Perante mui numerosa assistência de associados e amigos realizou-se uma conferência no pátio da Feira do Livro da Maia no dia15 de julho
sendo orador o prof Dr. José Manuel Tedim. Esta conferência foi fruto de colaboração do Clube Unesco da Maia e da Biblioteca Municipal Maiata.
O tema: Nazoni do Porto à Maia é muito sugestivo.
Uma qualquer atividade cultural implica para si mesma uma ideia de movimento, de dinamismo constante entre os sujeitos e o seu objeto.
O Clube UNESCO da Maia, em mais um ano de festa e de feira do livro, trouxe a esta, no passado dia 15 de julho, mais um ato cultural de relevo
e de significado. Uma conferencia à volta de “Nazoni do Porto à Maia” proferida, com todo o brilho que lhe é peculiar,
pelo Prof. Doutor José Manuel Alves Tedim, um homem da cultura e da História da Arte.
As impressões que deixou aos muitos presentes na feira
do livro da Maia foram precisas e eivadas de conhecimento e fundamentação histórica com representação na Terra da Maia e nas suas gentes.
Apesar da sua origem italiana, Nazoni (1691-1773) veio de Malta para o Porto como cenógrafo e pintor a convite dos Cónegos do Porto.
Nesta cidade torna-se arquiteto ao estilo do seu tempo e por força das encomendas que lhe eram dirigidas, sobretudo pelo Cabido da Sé do Porto,
instituição que ao tempo dominava a sociedade eclesial do bispado que estava vago.
Ás obras conhecidas na cidade do Porto, Nazoni sai da cidade
oferecendo os seus préstimos aos do termo do Porto e a sua criação passa pelas Terras da Maia. Obra fundamental deixa Nazoni na construção da
Igreja Matriz de Santiago de Bougado (agora concelho da Trofa), mas também intervenções mais ou menos características em outras obras, como é o
caso da Quinta dos Cónegos, Casa dos Sãs em Nogueira da Maia, Quinta do Chantre, etc… Nazoni pode ser visto como artista dos Cónegos do Porto,
não deixando por isso de intervir em projetos privados nas quintas que procuravam captar a criatividade do autor para obras particulares de
grandiosidade e monumentalidade próprios da época, deixando assim na história um certo conceito cenográfico para as quintas que tiveram a sua
intervenção.
Uma frase interessante do Prof. José Manuel Tedim na sua conversa: “Nazoni veio para o Porto e tornou-se tripeiro, nas quintas, foi minhoto”.
A Maia ficou com marcas nazonianas e com elas um pouco da cultura italiana, aquela que havia formado Nazoni que no Porto foi cenógrafo, pintor
e se tornou arquiteto à maneira do seu tempo. A Maia ficou com um pouco do que foi Nazoni, o artista na arte da construção do Séc. XVIII e o Porto
com Nicolau Nazoni em 1773
No fim houve um interessante momento de questões postas pela assistência a que o orador sapientemente respondeu.
Adalberto Costa