No dia 24 de fevereiro o Clube Unesco da Maia realizou uma conferência no auditório do Lar de Nazaré perante uma assistência de 50 associados e amigos.
No início, e como prova de muita estima e consideração, o Clube ofereceu ao Senhor Padre Domingos Jorge, pároco de muito valor e consideração da paróquia
da Maia, os 3 volumes da “Memórias de tempos idos”, obra transliterada de um manuscrito, do século XIX, do padre Joaquim Antunes de Azevedo, editada pelo Clube.
No primeiro painel da conferência, o orador Raul da Cunha e Silva realçou o poder da mão afirmando que ela assinala a passagem a bípede da evolução do homem.
E o estranho poder dos primeiros homens ainda hoje ressoa por montanhas e vales em todo o mundo com relevância na arte rupestre, um dos seus sinais primordiais.
A mão em negativo e os signos geométricos têm mais de 65.000 anos e revelam já o pensamento abstracto e simbólico dos neandertais.
1º) (Êxodo.17.10-13). E acontecia que enquanto Moisés tinha as mãos levantadas, era Israel o mais forte, mas, quando descansava as mãos, o mais forte era Amalec.
Mas as mãos de Moisés ficaram pesadas. Pegaram então numa pedra e puseram-na debaixo dele e Moisés sentou-se sobre ela. Aarão e Hur sustentavam as mãos dele, um de
um lado e outro do outro. E assim as mãos permaneceram firmes até ao pôr-do-sol. Josué venceu Amalec.
2º) A imposição das mãos era prática muito usada pelos discípulos de Cristo como se pode ler em Marcos (16.1-18) “ Ide pelo mundo inteiro. Estes sinais
acompanharão os que acreditarem: hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados”. E este outro. “E tendo-lhe S. Paulo imposto as mãos, o Espírito Santo
desceu sobre eles e começaram a falar várias línguas (Atos dos Apóstolos 19.1-8).
3º) A leitura da Sina. A origem desta arte é proveniente da Índia há pelo menos cinco mil anos. Era praticada na Pérsia, no Tibete, na China, na Mesopotâmia,
no Egipto e atualmente por ciganos em todo o mundo.
Mito é uma narrativa, história ou lenda. É a primeira tentativa humana para compreender a origem do mundo, da vida, da morte e de explicar os
fenómenos que nos rodeiam.
Os mitos são, geralmente, histórias baseadas em tradições e lendas feitas para explicar o Universo, a criação do mundo, fenómenos naturais e qualquer evento que
não se sabia explicar O tempo do mito é pré-lógico.
A narrativa mítica constitui parte dos mais belos textos poéticos da humanidade. O seu universo é muito vasto, já que refere os mitos da mitologia grega, nórdica,
egípcia, asteca, celta, e da mitologia comparada.
A título de exemplo recordemos o mito de Édipo Rei, o mito de Pandora, entre muitos outros. Intimamente ligados ao mito devemos considerar os ritos, a magia e as superstições.
Rito é uma forma de expressão que permite comunicar com os entes ou forças sobrenaturais e misteriosas e estabelecer com elas uma espécie de troca
semelhante ao contrato romano “Do ut des”. É uma cerimónia que repete um conteúdo doutrinal histórico. Não estamos aqui a falar de ritos sociais que determinam as
relações entre o indivíduo, a sociedade e a classe social, mas de ritos que procuram reviver a doutrina para a tornar mais eficaz. Também não falamos dos ritos da iniciação.
Magia são as práticas que visam agir sobre a natureza e os seres por meio de processos ocultos, produzindo efeitos esperados. A magia estuda os
segredos da natureza e a sua relação com o homem. É uma quase religião da Idade da Pedra, mista de teologia, ritualismo e feitiçaria. Tem influência no espiritismo.
Etimologicamente magia é uma palavra persa “mag.” que significa sábio, donde os magos, os sábios. Recordar os magos do presépio, os magos do Egipto.
Com a prática do mito, do rito e da magia, a humanidade foi estabelecendo ligações com entidades que temia e a quem solicitava os benefícios de que precisava.
É o espaço da religião.
Oráculo de Delfos e a Pitonisa de Delfos
A questão para qual se desejava uma orientação era firmada numa tabuinha de argila e, em seguida, levada a uma das pitonisas (referência a Píton, serpente).
Recebida a mensagem, ela recolhia-se para o interior do templo e, sentada num trípode (um banco de três pés), começava a aspirar os “vapores divinos” que emanavam
das fendas abertas no chão. Teodósio ordenou que os templos pagãos encerrassem em 393.
Actos dos Apóstolos (19.16-17)
A escrava bruxa. Um dia, quando íamos à oração encontramos uma serva que tinha o espírito pitónico e dava muito lucro aos seus senhores exercendo a adivinhação.
Paulo teve de intervir. Isto revela que o mundo da serpente (Piton) tinha vasta audiência no mundo romano.
Superstição
Pode ser considerada a superstição como fruto de práticas complexas e antiquíssimas.
Caracterizadas por desejos recalcados, transmitidos pelo subconsciente, de geração em geração, superstições são, por definição, práticas ou teorias não fundamentadas
cientificamente, mas com valor tradicional relacionadas com o pensamento mágico ou com outros valores.
Não são novas as superstições na sua forma, pois são epifenómenos de problemas e anseios da humanidade. As superstições hoje não se contrapõem aos normativos da, por
exemplo, da religião mas são geralmente opostas à racionalidade científica do mundo ocidental. Esta substituição de um sistema de referências por outro vai-se efectuando
muito progressivamente, e decerto ainda não se encontra hoje totalmente concluída. Há pois três sequências que se entrechocam: a científica, a religiosa e a supersticiosa.
Marcas da superstição:
Bruxaria
Presságios
Adivinhações
Feitiçaria
Ferraduras: virar as duas pontas de uma ferradura para cima traz boa sorte.
Votos malignos
Sacrifícios de um galo
Leitura da sina
Os futebolistas ao entrar em campo͙
Sonhos
Fontes: Jogar uma moeda em uma fonte de água realiza um desejo
Ferraduras: virar as duas pontas de uma ferradura para cima traz boa sorte
Curandeirismo
Mau-olhado (ou olho-gordo).
Coceiras
Orelha
Gato preto
Espelhos: Quem quebrar um espelho terá sete anos de azar. Ficar se admirando num espelho
quebrado é ainda pior. Significa quebrar a própria alma. Ninguém deve se olhar também num
espelho à luz das velas. Não permita ainda que outra pessoa se olhe no espelho ao mesmo
tempo em que você.
Escada: Passar por de baixo da escada pode trazer má sorte.
Madeira: se você bater em um tronco de árvore oco três vezes o azar vai embora.
Terminado o debate, um Porto D´Honra concluiu a sessão.
Raul da Cunha e Silva