No dia 14 de janeiro o Clube Unesco da Maia levou a efeito uma conferência perante numerosa assistência de associados e amigos.
Foi conferencista o nosso associado, professor doutor Pedro Pereira e moderador o vice presidente, Adalberto Costa.
Depois de referir dados teóricos e históricos sobre o tema, o orador centrou-se no estudo sobre Covas de Barroso.
“Em Boticas, como no resto de Portugal, bem como nos mais diversos lugares do mundo, é evidente a presença de dinâmicas de globalização que afetam a
vida dos indivíduos, bem como das nações e das regiões. Este processo de globalização, expressando-se no facto de cada vez mais vivermos num mundo
monolítico, a despeito das suas virtudes encerra em si riscos diversos,nomeadamente o da homogeneização cultural que pode contrapor-se a
identidades nacionais e identidades regionais.
Em Covas do Barroso, como nas outras freguesias de Boticas, assistimos a estratégias cada vez mais intensas e elaboradas de reivindicação de uma
identidade regional, que se expressam na divulgação do seu património cultural, representando simbolicamente a identidade da própria comunidade.
Promovendo o diálogo entre a memória oral, privilegiando a recolha direta de dados, e a memória escrita, acolhendo os subsídios de produções escritas, o
presente texto arquiteta-se numa sequência de quadros etnográficos que se constituem como uma proposta de itinerário narrativo patrimonial. Sugere-se
partir de um quadro inicial, expresso numa singela marca primeva (a sombra do tempo) que, por contágio etnográfico, dialogará com outros quadros compostos
por outras marcas culturais, procurando desenhar uma geografia narrativa do património cultural de Covas do Barroso”.
Várias e importantes questões foram postas pela assistência que o moderador sapientemente foi seleccionando, dirigindo-as ao palestrante que a todas deu resposta cabal.
A encerrar, o presidente do Clube Unesco da Maia , Raul da Cunha e Silva teceu louvores a todos os presentes, relevando o brilhantismo do orador. Referiu.
os problemas da globalização e as suas relações com as mundividências particulares.
Há um património individual oral que se herda na família. Esse é património imaterial (a língua, as tradições, a religião, a cultura.). Mas além deste património
oral, há o natural e o edificado.
O mundo global, se por um lado torna clara a diversidade, por outro tende a eliminá-la.
Daí a existência de vários documentos que propugnam a globalidade, como a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Declaração Universal da Unesco
sobre a Diversidade Cultural, a biodiversidade para não falarmos da defesa do património imaterial, natural e edificado. Tudo instrumentos para manter um
equilíbrio entre o particular e o universal.
Seguiu-se um Porto de Honra animado.
Raul da Cunha e Silva