No passado dia 24 de março de 2018, a CUMA – Clube Unesco da Maia assinalou o Dia Nacional dos Centros Históricos com uma visita ao MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, situado na Rua das Flores, e com a realização de um itinerário pelo centro histórico do Porto, classificado como Património Mundial da UNESCO desde 1996. Esta atividade contou com a presença de vários associados, entre os quais Raul da Cunha e Silva, presidente da direção do Clube, Lourdes Graça da Cunha e Silva, vogal da direção, e José António Ferreira e Silva, que orientou o percurso.
Inaugurado em 15 de julho de 2015, o MMIPO é um espaço dedicado à memória da Santa Casa da Misericórdia do Porto, apresentando-se com o duplo objetivo de dar a conhecer a história da instituição e os seus propósitos, bem como de divulgar as suas coleções de arte, através da disponibilização de um conjunto de recursos que traduzem a memória e a identidade desta organização, projetando-a para o futuro.
Intitulado “Do Maneirismo à Arte Nova: percurso pelos marcos da arquitetura da Misericórdia do Porto”, este itinerário iniciou-se na Igreja da Misericórdia do Porto com uma abordagem que incidiu na relação do edifício com o território envolvente, nas diversas etapas da sua edificação e no seu património integrado. Duas épocas marcaram a construção desta Igreja: o século XVI, que correspondeu à sua construção sob a orientação e o projeto do mestre Manuel Luís; e o século XVIII, quando o edifício sofreu uma alteração profunda, protagonizada pelo pintor-arquiteto Nicolau Nasoni e pelo engenheiro Manuel Álvares Martins, cuja obra foi concretizada por mestres-pedreiros oriundos da Terra da Maia. A manifestação mais evidente desta intervenção setecentista é a cenográfica fachada da Igreja, que impressiona os turistas nacionais e internacionais que passam, diariamente, na Rua das Flores.
No MMIPO, além da Igreja, visitou-se também a Galeria dos Benfeitores, testemunho da Arquitetura do Ferro, que presentemente alberga a exposição “Júlio Resende – Genealogia e Processo”, e a Casa do Despacho, onde se encontra exposta a pintura “Fons Vitae”, obra maior da pintura flamenga e testemunho da pujança da cidade e das suas ligações ao Norte da Europa, no século XVI.
Após percorrer a formosa Rua das Flores, aberta em 1521 por iniciativa de D. Manuel I, onde ainda permanecem as ourivesarias e outros estabelecimentos de comércio tradicional que tanto a caracterizam, o grupo passou pela Rua dos Caldeireiros, pela Rua Nicolau Nasoni e pelos Clérigos. Antes da construção deste conjunto nasoniano, formado pela Igreja, pelo edifício intermédio e pela torre, aqui se situava o “Campo das Malvas”. Neste terreno, fora da muralha fernandina, eram enterrados pela Misericórdia aqueles que morriam na forca.
Depois de uma breve paragem nos Clérigos, o grupo rumou ao Hospital de Santo António. Exemplar da arquitetura neopalladiana, este edifício foi projetado pelo arquiteto inglês John Carr que, curiosamente, nunca esteve em Portugal, num tempo em que a colónia britânica exerceu um papel relevante na sociedade portuense. A época dos Almadas, a implantação deste hospital no local e outros aspetos e curiosidades relacionados com a sua construção foram alguns dos pontos considerados. Neste local, o grupo foi ainda brindado com a visita à antiga botica do Hospital.
O itinerário terminou na rua da Galeria de Paris, onde se discorreu sobre a fachada do edifício Arte Nova, actualmente pertencente à Misericórdia do Porto, projetado em 1906 pelos arquitetos José Estêvão, Eduardo Augusto e Parada Silva Leitão.
Esta visita-percurso iniciou um ciclo de visitas à Santa Casa da Misericórdia do Porto pela CUMA, que vão decorrer este ano, em torno de várias temáticas.
José António Ferreira e Silva