No passado dia 29 de março, o Clube UNESCO da Maia apresentou no Maia Shopping a sua mais recente publicação: A Mulher da Maia – da periferia à urbe portuense
(final do século XIX – início do século XX).
Esta actividade, realizada em parceria com o Turismo da Maia e com o centro comercial, cumpriu cabalmente os objectivos
que a nortearam: Divulgar uma parte significativa da História da cidade da Maia, dos finais do século XIX aos princípios do século XX.
Como enquadramento, tivemos o privilégio da presença de quatro mulheres do Rancho Folclórico de S. Salvador de Folgosa que documentavam quatro das actividades do
período em estudo. Falamos da Carolina, da Irene, da Lourdes e da responsável do rancho, Maria José.
Nas comunicações dos autores assinalamos as informações prestadas pela co-autora Lourdes Graça que contextualizou o estudo na Maia, terra de terras muito férteis,
um espaço periférico de uma cidade em franco crescimento: a cidade do Porto. Sublinhou a importância deste estudo, pelo registo de dados documentais que ainda não
haviam sido feitos e que a não serem escritos se perderia para sempre. Recordou um estudo similar de Maria Lamas: “ As mulheres do meu País” que serviu de fonte a
esta obra. Referiu, no entanto, que a metodologia privilegiada fora a entrevista a maiatos que ainda guardavam de memória estas árduas tarefas femininas de um tempo não longínquo.
As actividades registadas na obra: a lavadeira, a leiteira, a pinheireira, a hortaliceira, a vassoureira, a carquejeira, a galinheira, a carreteira, a co-autora
Liliana Aguiar e Gabriel Gonçalves pormenorizaram a lavadeira e a pinheireira.
Assim, a lavadeira era uma das actividades mais frequentes na Maia, particularmente em Águas Santas. Salientou que esta actividade era um complemento familiar,
um modo de sustento. Estas mulheres ganhavam à peça, o preço variava: oito tostões por cada lençol, quatro tostões por cada toalha e dois tostões por cada lenço.
A entrega da roupa era à segunda e era à sexta que a iam buscar às clientes. Elencou algumas ruas do Porto para onde as lavadeiras da Maia trabalhavam.
Falou ainda do rol que era imprescindível para não trocar a roupa e, segundo as entrevistas que realizou, como não sabiam ler, cada peça era assinalada com uma cor.
O Gabriel falou de uma actividade quase desconhecida: a pinheireira. Contextualizou a actividade na “paisagem florestal” que caracterizava este espaço, na Maia
desse tempo. Descreveu a actividade de pinheireira, uma tarefa em parceria com outras mulheres, na trepa ao pinheiro, na recolha do produto e no transporte em carro
de mão até ao local de secagem: quintais, eiras e até nos caminhos. Por curiosidade referiu os utensílios usados neste mester: carro de mão, vara, gancho, rede, cordas,
lampião e também as peças de vestuário, devidamente adaptadas à tarefa: tamancos, peias, saia, blusa e avental, facha, chapéu, calças velhas de homem.
Finalmente referiu artistas que trataram o tema. Mestre Albino, na pintura, e Quim Almeida, na escultura e azulejaria.
A encerrar a sessão, Sandra Campos, directora do Turismo da Maia e Ana Cláudia disponibizaram-se a novas parceria com o Clube e assinalaram o sucesso do evento.
Por sua vez, o Presidente da Assembleia, Prof. Raul da Cunha e Silva e o Presidente da Direção, Adalberto Costa, sublinharam o valor da obra como espólio de relevo e
mostraram-se também disponíveis para outras parcerias.
Raul da Cunha e Silva