Histórico de actividades 2022-2023
- 20 de outubro. A nova sede do clube
- 20-1 de novembro. A água e a origem do mundo A água fonte de vida
- Vice-Presidente da Câmara Municipal apresenta livro sobre Mulher da Maia
- 27 de janeiro e 3 de fevereiro. Terra da Maia entre os séculos X e XII: da construção do território à organização dos poderes
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20 de outubro. A nova sede do clube
Exmos. senhores
Levado pelas asas do pensamento voamos até ao Salão Nobre da Câmara Municipal da Maia em 15 de abril de 2010 Esse abril não é o das águas mil mas de trabalhos mil que fazem recordar o verso da Eneida:”Post tot tantosque labores…” Foi o que tivemos de fazer e continuaremos.
Nesse dia a todos os títulos memorável, como será o dia de hoje. o Salão Nobre estava cheio de grandeza, de cultura e circunstância sendo de relevar a presença do SR Presidente da Câmara Municipal, Eng. Bragança Fernandes, a Comissão Nacional da Unesco representada pela Dra. Anna Paula Ormeche, Vereadores, Dr Sílvio Matos presidente do clube Unesco da cidade do Porto que muito nos ajudou a formar o nosso clube, o presidente da junta da freguesia da Maia e muitos outros.
Após um momento cultural de grande relevo a Dra. Ana Paula Ormeche e o Presidente da Cuma, Dr Raul da Cunha e Silva assinaram o protocolo que constituiu o clube Unesco da Maia. Cuma O Presidente do clube teceu considerações
O senhor Presidente da Câmara Municipal considerou uma mais valia para a Maia o clube UNESCO, e disse que estava disposto a colaborar e pediu uma salva de palmas. Essa dinâmica do post tot tantosque labores fez longo caminho. Trabalhando arduamente na área da cultura, na edição de estudos sobre temas maiatos sob a batuta da professora Lourdes da Cunha e Silva foram publicados 7 textos todos relevantes. constituindo-se como um dos grandes clubes Unesco de Portugal
Aqui e agora novamente em espaço municipal e perante numerosa assistência com a presença do SR Presidente da Câmara, Eng. Silva Tiago estamos a usufruir de uma sede longamente aguardada
SR Presidente, o clube Unesco da Maia agradece-lhe vivamente a si e a todos os seus colaboradores e autarcas. Sentimo-nos bem.
Entretanto, voltando ao post tot tantos labores olhando o futuro, há. que vencer os efeitos da pandemia e a usura do tempo renovando os quadros do clube, destilando-lhe mais juventude e pondo o site em movimento
Raul da Cunha e Silva Presidente da Assembleia-geral da Cuma
O Dr Adalberto Costa presidente do clube referiu o seu histórico e a ação do seu fundador em palavras breves, mas muito objetivas. Finalmente o senhor presidente da Câmara, eng. Silva Tiago louvou a ação do clube o seu valor e mérito bem como o motor de todo o movimento, ou seja, o professor Raul da Cunha e Silva. A Dra. Lourdes Graça da Cunha e Silva referiu o texto da CNU laudatório para o clube e para o próximo(7º) livro a apresentar brevemente
Um porto de honra culminou este dia a todos os títulos memorável
10 de dezembro de 2022 Natal Festejamos num almoço de natal o convívio, a fraternidade, a amizade.
São longas, muito longas, as origens dos tempos natalícios.
Sumariamente gostaria de relevar a memória dos tempos idos.
Quando se fala no solstício de inverno, recorda-se que os dias começam a aumentar e as noites a diminuir. Ou seja, cresce o tempo de luz e diminui o de noite, o das trevas.
É dentro desta metafísica que os romanos celebravam a festa do deis natalis lucis, ou dies Solis invicti. no 25 de dezembro e que a igreja sabiamente soube aproveitar-se deste e de outros eventos importantes do paganismo.
Fez coincidir o nascimento de Cristo com o dies natalis lucis.
Espírito de natal: os direitos humanos, a concórdia, a paz.
Acontece que hoje o natal é comércio. Se o ícone do natal era o sol, mais tarde, o presépio, hoje é o supermercado.
Até ao natal é o caminho para a paz ou o advento
RauL da Cunha e Silva
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20-1 de novembro. A água e a origem do mundo A água fonte de vida
A ONU (Organização Das Nações Unidas) declarou em 1992 o dia 22 de março como o Dia Mundial da Água. Divulgou também num importante documento a “Declaração Universal dos Direitos da Água”.
