Artigo publicado no Jornal Maia Hoje a 2 de setembro de 2016
1.- No dia 23 de agosto, a UNESCO comemora o “Dia Internacional para a Memória do Comércio de Escravos e sua Abolição”. Cabe bem nos dias que atravessarmos refletir e agir sobre “Comércio de Escravos” e “Abolição” desse comércio. Estamos neste dia a fazer “memória” de um comércio de homens, mulheres e crianças e lamentamos, pedindo perdão por tais atos indignos na nossa sociedade. Natural que assim seja, nós portugueses que abolimos a escravidão e o comércio de escravos, nem que tenha sido por imposição do nosso aliado de sempre. Que fizemos, em nome de Deus, escravatura e da dura, isso realizamos, sem titubear. Leiam-se as cartas do padre António Vieira digno opositor de toda a escravatura humana e defesa intransigente dos indígenas, e como foi perseguido pela Santa Inquisição. Reis, nobres, religiosos, padres e quando possível pessoas do povo, foram algozes para os índios e populações a quem pertencia a terra, ensinando a obedecer, em nome de princípios de seu próprio bem, subjugando, maltratando e matando, aqueles cujo único crime fosse tentar não ser tão escravos. Um povo que submete outros povos, só pode ser um povo submisso.
2.- A memória continua, porém, a fazer-se sobre o “comércio de escravos” e a “abolição” que está a muitas léguas de ser cumprida. Se é verdade quem em muitos pontos desta Terra Azul se continuam a comercializar pessoas, obedecendo a ditames dos senhores do dinheiro e da guerra, também o é a existência de novas formas de escravatura. Desde logo a escravatura cultural, dramática e ofuscante, por que não se vê, ou a escravatura económica, ou mesmo a social. Existe escravatura, como antigamente, e como, agora, arranjamos forma de a cobrir com mantos de cores estrangulantes. Escravizamos o outro sempre que não reconhecemos nele, um nós, um não-eu, e o tratamos como um eu. Uma maneira encoberta de escravizar: no trabalho, na escola, na saúde, na educação, na formação, no mais elementar da vida humana.
3.- Mas existe a escravatura ambiental, a forma como tratamos a Terra Mãe, aquela que tudo nos dá para vivermos, e de onde delapidamos o que nos apetece. A Natureza está a ser escravizada, assim como o fazemos aos nossos irmãos não-humanos. A fúria humana para viver duma forma de lauto banquete, embrutece as consciências, e não reconhece a terra. Escravizamos quem nos fornece a vida e o ser ontológico, incompreensivelmente. Onde estão as estações do ano? Este é um pecado estrutural, pecado original originante, a que todos submetemos, sem sequer nos preocuparmos com o devir. Está longe o dia em que falemos da “abolição” da escravatura, por que esta existe sobre outras formas. Dia 23 de agosto, dia em que nos fará muito bem refletir sobre estas coisas.
Joaquim Armindo
11-07-2016 – Conferência sobre o foral da Maia
No dia 11 de junho, aquando das festas do concelho da Maia e perante uma assistência de 60 pessoas, o professor doutor Luís Carlos Amaral, como já vem sendo hábito,
nesta altura, fez, desta vez, uma abordagem do foral da Maia.
O conferencista contextualizou o documento dentro da política foraleira manuelina que, se por um lado pretende confirmar a existência jurídica e regulamentar os direitos
e deveres das populações, por outro lado, pretende fortalecer a autoridade real, cerceando poderes locais e centralizando poderes municipais que acabavam por consolidar a
supremacia do rei. Nesse sentido, sublinhou o papel de Fernão de Pena nesta questão dos forais.
Recordou a particularidade de foral da Maia, um documento extremamente curioso, pela elencagem das localidades que pertenciam à Maia, mas também pela pormenorização de
determinados foros que levam a concluir das atividades desse tempo. O Foral da Maia data de 15 de dezembro de 1519 e insere-se na designação de forais novos, dados por D. Manuel.
Recordou a extensão das terras na Maia, os conflitos das populações próximas do mar com o donatário, Pêro da Cunha, a propósito dos impostos exigidos aos lavradores que
pretendiam tirar o sargaço para estrumarem as terras.
Falou ainda do Mosteiro de Vairão, ao tempo pertencente às terras da Maia, sua importância económica e a função social e a importância que o foral lhe consagra.
Concluiu afirmando que a comemoração do 6º aniversário (2016) será altura de um estudo mais aprofundado do documento.
Houve várias questões postas pela assistência, o que muito animou a conferência.
A apresentação do orador e do tema esteve a cargo de Lourdes Graça. Por fim, o presidente do Clube, Raul da Cunha e Silva encerrou os trabalhos agradecendo ao orador o
brilho e a eloquência da sua comunicação e também aos associados e amigos do clube Unesco da Maia que respondem muito bem aos eventos programados.
