A temática em análise é um trabalho que se prende com o Património cultural oral. Era diversão dos finais do século XIX, na Maia e, certamente, noutras localidades do litoral. Além da vertente lúdica tinha uma procura de namoro que aumentasse o Património da lavradeira casadoira e nunca o diminuísse
A designação era namoro à carreira ou namoro à bicha. (careira e bicha tinham o mesmo significado). Os pretendentes colocavam-se uns a seguir aos outros, em tudo semelhante à disposição das pessoas quando pretendem adquirir algo, esperando a sua vez, neste caso, a vez de um diálogo amoroso.
Havia intervenientes específicos: o pai da menina casadoira; por vezes a mãe, o chegador, inculcado ( não sabemos se tinham em vista receber algum dinheirinho).
Manuel Gens, na obra: Antologia do Douro Litoral, os meus caminhos, p. 54 ao falar da presença dos progenitores da moça casadoira diz que …
Enquanto as filhas namoravam, os pais encostavam-se a uma árvore, ou sentavam-se a contar os moços ( que às vezes somavam dúzias) e no dia seguinte, lá na terra, faziam alarde e vangloriavam-se da respetiva quantidade(…) Outras vezes, o pai ia dar uma volta à romaria, ou ver a feira do gado, enquanto a mãe ficava junto da filha e por vezes metia conversa com os namorados, a saber quanto levavam de dote, quantas pipas de vinho tinham, quantos campos ou bouças, ou alqueires de milho, as juntas de bois, as leiras e as vacas leiteiras, etc.
…e se a rapariga voltava as costas a qualquer pretendente, este dava-lhe logo uma chapada~~
Esta curiosidade de pancadaria vamos encontra-la, de forma mais explicita na obra de Camilo.
Vamos então ver como era namorar à carreira em verso: