tem direito à Paz, e para que ela seja possível, ou antes, que ela seja cada vez mais possível, reclama a oradora da conferência, é necessária mais educação a todos os níveis.
No fim intervieram vários associados pondo questões muito pertinentes e enriquecedoras que obtiveram respostas adequadas.
A terminar o Presidente da Assembleia-Geral da Cuma, Raul da Cunha e Silva referiu que foi brilhante a comunicação, brilhante o início de 2019 e das atividades da nova direcção do clube Unesco da Maia. Trouxe à colação o princípio militar romano (si vis pacem para belum,isto é, se queres a paz prepara a guerra De facto, são inseparáveis Guerra e Paz, como também o Bem e o Mal com os quais temos de viver e conviver.
Adalberto Costa