Lourdes da Cunha e Silva
29-05-2016 – Aldeias históricas do norte de Portugal
Viagem a Vila Pouca de Aguiar
Eram quase oito e meia da manhã do passado dia 29 quando o autocarro iniciou a marcha com destino a Tresminas. Nele seguia um grupo sedento de saber e pertencente à C.U.M.A. presidido pelo
ilustre Professor Raul Silva.
A curiosidade era grande e as expectativas maiores ainda pois iríamos à “terra do ouro”.
Seguindo a A4 foi-nos dado, experimentar o túnel recentemente inaugurado e que nos permite ultrapassar o Marão em cinco minutos!
Apesar da chuva havia a compensação da deslumbrante paisagem que desfilava perante os nossos olhos.
E a viagem prosseguia depois do Prof Raul ter proferido uma breve peroração e um dos “viajantes” tecido algumas considerações ao “reino maravilhoso” Trás – os – montes – assim designado por Miguel Torga.
Chegados a Vila Pouca de Aguiar juntou-se-nos uma guia que seguiu connosco até ao local do destino.
Começámos por ver as “Cortas”, lugares donde o ouro era retirado, a céu aberto e bastante profundos. Tudo isto exigia trabalho braçal sobretudo escravo em quantidade para arrancar esses
pedregulhos para
depois de tratamento adequado, ultrapassados múltiplas tarefas, se chegava ao produto final, o ouro escravo
Também as galerias por onde se escoavam os escombros fonte residual do metal precioso e que foram visitadas deparando com grande quantidade de morcegos, hoje os residentes desses lugares ancestrais.
Descemos à povoação de Trêsminas onde nos foi servido um lauto almoço com a particularidade de vir para a mesa um “ensopado de cogumelos” que a todos surpreendeu pelo seu agradável sabor.
Deixámos a “Tasca” e passámos ao Centro Interpretativo onde visualizámos pormenores alusivos ao tema tendo até tido a oportunidade de “mexer” em réplicas de instrumentos utilizados na extracção do metal amarelo.
No regresso ainda tivemos oportunidade de visitar o museu cujo espólio catalogado nos forneceu mais informação do mundo Aguiarense.
Pela A7 viemos até à Maia havendo ainda lugar a um pequeno espaço poético para gáudio das gentes.
Já passava das dezanove horas quando aconteceram as despedidas e debandada geral com comentários altamente positivos ao dia que se encaminhava para o final.
Jaime
27-05-2016 – Para além das palavras. Comunicação gestual no dia a dia
No passado sábado, dia 21 de Maio, a CUMA – Clube Unesco da Maia realizou, no salão nobre da Junta de Freguesia da Maia, uma sessão subordinada ao tema : PARA LÁ DAS PALAVRAS.A Linguagem Não-verbal.
Foi orador Miguel Ângelo Rodrigues, Provedor dos Munícipes da Maia e membro do Clube Unesco da Maia.
Perante uma significativa plateia de associados, Miguel Ângelo Rodrigues dissertou sobre as diversas formas de comunicação gestual e corporal que fazem parte do nosso dia-a-dia, no domínio
da Paralinguagem, da Cinésia e da Proxémica.
Assim a Cinésia estuda a linguagem corporal, gestos, expressões faciais e visuais que exprimem uma linguagem universal, como afirma Paul Ekman, professor na Universidade da Califórnia.
Este cientista que fez estudos em partes longínquas como Argentina, Japão ou Papua/ Nova Guiné concluiu que os seres humanos, embora diferentes uns dos outros na sua morfologia, são idênticos
no modo como expressam as suas emoções : felicidade, tristeza, repulsa, surpresa , medo, desprezo, etc.
A Paralinguagem ocupa-se da forma ” como dizemos ” e que, muitas vezes, vale mais do que o conteúdo das palavras: o tom de voz, ritmo, pausas, sonoridade, silêncios, etc. Através da
vocalização transmitimos diferentes emoções e estados de alma. Empregar o tom de voz adequado a cada circunstância, é um poderoso instrumento de comunicação.
Por sua vez, na Proxémica, estuda-se a gestão do espaço que ” exigimos ” na proximidade dos outros e em relação aos objetos. Este espaço é determinado por valores culturais e etários,
mas todos temos necessidade de uma ” zona privada ” e reagimos, comunicando sentimentos, quando é violada.
Na realidade, a Linguagem Corporal é uma forma de comunicação não-verbal que abrange gestos, posturas, expressões faciais, o movimento dos olhos, o tom de voz a apresentação visual e a
proximidade física entre interlocutores.
Para melhor se perceber a importância desta Linguagem, basta citar o investigador americano Ray Birwistell que num estudo recente concluiu que 55% da mensagem é linguagem corporal,
38% é paralinguagem e apenas 7% da comunicação é feita pela palavra . Este processo de comunicação feito através de expressões faciais, gestos, olhos, postura corporal, vocalização e
sonoridade é mais expressiva e mais sincera contrariando, muitas vezes, o que se está a dizer por palavras.
Para o orador, Miguel Ângelo Rodrigues, o nosso corpo é um verdadeiro tratado de comunicação. Não é possível não comunicar. Mesmo no silêncio mais profundo, ou numa atitude introspetiva
estamos a comunicar. O conhecimento desta linguagem que está PARA ALÉM DAS PALAVRAS é fundamental para uma boa comunicação interativa, no nosso dia a dia, em que todos somos emissores e recetores.
