1.- No passado dia vinte de junho comemorou-se o Dia Mundial dos Refugiados, pela agência da ONU, relativa aos refugiados. Recorda-se aqui que na sessão da
assembleia geral das Nações Unidas foi entregue uma petição que propunha aos governos que: “Garantam que todas as crianças refugiadas tenham acesso à educação.”,
“Garantam que todas as famílias refugiadas tenham um lugar seguro para viver.” e “Garantam que todos os refugiados possam trabalhar e adquirir conhecimentos que
contribuam de forma positiva para as suas comunidades. ”prosseguindo com uma campanha no sentido da adoção de um “pacto global sobre refugiados”, até setembro de 2018.
Uma ação séria que pretende dar a todos os que se encontram refugiados pelas mais diversas circunstâncias um “lar” para viverem e serem felizes. Em Portugal sabemos
bem o que é ser refugiado, quando durante a ditadura tantas filhas e tantos filhos da nação portugueses tiveram de se refugiar por tantos países, com o mérito de
levarem os nossos quereres e anseios pelo planeta fora. Sabemos bem o que é ser refugiado por políticas que não oferecem liberdade e democracia. Sabemos também o
que é o acolhimento e no nosso país quem chega tem sempre um lugar à mesa, mesmo em cima da hora do jantar.
2.- Os refugiados não constituem qualquer problema, dado que este só existe nos países que não querem reconhecer os direitos da dignidade humana. Direitos negados
pelos senhores do poder e do dinheiro, da guerra e das armas. Poderes religiosos, ou em nome de uma religião, poderes económicos, quantas vezes em nome do povo, que
não querem servir. Poderes ambientais que querem assassinar o nosso cosmos, em nome de “crescimentos económicos” e de “bem-estar”. Poderes sociais, que para se
manterem precisam que alguém precise de acolhimento. Mas, sobretudo, poderes culturais que subjugam as tradições, os costumes, o ser dos povos. Poderes que não
convivem, mas que esmagam e são máquinas fazedoras dos refugiados, trituradoras dos corpos e dos espíritos, por que insaciadas de sangue.
3.- Mas também existem aquelas e aqueles que se têm de refugiar das suas consciências. Porque não concordantes de práticas obtusas, vêm-se na obrigação de pactuar
com as vigarices dos poderes que submetem as mulheres e os homens livres. Há nos países ditos da “civilização” quem se refugie nas suas interrogações, sofra porque
não quer fazer aquilo que lhe mandam. Há regiões sujeitas ao refúgio para salvar os seus filhos. Há municípios em Portugal que isolam os cidadãos não lhe permitindo
uma vida plena. Há refugiados em Portugal que são portugueses.
Joaquim Armindo