1.- No último dia vinte e dois celebrou-se no planeta o Dia da Terra. De acordo com Leonardo Boff, a Terra e a humanidade “tem um destino comum, pois na
perspetiva da evolução, ou quando contemplamos a Terra fora dela, formamos uma única entidade”, por isso segundo aquele teólogo, no livro “La sostenibilidad”,
temos de refundar um “pacto social entre os humanos e um pacto natural com a natureza e com a Mãe Terra”. Aliás a “Carta da Terra”, refere que “Como nunca
antes na história, o destino comum convoca-nos para a busca de um novo começo. Esse começo requer uma conversão da nossa mente e do nosso coração. Requere,
antes do mais, um novo sentido de independência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação um modo de vida sustentável
a nível local, nacional, regional e global”. (tradução da nossa responsabilidade). A “Carta da Terra” é um documento assinado por milhares de organizações,
com o apoio da Universidade para a Paz das Nações Unidas.
2.- A tradição cristã ao enterrar aqueles que passam desta vida para a Vida, na sua liturgia diz que “entregamos à terra, aquilo que é terra”, os nossos
corpos, eras pó e em pó te vais tornar. Tudo que nos força de caminhar vem da terra. É a Mãe Terra que nos amamenta, flui dela o alimento para o nosso desenvolvimento.
São os frutos, as ervas, os animais que se alimentam daquilo que a terra produz – o que existia no jardim do Éden, segundo o mito de origem do Génesis -, e que
fazem de nós homens e mulheres ágeis e cultos. A Terra é verdadeiramente nossa Mãe, porque nos cria e alimenta o corpo e não reconhece o dualismo corpo-espírito,
para ela tudo É. E Deus viu que tudo era bom e belo quando criou a Terra, então amassou o barro e dele fez o Ser Humano e lhe disse: vê como tudo é bom, vive da
Terra e contempla-a, mas não a reduzas a escombros. Mas foi isso que o Ser Humano fez?
3.- Por isso existe hoje um dia para nós pensarmos na Terra, o Dia da Terra, o Dia da Mãe Terra, que destruímos e continuamos a destruir. Veja-se como tratamos
os fósseis existentes, deles fazemos o que queremos, plásticos, petróleo, gasolina e gasóleo, entre outros, sem pensarmos que estamos a delapidar os recursos da
nossa Mãe Terra. Veja-se a destruição dos recursos marítimos, onde os peixes já não podem viver. A Mãe Terra dá-nos gratuitamente tudo quanto precisamos para viver,
nós destruímos. Pensamos ter o poder para conduzir guerras, uns contra os outros e outra maior, que esquecemos, contra a Mãe Terra. Precisamos de nos reconciliar
com esta nossa Mãe, ela nos sustenta, se não formos os seus destruidores.
Joaquim Armindo