O Clube UNESCO da Maia organiza a Visita Cultural – De Pampelido à Casa de Chá da Boa Nova. Trata-se de um percurso de aproximadamente 6 kms, realizado à beira-mar,
entre as freguesias de Lavra, Perafita e Leça da Palmeira, com início e fim em dois imóveis classificados como “Monumentos Nacionais” – o Obelisco da Praia da Memória
(1880) e a Casa de Chá da Boa Nova (2011).
A Visita irá dar destaque às referências geográficas e históricas descritas pelo Padre Joaquim Antunes de Azevedo, no manuscrito “Memórias dos Tempos Idos” bem como
às descrições efetuadas pelo Padre António Francisco Ramos no livro “Lavra – Apontamentos para a sua Monografia”, relativamente a esta zona, nomeadamente, o Desembarque
das Tropas Liberais, a descrição da paisagem entre a Idade Média e o século XIX, as Casas Agrícolas – Quinta de Pampelido – e a descrição dos Lugares.
A área de visita encontra-se ocupada desde tempos remotos, constituindo exemplos da presença humana a Necrópole Medieval do Montedouro (séc. VII – XI), a Capela da
Boa-Nova ou Ermida de S. Clemente das Penhas, fundada em 1392 pelos Franciscanos, o Obelisco da Praia da Memória concluído em 1864, a Casa de Chá da Boa Nova datada
dos anos 60 do século XX e o Centro Equestre do Cabo do Mundo, obra concluída em 2014.
Pelos passadiços e pelos caminhos rurais iremos descobrir as praias onde se apanhava o sargaço, a paisagem natural das dunas, os campos agrícolas, as bouças e a
paisagem humanizada dos lugares de Pampelido, Montedouro, Cabo do Mundo, Aldeia Nova, Areia de Same e Boa Nova!
Pelos novos caminhos de Santiago, desejamos a todos, um bom caminho!
Obelisco da Praia da Memória
A 8 de julho de 1832, na praia da Arenosa do Pampelido, entre as freguesias de Perafita e de Lavra do concelho de Matosinhos, teve lugar o desembarque das tropas
liberais, acontecimento que iria alterar decisivamente o curso da história e marcar o início do fim do absolutismo em Portugal.
Organizada a partir dos Açores uma esquadra comandada por D. Pedro IV com um exército de 7500 homens desembarca nesta praia com o objetivo de instaurar no país um
regime moderno e liberal. A escolha deste local apanhou de surpresa o exército absolutista uma vez que esperando um ataque a Lisboa a defesa do Norte tinha sido
desguarnecida. Após o desembarque o “Exército Libertador” seguiu para o Porto onde entrou pacificamente a 9 de julho e onde resistiu heroicamente durante um ano
no “Cerco do Porto”.
Assinalando o local do desembarque foi erguido, por iniciativa de António José de Ávila e por subscrição pública um obelisco destinado a perpetuar a memória deste
acontecimento. A sua localização foi feita com base no testemunho de elementos do “Exército Libertador” que, de resto, estiveram presentes, ao lado da rainha
D. Maria II no lançamento da sua primeira pedra a 1 de dezembro de 1840. Contudo seriam necessários 24 anos para se dar por concluído o obelisco, tendo sido proposta
a sua classificação como monumento nacional em 1880.
O obelisco em granito inclui referências à data do desembarque em duas coroas metálicas observáveis no topo. Quatro painéis calcários na sua base registam referências
à iniciativa da construção do monumento, alguns dos comandantes do “Exercito Libertador” e a famosa proclamação que D. Pedro IV fez aos soldados antes do desembarque.
Fonte: Site da Câmara Municipal de Matosinhos
Quinta de Pampelido e a Capela de São Gonçalo
A Quinta de Pampelido e a capela de invocação de São Gonçalo datará a sua fundação de 1782, sendo propriedade de Joaquim Maurício de Pinho e Souza, conhecido por
“Senhor da Quinta da Boa Vista (com capela) em Carcavelos, São Tiago de Ribadul, e dos Prazos de Agramonte, Lavra e Perafita, todos com capela, filho de Domingos
do Rosário Varela, Médico, Alferes no Porto, Familiar do S. Ofício da Inquisição de Lisboa (carta de 31 de março de 1745), senhor da Casa da Boa Vista, em Carcavelos”.
De acordo com o Padre Joaquim Antunes de Azevedo, “consta-se que o motivo de ele edificar esta capela fora o ter ele comprado muito barato a referida quinta e
receando que lha tirassem por lesão, por isso, mandara fazer a capela e património dela na mesma quinta.”
Em 1831 faleceu em Paris, no exílio, Joaquim Pinho e Sousa, capitão do exército, filho de Joaquim Maurício de Pinho e Souza, então proprietário da Quinta de Pampelido.
Joaquim Pinho e Sousa nasceu em Miragaia em 26/11/1793 e assentou praça aos 14 anos. Fez a guerra peninsular e em 5 de Março de 1820 pediu a reforma porque não lhe
concederam a mudança para o Porto quando o seu pai morreu. A 24 de Agosto do mesmo ano apresentou-se a Fernandes Tomás para defender a revolta liberal. Em 19/12/1824,
foi agraciado como grande cavaleiro da Ordem de Cristo. Em 12/12/1826, foi nomeado comandante dos voluntários Reais de D. Pedro IV, em Vila da Feira. Em 1828 “foi ao
Porto e foi do pequeno número de oficiais que acompanhou o exército fiel por terra até à Corunha onde embarcou para França onde morreu”.