Tais atos revelam preocupação com a Água. Com efeito, dois terços do planeta Terra são formados por este precioso líquido e a pouca quantidade de Água potável, cerca de 0,008 %, do nosso planeta está sendo contaminada, poluída e degradada pela ação do homem.
O clube Unesco da Maia não podia passar em claro a vital importância da Água. Temos presente que a origem da vida no nosso planeta surgiu na Água. Ao longo de milhões de anos, os organismos vivos diversificaram-se e espalharam-se pela Terra, sendo que a sobrevivência de todas as espécies animais e vegetais continua ligada à Água. Mitos relacionados com ela, consideram-na um dos elementos essenciais da vida, a Matéria Prima que no projeto do homem está ligado à evolução do cosmos como um todo.
Tratar da Água nas religiões e na literatura clássica é conhecer uma multidão de divindades, ritos e mitologias aquáticas. Elas desenvolveram uma relação vital e simbólica com a Água. Isto vê-se na tradição oral, nos textos sagrados e nas práticas sociais.
Por isso, devemos ter presente o significado cultural e simbólico da Água quando a utilizamos. Um copo de Água contém mais de 10 milhões de moléculas que conviveram com os nossos antepassados e que conviverão com as gerações futuras, se soubermos defender este bem natural, património de toda a humanidade. Gotículas de Água guardam ″ingrediente secreto″ que pode estar na origem da vida.
Vamos trazer à colação a importância da Água em contextos míticos, bíblicos e religiosos, anteriores ao positivismo científico dos nossos tempos.
Os filósofos pré-Socráticos sustentam que o Universo é gerado de uma matéria única e original, “a Matéria Prima” que, para Tales de Mileto era a Água; para Xenófanes de Cólofon era o mar, fonte de Água e vento, e para Empédocles, um dos quatro elementos ". Água fogo, ar e terra.
No Egito, o Deus eterno era representado por uma serpente enroscada num vaso de Água. Para os polinésios, as águas primordiais eram mergulhadas nas trevas cósmicas,
Na mitologia babilónica,” nós criamos cada ser vivo a partir da Água”.
Cosmogonia bíblica: Segundo o Génesis, o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas e decidiu que elas fossem povoadas de inúmeros seres vivos. O mar antes das terras. e as águas fonte de vida.
Cosmogonia muçulmana: Os céus e a terra formavam uma massa única que nós separámos. (...)Da Água tirámos todas as coisas viventes. (Alcorão, Capítulo 21.30). Tese idêntica à do Génesis.
Na cosmologia do Induísmo aparece em grande destaque o Ovo de Ouro depositado nas águas. que originou os seres que povoam a terra.
Em muitas mitologias, a criação acontece na medida em que o caos é ordenado, pela separação dos elementos (Água-terra-fogo-ar). Assim o caos(desarmonia)transforma-se em cosmos (harmonia). Em muitas narrativas este processo de ordenamento cósmico parte da Água, ou supõe-na como invólucro do caos. A Água não seria apenas um dos elementos, mas o elemento primitivo em que os outros estavam imersos.
Estamos perante uma associação profunda, primordial entre a Água e a vida como a destruição e a ressurreição simbologia que se encontra no batismo dos cristãos, judeus, muçulmanos e outras religiões, como a religião cósmica, paradigma de todas as outras.
Enuncia-se deste modo uma cosmogonia aquática que implica três movimentos: entrada na Água (Imersão) que é a morte, diluição na mesma e emersão com o regresso à vida. Ou seja, nascimento, morte e renascimento. Em todo este ciclo está a Água.
A literatura clássica não omite o problema da Água como podemos ver, por exemplo, nas Metamorfoses de Ovídeo (I,I-3) “Ante mare et terras et quod tetigit omnia caelum, unus erat toto naturae vultus in orbe quem dixere Chaos” (Antes do mar e das terras e de tudo o que banha todas as coisas só existia o chamado Caos) que era um amálgama onde se confundem terra, água e o ar que na água se juntaram para constituir o cosmos(caos cosmos).
. Ritos de aspersão, ablução e imersão
Nas Religiões, o uso ritual da Água segue um ritmo de envolvimento crescente que vai desde a simples aspersão, até à total imersão. Outro ritmo a considerar é o da interioridade, que vai da sensibilidade exterior à interior, com a ingestão de águas sagradas ou abençoadas. Gestos cultuais desse tipo registam-se amplamente. Para se livrarem do ciclo de reencarnações, os hindus mergulham no Ganges, considerado rio sagrado.
Os muçulmanos lavam os pés, os braços e o rosto antes da oração. Nos templos subterrâneos dedicados a Mitra (divindade indo-ariana da Pérsia) havia um ribeiro, para banhos de iniciação batismal. Na Gália pré-românica (atual França) centenas de lagoas e fontes eram consideradas miraculosas: beber sua água assegurava saúde, fertilidade e boa-sorte.
Quando João Batista voltou do deserto anunciando o tempo messiânico, usou o banho (baptismós) como sinal público de conversão (cf. Mc 1,4-5). Jesus de Nazaré ordenou este rito quando enviou seus apóstolos a pregarem a boa-notícia do Reino de Deus (cf. Mt 28,19).
O dilúvio e a renovação cósmica
Estamos perante uma associação profunda, primordial entre a água e a vida como a destruição e a ressurreição pela Água, simbologia que se encontra no batismo dos cristãos, judeus, muçulmanos e outras religiões. O simbolismo diluviano é uma constante em várias tradições religiosas. Estas tradições muito antigas encontram-se no mundo clássico, como em gentes orientais e primitivas, não, porém em todos os povos.
A narrativa do dilúvio que deu origem a várias imitações é semelhante à epopeia babilónica de Gilgamesh que encontramos .no relato bíblico sobre a arca de Noé, a arca e a preservação das espécies.
Podemos referir também a narrativa egípcia sobra a destruição dos homens, a lenda do dilúvio apresentada na mitologia indiana, as lendas do dilúvio americanas, europeias
A segunda parte da conferência foi continuada pela eng. Laura Mora
Sendo a água um recurso natural único, e valioso, a sua conservação e bom uso são fundamentais para garantir ao longo dos tempos a Vida no Planeta-
É preciso poupar, reutilizar reciclar para o bem comum.
Vários exemplos foram dados para economizar a água como o seu uso na casa de banho na cozinha nas lavagens assim como exemplos de equipamentos de economia da água.
Mas há muitos outros desafios: saber usá-la de forma racional, conhecer os cuidados que devem ser tomados para garantir o consumo de uma água com qualidade e buscar condições adequadas, de modo a tirar dela o máximo proveito possível.
Termino com uma inquietação: Num futuro próximo que água teremos?
2 de janeiro de2023 Dia mundial da Paz
“Se é no espírito dos homens que nascem as guerras, é no seu espírito que se deve construir a paz,mediante a educação, a ciência e a cultura” (Acto constitutivo da UNESCO, 16 de novembro de 1945).
Segundo Dalai Lama nunca poderemos obter paz no mundo sem conseguirmos estar em paz connosco.”
A paz não se refere somente ao silenciamento das armas, mas a muito mais. Nos tempos hodiernos, tem a ver com o diálogo das religiões, das culturas, do multiculturalismo e da economia.Se quisermos sintetizar, podemos relacionar a paz com a globalização e suas consequências, num mundo interligado, ou seja, no cosmos e no microcosmos.
A paz inicia-se no seio da família, desenvolve-se na escola e consolida-se na sociedade.
É, com efeito, dentro da família que se dão os primeiros passos para a educação, quer a nível da linguagem, da assimilação dos usos e costumes ,da aceitação da autoridadee, da formação dos valores morais e cívicos, da harmonia e paz entre todos os membros da família.
Mas para isso é necessário que a família seja família e não apenas a junção ocasional de dois seres (em princípio homem e mulher).
Se assim não for, será o que todos sabemos: violência doméstica, mortes, agressões entre pais e filhos. Por isso, reafirmamos que a paz, fruto da educação inicia-se na família.
Depois da família, a escola.Se a família educa ensinando, a escola ensina educando.
A escola ensina o quê e como.Quem ensina?.Quem aprende?Questões muito vastas de um universo muito complexo que não vamos analisar.
Quando se diz educação para todos, estamos a dizer para rapazes e raparigas (igualdade de género). Quando se diz para toda a vida, afirmamos que ela é uma exigência de todos os dias da nossa existência. Os objetivos escolares são, grosso modo, aprender a aplicar na prática os conhecimentos teóricos e saber comunicá-los. Aprender a viver juntos, a viver com os outros. É um dos maiores desafios do educador já que se insere na área das atitudes e dos valores, no combate aos preconceitos, às rivalidades, às lutas na escola entre alunos.
