No passado domingo, dia 7 de abril, a CUMA – Clube Unesco da Maia e outras organizações participaram na Visita d’Autor “Os Noronhas e Menezes e à Quinta da Prelada”,
promovida pelo MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto.
Orientada por José António Ferreira e Silva, técnico superior no MMIPO e associado da CUMA, esta visita iniciou-se na Praça do Exército Libertador, no Carvalhido,
com uma alusão ao desembarque de D. Pedro IV e aos obeliscos da Prelada, e finalizou na Casa da Prelada, com a visita ao interior do espaço e ao jardim. Durante
duas horas, o autor abordou a história da Quinta, a intervenção de Nicolau Nasoni neste conjunto arquitetónico e paisagístico, a relação da Quinta com o território
envolvente e as diversas utilizações que a propriedade teve ao longo dos tempos.
Situada na freguesia de Ramalde, junto ao Carvalhido, na rota dos Caminhos de Santiago, a Quinta da Prelada elege-se como um dos espaços mais notáveis e grandiosos
do aro do Porto.
Em 1758, nas Memórias Paroquiais de Ramalde, o padre Francisco Mateus Xavier de Carvalho fez uma descrição exaustiva da propriedade, salientando que “passa pella
melhor destas Provincias”, e que “as cazas estão comesadas com risco de Nasoni, pintor italiano, que vive na Cidade do Porto”.
Este vasto conjunto arquitetónico e paisagístico subordinava-se a um eixo de simetria que passava pelo centro da Casa e terminava no Castelo. Ao longo deste
percurso, organizavam-se os diversos espaços e elementos do programa paisagístico da Quinta. As Memórias Paroquiais são bem esclarecedoras quanto a isto, ao descreverem
fontes, lagos, tanques, bancos pintados de fresco, labirinto de buxo, esculturas, latadas, entre outros elementos.
Alguns antepassados da família Noronha e Menezes tiveram ligações à Misericórdia do Porto. Saliente-se D. Luísa Pessoa que, no final do século XVI, foi benfeitora da
Misericórdia, sendo também a primeira irmã num tempo em que a irmandade era uma instituição para homens, e D. António de Noronha e Menezes de Mesquita e Melo, eleito
provedor em 1756, que terá encomendado a Nasoni o projeto do jardim e da casa.
D. Francisco de Noronha e Menezes, o “Último Fidalgo da Prelada”, falecido em 1904, doou em testamento a Quinta da Prelada à Misericórdia do Porto com a condição
desta instituição destinar a casa a um Hospital de Convalescentes, ou a outro qualquer fim humanitário. Dando cumprimento à vontade do benemérito, a Misericórdia do
Porto inaugurou em 1906 o Hospital de Convalescentes D. Francisco de Noronha. Atualmente, na Casa da Prelada está instalado o Arquivo Histórico da Misericórdia do Porto.
A finalizar a visita o presidente da Assembleia Geral do Clube Unesco da Maia, Raul da Cunha e Silva louvou o Dr. José António pela sua sageza e conhecimento dos
interiores e exteriores patrimoniais da Santa Casa da Misericórdia do Porto. A chuva não ajudou, mas o convívio, a ciência e a história, compensaram abundantemente.
José António N. P. Ferreira e Silva