Síntese da conferência realizada em Aveiro por Lourdes Graça, a pedido do Museu santa Joana Princesa, no dia 24 de outubro de 2019.
Não há dogmas fechados em política, a livre crítica das ideias é, neste campo, um fundamental direito humano (Luís de Magalhães –
A crise monárquica, 1934).
Luís Cipriano Coelho de Magalhães nasceu em Lisboa a 13 de setembro de 1859. Filho de José Estêvão, grande tribuno do período liberal, e de
Rita Miranda de Magalhães; formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, onde conheceu muitos dos literatos que haviam de constituir a “Geração de 70”.
Exerceu o cargo de Governador Civil de Aveiro; foi eleito deputado por Vila do Conde e pela Póvoa de Varzim.
Em 1906,, foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros no governo de João Franco.
Em 1919 tomou parte no movimento conhecido por «Monarquia do Norte».
Monárquico convicto, pertenceu à direção da Causa Monárquica da Maia. Empenhou-se na constituição da “Liga Patriótica do Norte”. Não perdeu a
esperança de restaurar a Monarquia, como o próprio afirma:” A Monarquia não acabou em 1910, mas interrompeu-se apenas”.
Manteve os ideais monárquicos até ao fim da sua vida.
A 19 de fevereiro, Paiva Couceiro desfralda a bandeira azul e branca, no Monte Pedral, na cidade do Porto, em nome de D. Manuel; o Governo declara,
de imediato, o estado de sítio em todo o País. Luís de Magalhães era Ministro dos Estrangeiros. Foram 25 dias de uma verdadeira guerra civil com
vitórias e derrotas de um lado e do outro até à vitória final dos Republicanos.
O Ministério da Guerra, pelo decreto 5:262, reconhece os serviços prestados à República:
A Quinta de Moreira
Luís de Magalhães, em 1886, dois anos depois do seu casamento, fixou residência, na Quinta de Moreira, adquirida por sua mãe, à família Vieira de Castro,
e aí decorreu toda a sua vida.
A Quinta do Mosteiro de Moreira, foi local de encontros culturais de grandes vultos das nossas letras, dado a teia de amizades de Luiz de Magalhães
aos grandes vultos da cultura portuguesa: Guerra Junqueiro, Eça de Queirós, Basílio Teles, António Feijó, e muitos outros.
O Homem de Letras
• Poesia: Primeiros versos, poesias (1880); As navegações; Poemeto (1881); Odes e canções, poesias (1880 1883) D. Sebastião, poema (1898). Cantos
do Estio e do Outono, poesias (1908) Frota de sonhos, sonetos (1924).
• Prosa: O Brasileiro Soares, romance (1885), Notas e Impressões, crítica (1884-1889) Eduardo VII, elogio histórico (1910) Portugal e a guerra,
ensaios políticos (1916), Perante o Tribunal e a Nação, sobre o julgamento da Junta Governativa do Reino (1925), Tradicionalismo e Constitucionalismo,
estudo de história e política nacional (1927) A Crise Monárquica, documentos para a história (1934) Campo Santo, artigos necrológicos (1971) Anoitecer
(últimos sonetos) (1971).
Toda a vida do nosso ilustre está repleta de sinais que nos levam a reconhecer que Luís de Magalhães era um homem de afetos
que sublimam o valor da amizade.
Dentre os muitos amigos, destacamos: Guerra Junqueiro, Eça de Queirós e António Feijó.
Lourdes Graça