A educação deve ter como finalidade o desenvolvimento total do indivíduo, visa o seu desenvolvimento individual, a busca da sua autonomia, os valores, os sentimentos, a liberdade de pensamento, o viver consigo mesmo e, em segundo lugar, com a sociedade e a aprender a empreender.
Hoje em dia, grande parte do destino de cada um de nós, joga-se num mundo global, imposto pela abertura das fronteiras económicas e financeiras; por teorias de livre comércio, pelas novas tecnologias da informação, pela interdependência planetária que não cessa de aumentar, no plano económico, científico, cultural e político.
Depois da paz escolar, a paz na sociedade.
Não é fácil viver em paz na sociedade..Si vis pacem para bellum. Se queres a paz, prepara a guerra escreveram os romanos.Não tratamos aqui da guerra, como a que, por exemplo observamos na Ucrânia e noutras partes do mundo cujos horrores nos espantam, como espanta a leitura do seguinte passo do Padre António Vieira.
Mas para viver em paz, temos de conhecer e superar bem as tensões do mundo global em que estamos, todo ele cheio de tensões: tensão entre o mundial, o regional e o local; tensão entre o universal e o particular; entre a tradição e a modernidade; entre o longo e o curto prazo, entre competência e igualdade de oportunidades, entre o material e o espiritual, entre o avanço explosivo dos novos conhecimentos e a capacidade humana de os assimilar Daqui se infere quão difícil é a paz, nos tempos hodiernos. Por isso, em 2022/12/25/ o Papa Francisco, em-bênção de Natal, diz: o mundo-vive-carestia-de-paz.
Em época de paz, os filhos enterram os pais, enquanto em época de guerra são os pais que enterram os filhos. (Heródoto)
É tão importante a paz no mundo que as duas maiores autoridades na Terra (uma no espírito religioso, outra no civil) decidiram relevar o evento. O papa Paulo VI criou o Dia Mundial da Paz, com uma mensagem do dia 8 de dezembro de 1967 para que a partir de 1968, fosse celebrado sempre no primeiro dia do ano civil (1 de janeiro) o Dia Mundial da Paz.
O Dia Internacional da Paz é celebrado anualmente a 21 de setembro. É uma iniciativa a nível mundial estabelecida pelas Nações Unidas em 1981.
Tem como objetivo levar as pessoas a sensibilizaram-se para a necessidade da paz no mundo e para promoverem atos que tenham como resultado o fim dos conflitos entre povos e a consagração da paz mundial.
A concluir: pax vobis (a paz esteja convosco.)
RauL da Cunha e Silva
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8 Dezembro. Vice-Presidente da Câmara Municipal apresenta livro sobre Mulher da Maia
“A Mulher da Maia. Elites no feminino: a Senhora e a Lavradeira Rica”. Assim se denomina o livro lançado, este sábado, pelo Clube Unesco da Maia e que diz respeito ao período de final do séc. XIX e início do séc. XX e que teve apresentação da Vice-Presidente da Câmara Municipal, Emília Santos.
É uma obra que reúne o contributo de 22 autores, na sua grande maioria, membros do Clube UNESCO da Maia, que deram corpo ao objetivo anunciado aquando da edição do 1.º volume voltado para a temática da mulher e que passava por aprofundar a problemática da mulher, na sociedade maiata, que se apresenta vasta e diversificada, abordando as condições económicas e sociais específicas da Senhora e da Lavradeira Rica, posicionadas, deste modo, no topo da pirâmide social, no lado oposto ao da mulher do campo estudada no 1º volume.
Este livro foca-se no estudo das microbiografias de oito mulheres nascidas na Maia ou que fizeram das Terras da Maia a sua terra. São elas Ângela Adelaide de Calheiros e Menezes, Carolina Michaellis de Vasconcelos, Catarina Justina Bellocq, D. Maria Peregrina de Sousa, Guilhermina Suggia, Maria da Conceição de Lemos Pereira de Lacerda Sant´Iago Magalhães, Maria Margarida de Oliveira Pinto e Rita de Moura Miranda Magalhães.
