A CUMA celebrou o Carnaval num convívio que contou com a participação de um grupo de 48 pessoas e que agregou associados e amigos, nos dias 25 e 26 de fevereiro,
no Inatel de Vila Nova de Cerveira.
Iniciou-se a viagem pelas 14,30 horas do dia 25, com uma intervenção do Presidente do Clube, Prof. Dr. Raúl da Cunha e Silva que explicou as origens do Carnaval,
reportando às festas em honra de Dionísio, na Grécia clássica e às bacanais, festejos romanos em honra de Baco, de grande licenciosidade e que já incluíam uso de
máscaras, de modo a permitirem que até os próprios escravos, que gozavam de alguns dias de liberdade, pudessem efetuar crítica social. Não foi esquecida a referência
a Juvenal, poeta romano satírico que criticou os excessos de tais festas orgíacas. Com o advento da Religião Católica, foi o Carnaval integrado no calendário da Igreja,
mantendo o seu caráter profano e de divertimento, com o seu auge nos três dias anteriores à quarta-feira de Cinzas. A origem da palavra Carnaval, do latim carne+vale,
significa “o adeus à carne”, uma vez que se lhe segue a Quaresma, período dedicado à abstinência, ao jejum e ao resguardo dos cristãos em relação aos prazeres mundanos.
A viagem decorreu até Viana do Castelo, onde cumprindo os objetivos do Clube, foi efetuada uma visita ao navio-hospital Gil Eanes, um museu flutuante que permite
tomar conhecimento das dificuldades extremas em que decorria a pesca do bacalhau.
O barco que visitámos foi construído nos anos 50 do passado século, nos Estaleiros de Viana do Castelo, indo substituir o primitivo Gil Eanes que resultara da
adaptação de um navio da frota mercante alemã, o Lahneck, apresado em 2016 pelo Governo de Afonso Costa, mas que nunca foi capaz de satisfazer as necessidades dos
pescadores doentes.
O novo navio-hospital reunia todas as condições para assegurar uma assistência médica eficaz, com equipamentos modernos e instalações próprias para operar e
recuperar doentes. Porém, após 20 anos de deslocações à Terra Nova com as alterações da política de pesca do Bacalhau e modernização da frota bacalhoeira, o Gil Eanes
deixou de ter utilização, acabando atracado no Cais da Rocha, onde foi apodrecendo e acabou por ser vendido a um sucateiro para desmantelamento.
Foi então criada uma Comissão Pró Gil Eanes que levou a efeito uma campanha no sentido de recuperar um património que considerava de interesse cultural para a cidade
e para o País. Resgatado ao sucateiro a Fundação Gil Eanes transformou a embarcação em museu flutuante que tivemos a oportunidade de visitar, enriquecendo a nossa cultura.
A viagem seguiu até Vila Nova da Cerveira, onde após o jantar a celebração do Carnaval prosseguiu com muita animação e alegria.
No dia 26, antes do almoço, pudemos visitar o centro histórico de Vila Nova de Cerveira, apesar de alguma perturbação provocada pela chuva que começou a cair.
Depois do almoço, iniciou-se o regresso à Maia, tendo o mau tempo invalidado tentativa de visita à Feira do Fumeiro de Barcelos.
Durante o percurso, teve lugar uma intervenção da associada Manuela Baptista que relembrou o Carnaval do Porto com base num artigo publicado pelo Ateneu Comercial do Porto
– O Porto no fim do século XIX- elaborado na sequência de uma notícia do jornal O Primeiro de Janeiro: O Carnaval do Porto já não é o que era. Foram abordadas as
referências de diversos escritores dos finais do século XIX, nomeadamente, Arnaldo Gama em O Génio e o Mal e Júlio Dinis em A Família Inglesa, bem como de Alberto Pimentel
em O Porto na Berlinda e de um artigo de Ramalho de Ortigão publicado no Tripeiro.
Chegámos felizes com a sã camaradagem vivida durante estes dois dias e com vontade de repetir estes convívios que enriquecem a nossa cultura e reforçam os laços de amizade.
Normando Faria