Programa de atividades
1ª sessão Territorialização e senhorialização da Terra da Maiaª
Luís Carlos Amaral (Faculdade de Letras da Universidade do Porto; CITCEM-UP; CEHR-UCP)e 3 de fevereiro
Antes de iniciar a conferência o doutos Raul da Cunha e Silva. Presidente da Assemblei-Geral da Cuma resumiu
em poucas palavras o currícula do professor Doutor Luis Amara na seguinte narrativa
Luís Carlos Correia Ferreira do Amaral licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do
Porto (FLUP), em 1983, escola onde obteve os graus de Mestre em História Medieval, em 1987 e o de Doutor em
História da Idade Média, em 2008. É docente do Departamento de História e de Estudos Políticos e
Internacionais da referida Faculdade, desde 1984. Tem lecionado sobretudo disciplinas da área de História
Medieval de Portugal, História Medieval Ibérica, História Geral da Idade Média e História da Igreja em
Portugal. Atualmente desempenha as funções de Vice-Presidente do Conselho Científico da FLUP e de
Vice-Presidente da Comissão de Ética da Universidade do Porto. No que respeita a temas de investigação, tem
privilegiado estudos sobre povoamento e organização social do território (séculos X-XIII), bem como sobre
instituições eclesiásticas medievais portuguesas. Acerca destas matérias, proferiu já mais de 60
conferências e seminários, tanto no país como em Espanha, Itália, Hungria e Líbano. Conta mais de seis
dezenas de trabalhos publicados (livros e artigos), entre os quais se destacam:
3 de fevereiro, 15h – 16.30h) – Articulação dos poderes laicos e eclesiásticos na Terra da Maia momento em
que o jovem infante Afonso Henriques acedeu ao poder, logo após a vitória alcançada na Batalha de S. Mamede,
travada próximo de Guimarães, no dia 24 de Junho de 1128, o território que passava a governar possuía já uma
longa e complexa história de organização e desenvolvimento. Com a presúria de Portucale ocorrida em 868,
encetou-se o domínio do Vale do Douro por parte da monarquia asturiana, protagonizado, na zona mais
ocidental, por destacados magnates galegos. A partir deste momento e nos séculos seguintes, observou-se um
movimento de gradual organização da terra e das comunidades aí instaladas, visando a sua plena integração no
reino asturo-leonês. As circunstâncias de região de fronteira entre a Cristandade nortenha e o Islão que
cedo adquiriu, ditaram uma das mais decisivas e dinâmicas características do Entre-Douro-e-Minho, que muito
condicionaram a futura edificação do reino de Portugal. É precisamente este o cenário no qual vemos emergir,
entre os finais do século X e as primeiras décadas do XI, um pequeno território no qual estavam em curso
processos vários de fixação de comunidades, de organização política e militar e de ordenamento eclesiástico
e económico. Se o que acabámos de afirmar é em tudo semelhante ao que se verificava em outros territórios
situados a sul do Minho, nem por isso a Terra da Maia, apesar da permanente oscilação dos seus limites,
deixou de adquirir uma identidade muito particular, especialmente testemunhada na poderosa elite local, a
linhagem da Maia, cujos principais protagonistas dos inícios do século XII estiveram umbilicalmente ligados
à afirmação da monarquia portuguesa. Deste modo, observando as especificidades do processo de organização
social do território maiato e da constituição de uma rica e influente aristocracia regional, tornam-se mais
claros e compreensíveis os passos iniciais que levaram à construção da realeza de D. Afonso Henriques,
primeiro e inovador elemento da formação de Portugal. “
Professor Doutos Luís Amaral