A apresentação da obra esteve a cargo da Vice-Presidente da Câmara Municipal da Maia, Emília Santos, que não esquecendo a biografia daquelas “extraordinárias” Mulheres destacou que o livro “ganha ainda mais relevância ao oferecer-nos o Contexto Geográfico e Administrativo que faziam da Maia a terra de eleição de vilegiatura da burguesia portuense, o papel da Mulher e a evolução da sua emancipação à luz do direito e da lei”.
Emília Santos destaca, ainda, os textos dedicados à Mulher da Maia no Contexto Sociopolítico e cultural e que focam os lugares considerados apropriados, na época. “De caminho, o livro destaca o papel da Senhora e da Lavradeira Rica na estrutura social, sendo de elogiar o trabalho documental que enriquece os textos”, concluiu a Vice-Presidente.
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27 de janeiro e 3 de fevereiro. Terra da Maia entre os séculos X e XII: da construção do território à organização dos poderes
1ª sessão Territorialização e senhorialização da Terra da Maiaª
Luís Carlos Amaral (Faculdade de Letras da Universidade do Porto; CITCEM-UP; CEHR-UCP)e 3 de fevereiro
Antes de iniciar a conferência o doutos Raul da Cunha e Silva. Presidente da Assemblei-Geral da Cuma resumiu em poucas palavras o currícula do professor Doutor Luis Amara na seguinte narrativa
Luís Carlos Correia Ferreira do Amaral licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), em 1983, escola onde obteve os graus de Mestre em História Medieval, em 1987 e o de Doutor em História da Idade Média, em 2008. É docente do Departamento de História e de Estudos Políticos e Internacionais da referida Faculdade, desde 1984. Tem lecionado sobretudo disciplinas da área de História Medieval de Portugal, História Medieval Ibérica, História Geral da Idade Média e História da Igreja em Portugal. Atualmente desempenha as funções de Vice-Presidente do Conselho Científico da FLUP e de Vice-Presidente da Comissão de Ética da Universidade do Porto. No que respeita a temas de investigação, tem privilegiado estudos sobre povoamento e organização social do território (séculos X-XIII), bem como sobre instituições eclesiásticas medievais portuguesas. Acerca destas matérias, proferiu já mais de 60 conferências e seminários, tanto no país como em Espanha, Itália, Hungria e Líbano. Conta mais de seis dezenas de trabalhos publicados (livros e artigos), entre os quais se destacam:
3 de fevereiro, 15h - 16.30h) - Articulação dos poderes laicos e eclesiásticos na Terra da Maia momento em que o jovem infante Afonso Henriques acedeu ao poder, logo após a vitória alcançada na Batalha de S. Mamede, travada próximo de Guimarães, no dia 24 de Junho de 1128, o território que passava a governar possuía já uma longa e complexa história de organização e desenvolvimento. Com a presúria de Portucale ocorrida em 868, encetou-se o domínio do Vale do Douro por parte da monarquia asturiana, protagonizado, na zona mais ocidental, por destacados magnates galegos. A partir deste momento e nos séculos seguintes, observou-se um movimento de gradual organização da terra e das comunidades aí instaladas, visando a sua plena integração no reino asturo-leonês. As circunstâncias de região de fronteira entre a Cristandade nortenha e o Islão que cedo adquiriu, ditaram uma das mais decisivas e dinâmicas características do Entre-Douro-e-Minho, que muito condicionaram a futura edificação do reino de Portugal. É precisamente este o cenário no qual vemos emergir, entre os finais do século X e as primeiras décadas do XI, um pequeno território no qual estavam em curso processos vários de fixação de comunidades, de organização política e militar e de ordenamento eclesiástico e económico. Se o que acabámos de afirmar é em tudo semelhante ao que se verificava em outros territórios situados a sul do Minho, nem por isso a Terra da Maia, apesar da permanente oscilação dos seus limites, deixou de adquirir uma identidade muito particular, especialmente testemunhada na poderosa elite local, a linhagem da Maia, cujos principais protagonistas dos inícios do século XII estiveram umbilicalmente ligados à afirmação da monarquia portuguesa. Deste modo, observando as especificidades do processo de organização social do território maiato e da constituição de uma rica e influente aristocracia regional, tornam-se mais claros e compreensíveis os passos iniciais que levaram à construção da realeza de D. Afonso Henriques, primeiro e inovador elemento da formação de Portugal. “
Professor Doutos Luís Amaral