Com a ” lição ” bem preparada e através de múltiplos exemplos e imagens, o Provedor dos Munícipes deu uma verdadeira ” aula” de comunicação tendo mantido vivamente interessados e participativos
ao longo de duas horas, os ” alunos ” do Clube Unesco da Maia.
Por fim, o presidente do clube Unesco da Maia agradeceu a competência e o brilho do orador bem com a participação dos presentes.
Miguel Ângelo
16-04-2016 – 6º aniversário do Clube UNESCO da Maia
No dia 16 de abril, o Clube Unesco da Maia celebrou o seu 6º aniversário. Foi um tempo memorável pelo esforço que temos feito na prossecução dos
objetivos que nos nortearam, aquando da constituição do clube.
Um esforço coletivo de todos e de cada um, pelo que o sucesso obtido é também de cada um dos associados.
O aniversário baseou-se no seguinte programa:
11.30 Horas – Passagem de um vídeo com o histórico do último ano do Clube;
12 – Admissão de novos associados;
13 – Almoço e momentos de comunicação.
Os vinte minutos do histórico de 2015 traduziram de forma fiel todo o trabalho realizado. Um trabalho muito bem estruturado pela Lourdes Graça e Augusto Amaral.
O segundo momento foi a admissão de 7 novos associados que muito vão contribuir para um acréscimo do dinamismo do clube.
Candidatos e respetivos padrinhos assumiram o prazer de entrar num clube que, segundo as suas palavras e as nossas certezas é um grande clube para o qual eles irão dar o seu contributo.
Este momento foi iniciado pela Raquel Lima que tocou “Melodie en miniature” de Armando Ghidoni que lhe havia conferido o 2º lugar num festival infantil.
Cada um recebeu o segundo volume dos “Moinhos da Maia” e o Regulamento Interno do clube.
Das intervenções, gostaria de realçar a comunicação da Dra. Olga Freire, Presidente de Junta da cidade da Maia que, revelando grande conhecimento dos
nossos trabalhos, teceu encómios lamentando que a questão da sede não esteja ainda resolvida.
O almoço foi um momento de grande e animado convívio. O protocolo foi dirigido pelo associado Normando Faria e Laura Mora.
Fez-se um momento de silêncio pela partida da associada Maria Estela.
Leram-se textos, declamaram-se poemas, numa aliança bem conseguida entre os prazeres da cultura e os sabores do estômago.
O Clube Unesco da Cidade do Porto, representado pela Ermelinda Pereira, realçou a grande amizade entre os dois clubes e a preocupação pela saúde muito
periclitante do seu presidente, Dr Sívio Matos.
Antes de degustar o bolo de aniversário e cantar as canções próprias do momento, o presidente do clube, baseando-se em passos da Eneida e dos Lusíadas
cantou o longo caminho de seis anos que da Ocidental Praia Lusitana aportou aqui, navegando através de grandes dificuldades para revelar ao mundo os feitos
maravilhosos em boa parte mostrados no início da sessão da manhã. Salientou ainda um passo muito célebre de Cícero ao afirmar:
A amizade encontra semelhantes ou faz semelhantes aqueles que não o eram. E hoje essa identidade é a nossa força.
E foi com este auxílio, incluindo os outros que nunca chegaram, que nos foi possível estar aqui com trabalho feito e muita alegria.
Raul da Cunha e Silva
06 e 07-02-2016 – A CUMA celebra o Carnaval
A CUMA celebrou o Carnaval num convívio com relevante participação dos associados, nos dias 6 e 7 de Fevereiro, no Inatel de Vila Nova de Cerveira.
Durante a viagem, os objectivos que norteiam o Clube não foram esquecidos. O Presidente, Dr. Raúl da Cunha e Silva explicou as origens e o significado do Carnaval,
um associado leu um poema a propósito do evento e uma associada explanou o tema do Carnaval em Portugal, referindo-se em particular ao Carnaval do Porto, tema ilustrado
com a leitura de textos da obra de Alberto Pimentel, ”O Porto na Berlinda”.
A celebração do Carnaval decorreu com animação e alegria.
No dia 7, antes do almoço, visitámos o Aqua Museu de Vila Nova de Cerveira, instituição que desenvolveu acções “no sentido de aumentar o conhecimento do património
natural e etnográfico, associados ao Rio Minho”.
No Miradouro do Cervo apreciámos a bela paisagem circundante e ficámos a conhecer a “Lenda do Rei – Cervo” e a hipotética relação com o nome da terra.
Depois do almoço, regressámos à Maia e durante o percurso houve intervenções de associados que lembraram poetas ligados à região como Pedro Homem de Mello e
António Correia de Oliveira. Do poeta do Belinho” foi lido o poema “A preguiça”.
Chegámos com vontade de repetir convívios que reforçam os laços de amizade e de cultura.
Artur Baptista