Em 1832, o dono da Quinta era António Joaquim de Carvalho Pinho e Sousa, provedor da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro entre 1832-1834.
À data do desembarque, “O caseiro (…) levou ou mandou levar para a praia todas as cadeiras que tinha em casa. Nelas se sentaram D. Pedro e os nobres titulares que
o acompanhavam e que nesse dia vestiam as suas fardas encarnadas de moços de fidalgos”.
Nos finais do século XIX, o Padre Joaquim Antunes de Azevedo referia que “Os herdeiros, hoje, ou senhores desta casa, pouco tempo aqui têm residido, tendo trazido
tudo arrendado por um preço muito favorável para os caseiros, sem lhes querer levantar, apesar de haver quem lhes tenha oferecido maior renda.”
No início do século XX, os herdeiros venderam as várias glebas que integravam o Prazo do Casal de Pampelido aos rendeiros das terras.
Necrópole Medieval do Montedouro
A Necrópole medieval do Montedouro é constituída por 5 sepulturas não- antropomórficas, escavadas na rocha granítica, datáveis da Alta Idade Média (séc. VII – XI).
É de destacar a sepultura localizada no alto de um outeiro em Montedouro, de forma ovalada e com rebordo. Nas imediações têm também sido recolhidos diversos objetos
(ânfora, tégula, etc) que parecem indicar uma ocupação mais vasta desta área durante a época romana. Segundo o historiador Armando Almeida Fernandes este lugar poderá
corresponder a uma igreja que vem referenciada num documento do século VI como Menturio.
Outros materiais recolhidos nesta área, nomeadamente algumas cerâmicas pré-históricas de fabrico manual, enquadráveis cronologicamente no IIº milénio a.C.
(Idade do Bronze) mostram que o povoamento deste lugar remonta já á época da pré-história.
Fonte: Site da Câmara Municipal de Matosinhos
Capela da Boa-Nova, em Leça da Palmeira
A Capela da Boa-Nova ou Ermida de S. Clemente das Penhas, foi fundada em 1392 pelos franciscanos, havendo relatos da sua existência em 1369. Neste local existiu um
mosteiro franciscano, um século depois foi sendo demolido aos poucos ficando esta Capela e dois anexos, sendo duas celas onde vivia um frade que zelaria pela Ermida e
um pequeno cemitério de frades.
O interior tem um retábulo de talha estilo joanino com quatro colunas e três nichos e respetivas imagens, o central tem a imagem da Senhora de Boa Nova em madeira
policromada – os interessados recorrem a ela no bom sucesso dos navegantes ausentes, São João Baptista em madeira policromada advogado das doenças da cabeça, São Clemente
imagem em pedra de Ançã policromada sendo esta a imagem séc. XIV mais antiga da freguesia de São Miguel de Leça da Palmeira.
Fonte: Facebook – Matosinhos
Casa de Chá da Boa-Nova
Construída sobre as rochas, a apenas dois metros da água, com o mar em fundo, é um dos locais mais procurados pelos amantes da arquitetura, pelos apreciadores de uma
boa refeição e, sobretudo, pelos que gostam de contemplar o mar.
Neste espaço, sobre rochedos e bem perto do mar, umas vezes mais calmo outras mais bravo, encontra-se uma tranquilidade e uma beleza incondicional que não deve deixar
de ser visitado em Leça da Palmeira.
A Casa de Chá da Boa Nova, na freguesia de Leça da Palmeira, foi projetada e construída na sequência de um concurso levado a cabo pela Câmara Municipal de Matosinhos,
em 1956. O arquiteto Fernando Távora, vencedor desse concurso, entregou o projeto a um dos seus colaboradores, Álvaro Siza Vieira, então ainda numa fase inicial da sua
carreira. Esta obra, que decorre entre 1960 e 1963, marca uma nova etapa da produção arquitetónica modernista em Portugal e é hoje objeto de amplo reconhecimento internacional.
O edifício estabelece uma notável relação formal com a paisagem e com a topografia, através de uma implantação minuciosa, que utiliza as rochas e a impressiva paisagem
marítima como parte integrante do projeto e do efeito cénico. O edifício, apesar disso, assume plenamente a sua condição artificial, com paredes brancas opacas e telhados
de grande expressão plástica que se dissolvem no terreno. O percurso para a Casa de Chá é pensado de modo a acentuar o ato de entrada num espaço intimista, que amplia o
efeito surpresa do visitante perante a espetacularidade da paisagem, que surge subitamente a partir do interior. A classificação da Casa de Chá da Boa Nova fundamenta-se, assim,
no valor arquitetónico e paisagístico do imóvel, obra exemplar e pioneira do arquiteto Siza Vieira, reconhecida internacionalmente como um marco na arquitetura modernista.
Fonte: Site da Câmara Municipal de Matosinhos e Decreto n.º 16/2011 de 25 de Maio
José Gabriel