O Clube Unesco da Maia realizou nos dias 23 e 24 do corrente uma viagem-cultural à região da Peneda-Gerês visitando Melgaço, Castro Laboreiro, Peneda, Soajo e Lindoso.
Começámos com uma visita ao palácio da Brejoeira, ex libris de Monção, casa senhorial edificada no século XIX que oferece grandes e luxuosos salões,
uma rica biblioteca, um jardim de inverno, um teatro e numerosos elementos decorativos e rico mobiliário. Um trecho da quinta onde se produz o precioso Alvarinho.
Em Melgaço vimos a Torre de Menagem e no seu interior a exposição dedicada ao património arqueológico do concelho de Melgaço desde a Pré-história até à
Idade Contemporânea.
No Espaço Museológico, Memória e Fronteira observámos a história recente de Melgaço desde o contrabando à emigração e a vida clandestina e muito perigosa
que nestas actividades homens e mulheres desta terra viveram; no museu de Cinema observámos uma panóplia de máquinas, cartazes e fotografias que vão desde o
pré-cinema até aos nossos dias.
Pernoitamos em Castro Laboreiro, outrora vila e sede de concelho e hoje uma aldeia do concelho de Melgaço, situada no Parque Nacional da Peneda-Gerês,
região de grande beleza, banhada pelo rio Laboreiro, atravessado por oito pontes representativas das épocas romana e medieval, das quais sobressaem a
Ponte da Dorna, a Ponte da Capela, a Ponte Nova ou da Cava Velha e a Ponte Velha.
Vimos o Castelo de Castro Laboreiro classificado como monumento nacional, a Igreja Matriz, o Pelourinho datado do século XVI, classificado como imóvel
de interesse público, o Núcleo Museológico que regista os hábitos, costumes e tradições das suas gentes, as brandas (pastagens no alto da serra onde se
colocava o gado no verão e as inverneiras no inverno).
O Canil da Raça do Cão de Castro Laboreiro tem como objectivos a preservação e valorização da raça do Cão do Laboreiro.
Na Peneda admirámos o santuário de Nossa Senhora da Peneda. Este Santuário tem como data provável de início da construção, os finais do século XVIII,
Acredita-se que neste local tenha existido uma pequena ermida construída para lembrar a aparição de Nossa Senhora a uma pastorinha.
Este lugar de culto é constituído pelo, escadório das virtudes, com estatuária que representa a Fé, Esperança, Caridade e Glória, datada de 1854, a
igreja principal terminada em 1875.
Ao almoço degustámos a saborosa carne da cachena (raça bovina, portuguesa, semi-selvagem, de pequeno porte que habita nas serras da Peneda, Soajo e Amarela).
Na vila do Soajo a chuva não permitiu senão a explicação sumária da vila que as guias fizeram. Vimos os espigueiros pelos exteriores e o cão sabujo do
Soajo diferente do cão de Castro Laboreiro e admirámos os garranos que andavam à solta nos montes circundantes.
No final partimos para a aldeia típica e também comunitária do Lindoso. Como estava a chover, vimos os espigueiros (diferente dos do Soajo) o castelo
dentro do autocarro. Ouvimos as explicações que o guia competentíssimo nos deu.
Regressámos alegremente à Maia, depois de um convívio amigável e de vasto intercâmbio cultural.
Raul da Cunha e Silva
02-07-2017 – A Mulher Maiata – contributos para a economia familiar
No passado dia 02 de julho, e integrado na programação das Festas da Maia, o Clube UNESCO da Maia, em colaboração com a Comissão de Festas de Nossa Senhora do Bom Despacho,
levou a cabo uma conferência intitulada «A Mulher Maiata – contributos para a economia familiar».
O local escolhido para acolher esta conferência foi a Casa da Eira, da Fundação Gramaxo, espaço aprazível datado de meados do século XIX, que em tudo combinou com o tema explanado.
A sessão que se iniciou a meio da tarde, ficou marcada pela interação entre os palestrantes e o numeroso público presente em vários momentos de partilha de conhecimento e recordações de várias ocupações maiatas de outrora.
Os trabalhos iniciaram-se com uma breve nota de abertura por parte do associado José António Ferreira e Silva, dirigindo saudações ao público e aos representantes das instituições presentes. Teve também a palavra, na abertura desta sessão, o Vice-Presidente da Câmara Municipal da Maia, Eng.º António da Silva Tiago, que expressou o seu reconhecimento pelo trabalho meritório que o Clube UNESCO da Maia tem vindo a desenvolver, em prol da Cultura maiata, ao longo dos seus sete anos de existência. Seguiu-se um momento de poesia com a leitura de um texto da autoria de Fernando Pedroso.
A primeira intervenção da conferência, moderada pelo Professor Doutor Adriano Silva Carvalho, foi proferida pelos associados Daniela Alves e Hélder Barbosa. «As ocupações femininas da Maia entre 1870 e 1911» foi o tema dessa comunicação, a qual partiu de uma investigação levada a cabo pelos autores que se centrou no levantamento das ocupações femininas que constam nos assentos de casamento de todas as freguesias do concelho da Maia, entre 1870 e 1911. Esta intervenção serviu de mote para os temas seguintes que foram apresentados. Intercalando as diferentes apresentações, foram lidos poemas e excertos de textos sobre as ocupações retratadas.
O painel referente às diferentes ocupações femininas do concelho da Maia iniciou-se com a figura da «Leiteira», apresentada por Lourdes Graça da Cunha e Silva, numa ligação ao passado rural e agrícola do concelho da Maia e através da explicação do árduo quotidiano inerente a esta ocupação feminina.
