No dia 8 de fevereiro, o clube Unesco da Maia organizou um seminário no Auditório da Quinta da Gruta, (Castelo da Maia) em parceria com a Câmara Municipal da Maia.
A finalidade foi fazer uma abordagem científica ao 6º objetivo (dos 17) do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, declarada em 27 de setembro de 2015.
A UNESCO, como agência especializada das Nações Unidas para a Educação, é responsável por liderar e coordenar a Agenda da Educação 2030. Esta Agenda é parte de um movimento
global para erradicar a pobreza até 2030 através de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
No âmbito destes ODS, o Clube UNESCO da Maia (CUMA) e o Comité Português para o Programa Internacional de Geociências (IGCP) da UNESCO, pretendem organizar, um Ciclo
de Formação – “Ciclo de Formação CUMA 2020” – acreditada para docentes dos vários ciclos de ensino (formação de curta duração) e aberta a toda a comunidade.
A primeira Ação de Formação decorreu no passado dia 8 de fevereiro. Foi uma ação assaz concorrida com cerca de 35 participantes, entre professores, sócios dos Clubes
UNESCO da Maia (CUMA) e do Porto (CUCP). O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável abordado foi “Água Potável e Saneamento” (ODS 6). Esta iniciativa realizou-se na
Ecoteca da Quinta da Gruta, no Castêlo da Maia. Após a breve sessão de abertura e boas vindas aos participantes, feita pelo Doutor Carlos Meireles, Vice-Presidente da
CUMA e membro do Comité IGCP, seguiu-se a A Drª Ana Almeida (CUMA) que apresentou o enquadramento do tema da ação de formação.
Dando cumprimento ao programa, decorreram de forma entusiasta as três palestras previstas: “A gestão da Água e do Saneamento no Concelho da Maia”, apresentada pela
Engª Marília Alexandra Ramalho, responsável pelo controle de qualidade do abastecimento de água no concelho da Maia. Foi apresentada a política de gestão da água no concelho
da mencionado, nomeadamente as preocupações do controle de qualidade da água fornecida aos seus habitantes e particularmente as medidas levadas a cabo por esta autarquia no
tratamento das águas residuais, pioneiras a nível nacional, como a instalação da primeira central de tratamento e produção de biogás e a estação de compostagem de lamas na
ETAR de Parada.
No decurso das restantes palestras, “As águas subterrâneas como recurso. Os problemas de contaminação natural e a antrópica na gestão deste recurso”, proferida pela
Doutora Renata Santos, do Departamento de Minas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e “As águas subterrâneas nos desafios dos 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável das Nações Unidas”, pelo Dr. Manuel João Abrunhosa, do Grupo Português da Associação Internacional de Hidrogeologia, a assistência foi confrontada com uma a
dura realidade e levada a refletir sobre os seguintes factos: de toda a água presente no nosso planeta, 97.5% é água salgada e apenas 2,5% é água doce (incluindo o gelo
das calotes polares). Destes 2,5% de água doce, só 31, 1% é água doce líquida. Destes 31%, 96% de água doce disponível para abastecimento humano estão concentrados nas
águas subterrâneas. Apenas 4% da água doce é água superficial. A maior parte do consumo de água potável, 69%, é utilizado na agricultura; o consumo doméstico representa
penas 12% e a indústria 19%. No entanto, com o aumento exponencial da população mundial, a sua concentração nas grandes metrópoles, surgem novos perigos de contaminação
química da água, por resíduos de medicamentos, e de drogas consumidas, que as atuais tecnologias das ETARs ainda não eliminam.
Por mais esforços que se façam na gestão da água potável, estamos muito próximos da situação irreversível de stress hídrico global. É necessário investir na investigação
de um melhor conhecimento das múltiplas variáveis neste sistema complexo que exige múltiplas hipóteses de abordagem, sendo necessário recorrer a equipas muldisciplinares para
a gestão dos nossos escassos ecursos de água potável.
O Dr. Manuel Abrunhosa aproveitou para “levantar o véu” sobre a sua visão como a Hidrogeologia está na base holística das 17 ODS das Nações Unidas,
e da sua proposta de uma nova disciplina na área das Geociências, a apresentar mais detalhadamente no I Congresso Internacional “Geoethics & Groundwater Management:
theory and practice for a sustainable development”, a realizar no Porto, entre 18-22 de maio próximo.
A concluir, o Presidente do Clube, Dr. Adalberto Costa, agradeceu a todos os intervenientes nesta ação, recordando que um dos lemas da UNESCO é a promoção da Cultura,
caminho que o Clube UNESCO da Maia tem vindo a seguir.
No período da tarde, foi feita uma visita à ETAR de Parada (Águas Santas), extraordinariamente conseguida pela Engª Marília Ramalho.
Esta iniciativa foi tornada realidade, graças ao apoio do Vice-Presidente da Câmara Municipal da Maia, Dr. Paulo Ramalho;, ao Eng. Hugo Rocha e Silva, do Departamento do
Ambiente e Coordenador da Quinta da Gruta, à Eng.ª Marília Ramalho do SMAS-Maia, ao Dr. Júlio Guimarães, de Departamento de Educação, Cultura e Ciência da CMM e ao apoio
prestado na aceitação e divulgação da atividade/formação de curta duração pelo CFAE Maiatrofa.
A todos os que participaram – bem hajam!
Carlos Meireles e Ana Almeida