Em 18 de novembro, os dois clubes festejaram, em conjunto, na quinta dos Salesianos, centro juvenil S. João Bosco o S. Martinho
Foi um convívio muito alegre com castanhas, pão e vinho, além de outros regalos num verdadeiro magusto.
Grande parte da organização coube ao Clube Unesco da Cidade do Porto.
Feita a abertura do convívio pelo presidente do Clube Unesco da Cidade do Porto, Fernando Pinto e Arminda Santos, assistimos a uma belíssima comunicação da nossa associada Adorinda Carvalho cujo resumo vamos expor.
“O castanheiro, árvore muito longeva que convive, ao longo da sua vida com várias gerações humanas, é autóctone do território português, na variedade «castanea sativa». A castanha portuguesa apresenta variedades endógenas (a longal, a judia, a martainha e outras), que não existem nos outros países, criadas pelos agricultores ao longo de séculos de enxertias selectivas, constituindo verdadeiro património especificamente português.
Além do valor do fruto, o castanheiro é favorável ao ambiente, contribuindo de forma notável para a biodiversidade e para o equilíbrio ecológico. No tronco esburacado dos seus troncos encontram abrigo inúmeros animais (morcegos arbóreos, mochos, corujas, esquilos…); no subsolo desenvolvem-se fungos simbiontes, numa enorme variedade, que frutificam em cogumelos no Outono. Alguns belíssimos «Amanita Caesaria», considerados extintos noutros países, continuam a frutificar em abundância nos nossos soutos. Igualmente belos mas tóxicos os «Amanita Muscaria» dão um colorido especial ao solo dos soutos, contribuindo, como todos os fungos simbiontes para uma maior produtividade da árvore a que se associam.
O valor económico da castanha no PIB nacional é de grande peso. A castanha é o fruto que mais se exporta a seguir à pêra rocha, constituindo o valor dessa exportação cerca de 30 milhões de euros, segundo estimativa da REFGAST, o organismo que representa a flileira da castanha portuguesa. Estima ainda o mesmo organismo que a castanha movimente anualmente cerca de 70 M €, valor pago aos produtores e ainda cerca de 30 M € em fatores de produção.
A nível europeu Portugal é o terceiro país produtor de castanha, a seguir à Itália e à Grécia (dados de 2014).
Além dos aspetos económicos e ecológicos, o castanheiro é também um valor paisagístico e muitos dos seus exemplares mais antigos, de maior porte, ou com formas muito bizarras, têm fomentado lendas, inspirado poetas e escritores. Alguns são autênticos monumentos verdes e há exemplares classificadas pelo ICNF, como é o caso da «castanheira de Lagarelhos» cuja idade se estima em mais de 1 000 anos”.
Após a resposta a muitas perguntas da assistência o presidente do clube Unesco da Maia, Raul da Cunha e Silva, fez uma intervenção trazendo à colação que o magusto e os rituais conexos que são muito anteriores aos tempos de S. Martinho, (século V) bispo de Tours declarado em 2005 “personnage européen, symbole du partage” pelo Conselho Europeu. Inserem-se no rito morte e ressurreição das festas romanas das bacanais (em honra de Baco) e das dionisíacas gregas (de Dionísios) – também o deus do vinho.
Recordemos que a igreja soube aproveitar as festas relevantes que vinham do paganismo.
Por isso, não causa admiração que há pouco tempo celebrámos os fiéis defuntos que se seguem ao “haloween” celta de 31 de outubro, os que partiram a caminho da ressurreição. Hoje completamos o ritual
Feitas as colheitas do outono, cessaram os trabalhos e agora há que usufruir deles e preparar novas colheitas próprias do solstício de inverno
Castanha, pão, porco, vinho e muita alegria são os grandes temas dos muito numerosos provérbios de s. Martinho
No dia de S. Martinho vai à adega e prova o teu vinho.
Castanha, pão, porco, vinho e muita alegria são os grandes temas dos
No dia de S. Martinho vai à adega e prova o teu vinho.
Pelo S. Martinho, castanhas assadas, pão e vinho.
Seguidamente o magusto, o convívio, o relacionamento entre os associados dos dois clubes e a vontade de os repetir e aprofundar num crescendo imparável de amizade.
Raul da Cunha e Silva