Seguidamente teve a palavra o associado José Gabriel Gonçalves que retratou a ocupação da «Pinheireira», fazendo uma pequena alusão, em termos gerais, à ocupação em si, ao processo da apanha da pinha e à sua comercialização, partindo, num segundo momento, para o caso concreto das pinheireiras de Vila Nova da Telha.
A última apresentação, partilhada, incidiu sobre a investigação realizada sobre «A Lavadeira: gentes e locais». Recorrendo a várias entrevistas realizadas a lavadeiras do concelho da Maia, a associada Liliana Aguiar deu a conhecer toda a faina inerente à lavagem da roupa e a difícil jornada que envolvia longas deslocações ao Porto, inicialmente a pé, num diálogo constante com a cidade em busca das suas freguesas. Dando continuidade a este tema, as associadas Adorinda Carvalho e Ana Almeida expuseram o seu trabalho de investigação sobre os caneiros, as pedras do lavar e os lavadouros que ainda hoje compõem a paisagem do território maiato, e que, durante largas décadas, fizeram parte do quotidiano de muitas mulheres da Maia.
Na parte final da sessão teve a palavra o Dr. Paulo Ramalho, Vereador da Câmara Municipal da Maia, que enalteceu todo o trabalho de investigação que tem vindo a ser realizado pelo Clube UNESCO da Maia. No encerramento da conferência, o professor Doutor Raul da Cunha e Silva, Presidente do Clube UNESCO da Maia, sublinhou e valorizou o papel ativo que as Mulheres da Maia desempenham na sociedade, numa emancipação que se perde no tempo Afirma que se assistiu a uma belíssima conferência feita por numeroso grupo de associados do Clube Unesco da Maia sobre alguns dos trabalhos de mulheres da Maia. Considerou que árduo tem sido o caminho para estabelecer a igualdade entre homem e a mulher. É que como diz Aristóteles, nada mais difícil do que tornar iguais as coisas desiguais.
As mulheres tradicionalmente cuidavam da casa, davam à luz e criavam os filhos, eram enfermeiras, mães, esposas, vizinhas, amigas e professoras. O trabalho não-doméstico aqui analisado mostra o caminho para a igualdade.
As mudanças vieram nos séculos 19 e 20; por exemplo, foi dado às mulheres o direito a remuneração igual por lei. Durante os períodos de guerra, as mulheres foram convocadas para o mercado de trabalho para realizar trabalhos que tinham sido tradicionalmente restritos aos homens. Após as guerras, elas invariavelmente perderam seus empregos na indústria e tiveram que voltar para papéis domésticos e de serviço
Em Portugal a guerra do ultramar, a emigração maciça para a França impuseram às mulheres o trabalho não-doméstico
Houve diplomas a nível mundial a impor a igualdade entre homem e mulher:
A Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948).
A igualdade de género, os direitos da Criança (1959) são marcos históricos, rumo a essa igualdade.
Ficou a promessa de uma futura publicação que reunirá vários temas relacionados com a Mulher da Maia, tendo por base toda a investigação desenvolvida até à data.
Daniela Alves e Hélder Barbosa
17-06-2017 – A mobilidade no concelho da Maia
No dia 17 de junho, no Lar de Nazaré o clube Unesco da Maia realizou uma conferência sobre a mobilidade no concelho da Maia. Os trabalhos iniciaram-se às 17 horas.
Foi orador o dr Adalberto Costa, vice-presidente do clube Unesco da Maia e moderador o associado dr José António.
A mobilidade implica a capacidade de deslocação e tem muito a ver com o território e assume vários meios:
Ferroviário (comboio, metro)
Rodoviário (transportes colectivos, automóvel, moto, bicicleta) e pedonal
Elementos da mobilidade: elevadores, aeroportos, ferrovias, rodovias e naturalmente veículos.
O sistema de transportes é público e privado e cada uma tem o seu lugar.
A mobilidade da Maia não pode ser considerada fora da área metropolitana do Porto.
O centro do concelho é o local onde se anda mais a pé e também o que tem mais transportes.
Os transportes no concelho da Maia se não estão em falta, pelo menos são deficitários em freguesias de fronteira, como Fogosas, S. Pedro Fins, o que determina o
enfraquecimento da mobilidade nestas comunidades. Registe-se ainda a não coordenação entre as operadoras de transportes a operar no concelho.
A qualidade de vida das pessoas, o seu bem-estar, a velocidade da sua circulação no território e a proximidade ao centro de cada um dos seus interesses determinam-se
em grande parte pela mobilidade que lhes é oferecida ou que lhes é permitida.
A deslocação das pessoas é fundamental para a sua realização e formação e é também dado determinante para a economia local e nacional. Por isso a mobilidade é
essencial para as pessoas, para as localidades e para os países
O concelho da Maia se tem infra-estruturas que contribuem para que a mobilidade seja assegurada, não tem meios e instrumentos que a dinamizem, sendo certo que esta
mobilidade não abraça todo o território concelhio de igual modo O centro do concelho da Maia é «vivido», a periferia está afastada dessa «vivência».
É importante para o futuro das comunidades a mobilidade no seu ponto de equilíbrio, mas também que ela se estenda para além do que é politicamente querido, ou seja,
para além do que é estático.
Finda a conferência, a assistência levantou varias questões de que vale a pena relevar a política dos passeios em todas as freguesias da Maia e a consequente
dificuldade de trânsito para os peões.
A encerrar os trabalhos o presidente do clube, Dr Raul da Cunha e Silva agradeceu ao senhor Padre Domingos Jorge a cedência das instalações para a nossa conferência.
Louvou o brilho do conferencista e o papel eficaz do moderador. Não se esqueceu de se congratular com a presença dos associados e amigos pois são eles a essência de uma
organização.
No fim, um muito agradável Porto d´honra contribuiu para continuar a conferência e tornar mais densos os liames entre os sócios.
Raul da Cunha e Silva