O Clube Unesco da Maia dando realidade à tradição do seu Plano Anual de Actividades, realizou no dia 12 de janeiro a sua primeira actividade do ano de 2019 que ora se inicia com a realização da conferência em título.
A oradora convidada, Profª Doutora Assunção Pereira, lente de Direito Internacional Público da Universidade do Minho – Escola de Direito e investigadora, debruçou-se sobre o tema dando ensinamento do seu conhecimento, perante uma assembleia interessada e bem constituída.
A guerra e a violência sexual, vista esta na perspectiva não apenas das mulheres e dos homens é de veras pouco compreendida pela sociedade, na medida em que se as primeiras se calam face às violações, os homens por vergonha não se pronunciam sobre a violação que as mais das vezes se traduz na tortura atroz enquanto instrumento de guerra. A utilização das crianças no acto de guerra, outro problema que envolve os actos e guerra dos nossos dias, consubstancia um acto cobarde dos sujeitos que fazem a guerra, porquanto a mesma utilização é barata porque não remunerada, fácil, porque simples o convencimento das crianças, sem transtornos, porque morrendo a criança, pouco ou nada se sabe do seu desaparecimento em ambiente de guerra.
Mas nos nossos dias, a guerra é alimentada não apenas pelos interesses objectivamente conhecidos, mas também pela contratação de empresas quase especializadas que a ela se dedicam ao abrigo de contratos ou negócios que o público em geral não se apercebe ou conhece, mas de forma muito real ajudam à manutenção do flagelo das comunidades, das gentes e dos povos, muitas vezes concluindo com o genocídio.
Na actualidade, é evidente o fenómeno da guerra, a localizada e cada vez mais desenvolvida nos seus instrumentos, vendo-se em cada momento a utilização das chamadas armas ilícitas: as químicas, as biológicas e o aparecimento da robótica: drones, robôs, etc. que constituem um modo rápido, simples e económico para a realização da guerra.
Tudo isto, elementos de análise que levam à conclusão da crise de valores porque a sociedade vai sendo afectada e que de algum modo ajudam na economia mundial, principalmente para alguns países, nomeadamente os mais fortes, os mais ricos e que embarcam por um certo liberalismo aparente.
Aspecto consequente de um acto de guerra, são os traumas que resultam dele, não apenas para as comunidades, mas sobretudo para as pessoas consideradas individualmente e que perduram no tempo, influenciando na formação das pessoas que assim se deixam determinar no seu comportamento para com os demais, mostrando as mazelas criadas pela guerra em desfavor da sã convivência entre os seres humanos, a maior parte que nem sequer nela participaram ou conviveram.
A acção da diplomacia é importante nas questões que se podem suscitar para e no ambiente de guerra, actuando na resolução dos problemas que se perspectivam ou que se criam pelo acto de guerra e que muitas vezes, senão na maior parte delas, resolvem ou ajudam a resolver, influenciando de modo decisivo a tomada de decisões dos Estados perante a guerra.
De igual modo é importante a acção dos média, concretamente dos seus agentes, os jornalistas. Imbuída pela sua própria natureza e função, o jornalismo e consequentemente os média, ajudam a limitar, senão mesmo a impedir este ou aquele acto bélico, contribuindo de forma indirecta para que a guerra fique condicionada e ou encontre artifícios mais obscuros e difíceis na e para a sua realização. De todo o modo, e por força dessa intervenção indirecta, a notícia deve ser lida e analisada com todo o cuidado em ordem a que dela se possam retirar as conclusões o mais próximo possível da realidade. A noticia nem sempre é apresentada conforme a realidade e muitas vezes é feita para interferir com a intenção dos agentes bélicos.
Por isso, no que diz respeito às redes sociais, que existem para o bem e para o mal, o mesmo se passa, na medida em que a noticia passa rápido, é clara e de simples compreensão, influenciando por isso, com efeitos imediatos o objectivo pretendido por aqueles que a elas recorrem para propagandear
A humanidade tem direito à Paz, e para que ela seja possível, ou antes, que ela seja cada vez mais possível, reclama a oradora da conferência, é necessária mais educação a todos os níveis.
No fim intervieram vários associados pondo questões muito pertinentes e enriquecedoras que obtiveram respostas adequadas.
A terminar o Presidente da Assembleia-Geral da Cuma, Raul da Cunha e Silva referiu que foi brilhante a comunicação, brilhante o início de 2019 e das atividades da nova direcção do clube Unesco da Maia. Trouxe à colação o princípio militar romano (si vis pacem para belum,isto é, se queres a paz prepara a guerra De facto, são inseparáveis Guerra e Paz, como também o Bem e o Mal com os quais temos de viver e conviver.
Adalberto Costa