No dia 28 de outubro o Clube Unesco da Maia promoveu uma conferência no auditório da junta da freguesia da vila de Moreira da Maia com dezenas de participantes.
Como o cartaz presente indica, 3 foram os oradores que abordando perspectivas diferentes mas complementares tornaram possível construir uma narrativa que vamos indicar.
As montanhas são símbolos fundamentais para compreender e explicar os diversos modelos e tradições do pensamento, da cultura e da religião, essenciais para
a inteligibilidade do mundo. Mitos, lendas e superstições povoam esses espaços que, desde os tempos primordiais, se prolongam até aos dias de hoje na convicção
de que os deuses moravam nas montanhas tornando-as sagradas. No seu cume dizem, por exemplo, os indígenas norte-americanos residem os espíritos protectores.
Como sumariamente já relevámos, montanha expressa a ideia de elevação e de subida.
Podemos tomar como modelo o sonho de Jacob (Génesis 28,11-19) que viu uma escada (imaginária) que une a terra ao céu. Este é o paradigma da religiosidade
bíblica apoiada na terra cuja extremidade tocava o céu e ao longo dela subiam e desciam mensageiros de Deus. O sermão da Montanha, a Tora, o Corão e muitos outros
fenómenos espirituais tiveram a montanha, os montes e os altos, como espaço original.
Segundo Pedro Pereira, o património religioso dos santuários de montanha suscita um movimento intenso de peregrinos e turistas, particularmente rumo ao
Santuário de Fátima.
Torna-se, por isso relevante conhecer as dinâmicas religiosas e culturais presentes nos caminhos e nos lugares de culto mariano em Portugal. A presente
comunicação procurará aflorar algumas expressões do magnetismo devocional mariano, nomeadamente Fátima, ancorando-as através de instrumentos conceptuais e
ilustrando-as através de dados empíricos, resultantes de trabalho de campo antropológico.
O tratamento da matéria relativa aos santuários seguiu-se com muita pertinência e consequência ao que foi explanado respectivamente pelos
Profs. Raul da Cunha e Silva e Pedro Pereira, tratando-se assim da analise da existência, natureza e fim do santuário enquanto local de encontro de pessoas
(de multidões) independentemente de serem ou não crentes, mas muitas a titulo de curiosidade, turismo ou de um simples bem-estar. Em suma, acrescenta
Adalberto Costa, as pessoas deslocam-se, procuram no santuário aquilo que se pode designar de espirito do lugar, sempre cativante e cativador para a
serenidade e paz de espirito do homem que, em cada momento, se inspira na montanha onde o santuário aparece, percorrendo um caminho que pode ou não ser
de peregrinação, mas sempre de busca.
Na parte final a moderadora professora, Lourdes Graça, fez um resumo muito claro dos trabalhos, dando voz e vez às questões que foram sendo levantadas
pelos presentes. Houve na parte final um Porto d´Honra que permitiu um saudável convívio e troca de impressões entre todos.
Raul da Cunha e Silva