No dia 21 de setembro de2019, o Clube Unesco da Maia realizou uma conferência no Centro Social Paroquial da Maia-Lar de Nazaré sobre o tema:
O Culto Mariano em Portugal, o caso particular da devoção à Senhora da Saúde, proferida pelo o Professor Doutor Pedro Pereira, ilustre
associado do nosso clube.
Em Portugal, diz o orador, há cerca de mil invocações da Virgem Maria. Uma delas é a da Senhora da Saúde, que se venera em mais de trezentos
lugares de culto no nosso país. Os diversos nomes, como Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora dos Remédios, da Caridade, do Bom Despacho, etc.
são nomes diversos de uma só Nossa Senhora e expressam carências, necessidades e devoções diversas em comunidades e tempos diferentes.
Não fora a sua expressão, dominantemente local e a devoção à Senhora da Saúde seria uma das maiores de Portugal.
Numa altura de tão elevado prestígio do saber biomédico, procurar-se -á compreender as motivações que levam as pessoas a recorrer à Senhora da
Saúde para lidar com a doença, com o sofrimento e promover a saúde. Ao enorme desenvolvimento da medicina não se segue uma diminuição do culto
à Senhora da Saúde.
O médico sabe que o culto existe e que o doente tem as suas crenças que podem não coincidir com as suas.
Um doente vai ao médico porque confia, mas, ao mesmo tempo, reza à Senhora da Saúde para que ilumine o médico a receitar os remédios curativos
dos seus males e sofrimentos. Ainda que a relação genealógica entre religião e a medicina seja ancestral, sugere-se que o culto à Senhora da Saúde
encerra uma singularidade devota nesta intemporal busca da saúde.
O crente recorre à medicina e ao mesmo tempo à religião ou até a outras meios, na convicção do que “o que abunda não prejudica” – quod abundat,non nocet.
Terminada a conferência, houve espaço para responder a várias perguntas da assistência Antes de iniciar o segundo momento da palestra, o
Presidente da Assembleia Geral do Clube Raul da Cunha e Silva agradeceu a presença de todos demostrando que o Clube Unesco da Maia consegue
atrair os associados e amigos para eventos dignos de nota. Louvou o orador, Pedro Pereira, pela competência, erudição e capacidade comunicativa.
Considerou pertinente o culto à Senhora da Saúde num tempo em que as doenças são muitas. Tomando como referente O Mos Majorum dos romanos trouxe
à colação o rompimento dos laços familiares, a falta de educação e de respeito dos filhos para com os pais e avós, a violência doméstica, o
desrespeito pela vida e pelos bens alheios, a corrupção que maculam os tempos hodiernos.
No meio de tantos males compreende-se a devoção a Nossa Senhora da Saúde nos quadros da Igreja Católica.
A associada Lourdes Graça abordou o 2º momento da sessão. “O Santuário Mariano da Maia.”
Recorda que a igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho foi elevada à categoria de Santuário Mariano em 25 de março de 2003, por decreto episcopal
de D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto.
O templo, de estilo barroco, foi documentado pelos registos das “Memórias Paroquiais”, no concernente aos altares, imaginária e à relação entre
a volumetria do espaço físico da Igreja e a população existente no tempo – 97 vizinhos, ou seja, 277 pessoas.
No local, exemplificou a gramática do monumento, particularizando a simetria do espaço e o acrescento da Torre sineira (século XIX). À entrada,
o frontão com um nicho; no cimo, uma cruz latina e óculo quadrilobado.
No interior, uma rica talha dourada, estilo Joanino, que ocupa totalmente o espaço da parede testeira, com elementos característicos desse estilo:
conchas, grinaldas de flores, plumas, anjos. O Trono Eucarístico, no cimo do qual estava o orago – S. Miguel, é rematado por arcos concêntricos,
dá sentido de beleza e majestade ao espaço.
Referiu a oferta da imagem da Senhora do Bom Despacho pelo Visconde de Barreiros, tendo sido a viscondessa, sua mulher, que bordou o manto.
Assim se concluiu mais um evento cultural do Clube Unesco da Maia de uma forma muito brilhante
Raul da Cunha e Silva